quarta-feira, 30 de abril de 2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

GIFS DA DEPRESSÃO

Toda a vez que alguém me pergunta algo do tipo "quais são os seus planos para o futuro?"

GIFS DA DEPRESSÃO

Um(a) amigo(a) encontra alguém que eu não conheço, começa a conversar, mas não me apresenta...

GIFS DA DEPRESSÃO

O feriado cai na quinta-feira (e não vai dar para enforcar)...

PARA VER E OUVIR: THE DECEMBERISTS ("THE CRANE WIFE 3")

segunda-feira, 21 de abril de 2014

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("GRAVITY")



Não dá para cansar dessa música, dessa linda, não tem jeito. 

GIRAFAS PARA ANGELO


Sentada, no assoalho do banheiro, ela respirava, quase ofegante; olhos fechados, cabelos amarrados num rabo de cavalo preguiçoso, as bochechas vermelhas, a testa pingando de suor. Após vomitar pela quarta vez, somente naquela manhã, ela se viu diante da constatação inegável.

"Meu Deus, estou grávida".

Com relutância, avisou que não iria trabalhar.

Não que ela não quisesse ter um filho. Não era isso. Era apenas que ela não achava que aquele era o momento certo. Sentia seu marido distante (ou seria loucura da sua cabeça?), havia decidido investir na sua carreira, e algo dentro dela dizia que aquela gravidez seria o fim do seu casamento.

Respirou fundo, tentando acalmar o seu peito. Molhou o rosto na pia, e ficou ali, por um tempo quase infinito, com a toalha úmida envolvendo o seu rosto. Sentia-se só, perdida, como se uma fenda tivesse sido aberta sob os seus pés. 

Caminhou pela casa, o robe desamarrado arrastando pelo chão como um manto régio, as mãos entrelaçadas atrás da sua cabeça, girando em círculos na sala como se aquilo pudesse ajudá-la a encontrar uma resposta; uma saída. Uma solução.

"Não. Isso não. Jamais".

Pegou o telefone e ligou para o seu marido no trabalho. Quando ouviu a sua voz sentiu medo e desconversou. Perguntou do seu dia, fez planos para o jantar, pediu que ele trouxesse flores. Jogou conversa fora até a hora em que ele precisou desligar para atender uma outra ligação.

"Está tudo bem com você, meu amor?".

Não estava nada bem. Ligou para a sua mãe, desligando antes mesmo que ela atendesse; então para um punhado de amigas mais próximas. Novamente sentiu medo, desconversou, fez planos para um almoço que jamais aconteceria. Foi à janela, respirou fundo, tentando absorver os sons, a luz, o vento que vinha dançar ao redor do seu corpo. 

Olhou crianças brincando num parque, não longe dali. Sorriu. Sentia medo, sua barriga era um turbilhão de borboletas enfurecidas, mas ainda assim; sorria. Os meninos e meninas faziam uma grande confusão na areia, subindo e descendo escorregadores, correndo umas atrás das outras. Ela se pegou rindo. E conseguiu se imaginar ali, como uma daquelas mães preocupadas.

Caminhou para o pequeno escritório, coberto de livros e discos e todo o tipo de quinquilharia inútil. E começou a imaginar cortinas de renda e girafas coloridas; Talvez fosse mesmo a hora. Mas ainda assim estava aterrorizada com medo da reação do seu marido; do que ele diria, de como ele reagiria. Na sua cabeça, as piores cenas possíveis rodavam em loop, todas elas encerradas sempre com notas de melancolia e abandono. 

"Ele vai me deixar, eu sei. Ele vai me deixar". 

Mas as horas daquele dia traziam consigo ensinamentos. E a cada minuto passado ela se sentia mais forte e decidida. E daí que ela ficasse sozinha? E daí que tudo aquilo, todo aquele conforto ruísse? E daí que ele fosse embora? Ela criaria o seu filho e seria feliz assim. Sentia-se corajosa, pronta para enfrentar o seu marido, assim que ele pusesse os pés em casa. 

Quando a noite começava a cair, ela se sentou no sofá, os olhos fixos na porta, como um felino. Esperando por ele. Pronta para tudo. Então a chave começou a girar na fechadura, e de repente ele estava ali, como fazia há anos, entrando em casa.

Sorria, de forma carinhosa, trazia flores nas mãos e se aproximou, para beijá-la. 

"Preciso te dizer algo", ele disse, os olhos fixos nela, sentado no chão entre as suas pernas. "Andei pensando muito sobre uma coisa hoje".

E ela ficou ali, sem reação. Fora pega de surpresa. Era ela quem tinha algo a dizer. Não ele.

Ele apoiou os braços em suas pernas, e beijou carinhosamente a palma das suas mãos. Ela engoliu em seco.

"Eu sinto que chegou a hora de nós termos a nossa família", ele disse, sorrindo; ao que ela desabou num pranto que parecia represado há centenas de anos. Soluçando, impossibilitada de construir qualquer frase simples. 

Ele correu para abraça-la, sem entender o que estava acontecendo. Segurou o seu rosto com duas mãos e percebeu que ela ria e chorava ao mesmo tempo. 

