segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O QUARTO REINO


"Um dia, quando nós já não estivermos mais aqui, nestas montanhas o destino do mundo será regido. Eu sei, Excelência, nosso Führer não poderia ter escolhido lugar melhor para ressucitar".

*

Essa frase, proferida por um monge de Montserrat (Barcelona), ilustra um suposto encontro secreto com o reichführer-SS Heinrich Himmler em sua visita ao famoso mosteiro espanhol. A missão procurava esconder (?) o Santo Graal na região para o renascimento de Adolf Hitler e do seu império nazista no século XXI. Ao final da II Guerra Mundial, o III Reich começava a ruir, mas a semente do IV era plantada em solo espanhol. Essa é a premissa do livro "O Quarto Reino", de Francesc Miralles. A trama é protagonizada pelo jornalista Leo Vidal, que se vê preso até o pescoço numa guerra entre instituições poderosíssimas. De um lado, uma facção determinada a reerguer o Estado Nazista. Do outro, uma organização que não mede esforços para impedir isso de acontecer. O livro, apesar de previsível e até juvenil em alguns momentos, oferece uma leitura agradável e absolutamente aconselhável a todos que apreciam romances de forte poder cinematográfico e comercial como "O Código da Vinci". A história é dinâmica, com capítulos objetivos, e percorre cenários interessantes, como a Espanha, a Suíça e o Japão, enquanto vai descortinando os mistérios que cercam a ascensão (?) do Quarto Reino. No caminho, perseguições, assassinatos e enigmas a serem resolvidos. Ideal para um final de semana de chuva. Recomendo.

domingo, 30 de agosto de 2009

"TWO ENGLISH POEMS" - JORGE LUIS BORGES (1934)


I

The useless dawn finds me in a deserted street-
corner; I have outlived the night.
Nights are proud waves; darkblue topheavy waves
laden with all the hues of deep spoil, laden with
things unlikely and desirable.
Nights have a habit of mysterious gifts and refusals,
of things half given away, half withheld,
of joys with a dark hemisphere. Nights act
that way, I tell you.
The surge, that night, left me the customary shreds
and odd ends: some hated friends to chat
with, music for dreams, and the smoking of
bitter ashes. The things my hungry heart
has no use for.
The big wave brought you.
Words, any words, your laughter; and you so lazily
and incessantly beautiful. We talked and you
have forgotten the words.
The shattering dawn finds me in a deserted street
of my city.
Your profile turned away, the sounds that go to
make your name, the lilt of your laughter:
these are the illustrious toys you have left me.
I turn them over in the dawn, I lose them, I find
them; I tell them to the few stray dogs and
to the few stray stars of the dawn.
Your dark rich life ...
I must get at you, somehow; I put away those
illustrious toys you have left me, I want your
hidden look, your real smile -- that lonely,
mocking smile your cool mirror knows.

II

What can I hold you with?
I offer you lean streets, desperate sunsets, the
moon of the jagged suburbs.
I offer you the bitterness of a man who has looked
long and long at the lonely moon.
I offer you my ancestors, my dead men, the ghosts
that living men have honoured in bronze:
my father's father killed in the frontier of
Buenos Aires, two bullets through his lungs,
bearded and dead, wrapped by his soldiers in
the hide of a cow; my mother's grandfather
--just twentyfour-- heading a charge of
three hundred men in Peru, now ghosts on
vanished horses.
I offer you whatever insight my books may hold,
whatever manliness or humour my life.
I offer you the loyalty of a man who has never
been loyal.
I offer you that kernel of myself that I have saved,
somehow --the central heart that deals not
in words, traffics not with dreams, and is
untouched by time, by joy, by adversities.
I offer you the memory of a yellow rose seen at
sunset, years before you were born.
I offer you explanations of yourself, theories about
yourself, authentic and surprising news of
yourself.
I can give you my loneliness, my darkness, the
hunger of my heart; I am trying to bribe you
with uncertainty, with danger, with defeat.

Esses poemas fazem parte do "Selected Poems", que pode ser encontrado na Amazon.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ERA DE MUDANÇAS


Definitivamente, 2009 tem sido a minha "Era de Mudanças". Dourada, prateada ou incolor, essa era que tenho vivido a alguns meses tem me ensinado muita coisa. Hoje é mais uma data a ser acrescentada a essa caixa de lembranças, eventos e acontecimentos. Vida que não corre, voa. Tempo de (re)aprendizado e (r)evolução. Frio na barriga, medo da novidade. Mas faz parte da brincadeira difícil de existir; como tudo mais. Vento novo que leva o balão em outra direção, quando pensamos que o último (e seguro) caminho já começava a esgotar as suas possibilidades. É um mundo redondo e imenso, para ir, vir e explorar. É basicamente o que tenho feito na era de mudanças.

domingo, 23 de agosto de 2009

"CANJA DE GALINHA PARA A ALMA"


