Naquela noite, particularmente fria e chuvosa, Joachim sentiu ainda mais medo do homem que gritava no rádio. Trovões e relâmpagos insistentes criavam sombras estranhas no apartamento e faziam aquela voz estridente ecoar pelas paredes e assoalhos como se ele estivesse ali, gigante, monstruoso, cheio de chifres, como Joachim assim o imaginava. O homem no rádio aterrorizava Joachim em seus sonhos e tudo o que ele mais desejava na vida era que ele desaparecesse.
Correu para abraçar a barra da saia de sua mãe, que repousava diante da janela. Joachim queria saber "quando o homem que gritava no rádio morreria".
"Ele morrerá num feriado, meu filho", disse, olhando-o nos olhos e acariciando o rosto do menino.
Ao que Joachim observou-a, sem entender.
"Porque o dia em que ele morrer será um feriado".
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