Ela fez carinhos em seu rosto, cabelo, olhando para o seu marido como se estivesse vendo-o pela primeira vez.

"Ah, meu bem, se você soubesse a surpresa que eu tenho para te contar...".

sexta-feira, 11 de abril de 2014

GIFS DA DEPRESSÃO

Atendo um número desconhecido e descubro que é tele-marketing...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

QUANDO UMA GIF DIZ TUDO

Minha vontade quando peço licença 1, 2, 3 vezes e a pessoa não sai da minha frente...

PARA VER E OUVIR: DIANA KRALL ("I'VE GOT YOU UNDER MY SKIN")

quarta-feira, 9 de abril de 2014

GIFS DA DEPRESSÃO

Após o último episódio de "How I Met Your Mother", depois de 9 ANOS de seriado... 

GIFS DA DEPRESSÃO

Chega a hora de pagar o IPTU e o IPVA...

segunda-feira, 7 de abril de 2014

GIFS DA DEPRESSÃO

O vendedor não tem a menor ideia do que eu estou procurando e me oferece algo nada a ver...

GIFS DA DEPRESSÃO

Mando beijo no final da ligação para o delivery de comida...

GIFS DA DEPRESSÃO

E então começou a quarta temporada de Game of Thrones...

A NOIVA


Por alguns instantes breves, fugazes, ela conseguia ignorar o caleidoscópio de sons e luzes ao seu redor. Aquela sinfonia caótica de talheres em duelo, conversas paralelas, gritos de felicidade, música alta, dança, brilho de velas decorativas espalhadas pelo grande jardim. O vento batia leve contra os seus cabelos, fazendo os pêlos nos seus braços se arrepiarem; a cauda do seu vestido flutuando, delicada, como as asas de um pássaro. Um pássaro de uma asa só.

Olhos fechados. Um suspiro. 

Era quando ela conseguia fugir dali. Brevemente.

Com a mão sob o queixo, contemplava o grande vale ao redor daquele que, segundo todos ali, era "o dia mais feliz e importante da sua vida". E sorria, agridoce, todas as vezes que alguém a abordava, taça em mãos, hálito ébrio de álcool e êxtase, para lhe dizer algo do tipo:

"Preparada para o começo do resto da sua vida?".

Não, eu não estou.

Ela acenava com a cabeça, respondia de forma educada aos abraços e beijos, desenhando um sorriso discreto, de felicidade inventada, enquanto sentia o seu coração pulsando dentro do seu peito. Como se ela não pertencesse naquele lugar; como se não conseguisse comunicar com nada ali. As flores, a riqueza dos detalhes, as mulheres dançando descalças, o homens abraçados, embriagados, aquele amontoado de pessoas felizes. Aquele entorpecimento que acomete as pessoas em casamentos.

Mas era como se ela simplesmente não estivesse ali. 

Subitamente, foi tomada por pensamentos de dúvida e medo, angustiada além do que o seu estômago era capaz de aguentar. Tirou os sapatos apertados, para sentir a grama molhada sob os seus pés, como se estivesse prestes a correr. Incerta sobre toda e qualquer coisa.

Talvez fosse tarde demais, pensava aflita; faltou-lhe coragem, foi vencida por aquele medo infantil de decepcionar os outros; de seguir um caminho que não é de ninguém, apenas seu. Apenas dela. Sentia como se tivesse sido levada pela força da maré, para um destino além da sua escolha. E chegava a hora de aceitar aquela praia na qual ela havia parado. 

Uma sina, um naufrágio.

"Prove o bolo".

As mãos da sua mãe tinham um toque delicado no seu rosto; carinhos sinceros tomados por orgulho e realização. Sua filha, aquela noiva linda, naquele dia inesquecível. Seu pai então sentou ao seu lado, as mãos entrelaçadas entre as pernas, ostentando um olhar de cumplicidade, como se ele fosse o único ali a suspeitar do turbilhão de pensamentos que envolvia a sua filha. Foi então que ela não conseguiu represar a tonelada de lágrimas escondidas por trás dos seus olhos. Abraçou o seu pai com força, soluçando um pranto profundo. E ele a abraçou de volta, fazendo carinhos em suas costas nuas, emolduradas pelo lindo vestido de pérola e marfim. 

Pelo menos alguém conseguia suspeitar da sua solidão.
Da solidão de uma mulher incerta sobre as suas escolhas. Era isso. Era essa a sua solidão.

Enxugou os olhos levemente borrados, tentando acalmar o seu peito galopante. Então sentiu o toque carinhoso do seu marido em seus ombros, seguido de um abraço apertado e um beijo apaixonado, completamente ignorante e inocentemente feliz. "Agora somos nós dois, até o fim", sussurrou.

Ela o abraçou e volta, depositando a sua cabeça em seu ombro, os olhos fixos no sol que se punha no vale, encharcando a paisagem de tons lilases. 

"Meu Deus, o que eu estou fazendo aqui?".

PARA VER E OUVIR: CHRISTINA PERRI ("A THOUSAND YEARS")

sexta-feira, 4 de abril de 2014