Não canso de me surpreender com o poder hipnótico - às vezes quase medicinal - que os filmes podem ter sobre nós. Que filme lindo, absurdamente lindo, é "Elsa & Fred". A história conta sobre dois velhinhos que se encontram por volta dos setenta e muitos, na Espanha. Fred é um viúvo recente, já se despedindo da vida, com poucas alegrias, poucos risos e sufocado por sua filha. Elsa é uma senhorinha completamente louca, que ainda corre a cidade num suzuki velho, vive ao celular cor de rosa e não perde a oportunidade de aprontar alguma coisa. Esses dos personagens tão diferentes vão se encontrar e se apaixonar num momento em que todos nós julgamos não poder haver mais amor e paixão. Elsa surge como um furacão na vida de Fred, que decide abraçar a vida novamente. E os dois seguem juntos, entre planos, brigas e aventuras. É um filme doce, delicadíssimo, repleto de humor nobre e agradável. Faz bem ao coração vê-los em cena e torcemos, a cada minuto, para que esse não seja mais um daqueles filmes com lágrimas ao final. O sonho de Elsa, de entrar na Fontana de Trevi como em La Doce Vitta rende uma cena inesquecível e comovente. Ao final do filme, senti-me mais leve e feliz. E me surpreendi - novamente - como esse poder mágico que os filmes podem exercer sobre mim. Eu havia me fartado de canja de galinha para a Alma e a vida era linda novamente.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MEDO NA DOSE CERTA


Eu definitivamente não sou fã de filmes de terror. Abro algumas (poucas e raras) exceções, porém, para alguns filmes de zumbi. Passo longe de filmes com imagens subconscientes, crianças japonesas ou mulheres de corpos retorcidos. Passo longe! Mas vez ou outra eu esbarro em um filme de horror com enorme potencial e sou fisgado. Um exemplo é o filme "Abismo do Medo" (The Descent). Na história, um grupo de amigas decide explorar uma caverna desconhecida nos Estados Unidos. O plano era para ser bem simples: diversão, adrenalina e um punhado de aventuras para criar um final de semana inesquecível. Mas o que era para ser diversão se transforma no pior pesadelo possível. O grupo acaba se aprisionando na caverna e sem a menor noção de como sair. E quando elas achavam que o pior já havia passado, descobrem que não estão sozinhas lá embaixo... Claustrofóbico, angustiante, bem escrito, bem dirigido e com sustos de fazer pular da cadeira. Para quem procura um filme de terror com conteúdo, sem medo gratuito, vai a dica. E o que há lá embaixo, de tão assustador? E as amigas, vão escapar? Só quem resolver se aventurar no abismo do medo vai descobrir e voltar vivo, ou não, para contar...

domingo, 9 de agosto de 2009

A DELICIOSA TERAPIA DE "BLACK BOOKS"


Black Books é uma pequenina livraria escondida em algum canto de Londres. Seu dono é um irlandês mal humorado e anti-social chamado Bernard. Com ele, trabalha o Manny, que é faxineira, amigo, contador, vendedor e bicho de estimação. Para completar o grupo, Fran, uma mulher com a cabeça no mundo da lua. Esses personagens protagonizam um seriado britânico muito pouco conhecido no Brasil, chamado "Black Books". As histórias são hilárias, os diálogos são inteligentes e tudo é regado a vinho, cigarro e o melhor humor britânico: ácido, sarcástico e sem nenhuma vontade de ser politicamente correto. Deliciosa terapia para um final de semana (com chuva!) e vinho. Depois de alguns episódios, dá até vontade de fumar. Imperdível.


sábado, 8 de agosto de 2009

A ALQUIMIA DO TALENTO

Talento é uma das coisas que mais me comovem, que mais mexem comigo. Talento puro, que emana da alma. Todo mundo já deve ter ouvido o hit "The Climb", popularizado pela voz da menina prodígio Miley Cyrus (ou é Hanna Montana? Não sei desvendar esse mistério). Pois é, linda música de origem duvidosa. Enfim. Uns caras resolveram sentar para dar uma "repaginada" na música. Abaixo o vídeo e a prova de que o talento é alquimia pura. Tudo vira ouro...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

PARA VER E OUVIR: TEARS FOR FEARS ("FAMOUS LAST WORDS")

NECESSÁRIA LICENÇA POÉTICA 3


Marília Gabriherpes recebe Marília Gabriela. Imperdível. Impossível não postar.

sábado, 1 de agosto de 2009

UM FILME SOBRE DIGNIDADE

A beleza por trás da guerra está na dignidade das pessoas, que se unem, no espírito coletivo de pesar, dor e simpatia. "O retorno de um herói" é uma jóia silenciosa, que demonstra esse sentimento de forma tocante. É um filme sobre dignidade. Um filme sobre um homem bom. Um filme sobre uma nação em prantos, ferida, com cada novo soldado morto em combate. Estrela Kevin Bacon que, na minha opinião, apresenta um dos melhores papéis da sua carreira como o tenente coronel Mike Strobl. O filme conta a história de um alto oficial do exército americano que se oferece para escoltar o corpo de um soldado morto no Iraque até sua cidade natal. No caminho, acompanhamos o cuidado, o respeito e a humanidade que são oferecidos ao corpo do soldado, até ser entregue à família. E, no trajeto solitário do coronel Strobl, observamos cidadãos comuns absolutamente comovidos pelo estado em que seu país se encontra. Jardineiros, empregados de aeroportos e companhias aéreas, motoristas, todos se compadecem e se comovem com o caixão envolto na bandeira norte americana, conduzido de forma honrada pelo oficial Strobl. É possível criticar, odiar até, os americanos pela postura que assumem em relação ao mundo. Mas algo não se pode dizer contra eles quando se trata do espírito de nação que eles partilham, patriotas como nenhuma outra civilização. E é justamente isso que comove nesse filme. O espírito de uma nação de luto, mas unida e orgulhosa daqueles que se oferecem para defendê-la. Um lindo, discreto e silencioso filme que merece ser visto.