quinta-feira, 4 de novembro de 2010

MEU QUERIDO PRESIDENTE

Não tenho a menor dúvida em dizer que Jânio Quadros é uma das melhores coisas que o Brasil já inventou. E não falo aqui de política, economia, história ou mandato presidencial. Porque o presidente não me desperta tanto interesse quanto a figura de Jânio. Ele era um personagem de livro. Um personagem vivo, detentor de diálogos impensáveis, improváveis e absolutamente geniais. Ele não queria agradar ninguém - longe disso - possuia opiniões polêmicas e um domínio monástico da última flor do Láscio. Falava tão bem o português que nós, terráqueos ignorantes, achávamos que ele falava errado. Jânio nunca pertenceu a essa dimensão, acho. A esse planeta. Era um extraterrestre, um adorável extraterrestre, como tantos que já passaram pela Terra. Para enriquecer essa minha reflexão, faço referência a um post maravilhoso do blog do Augusto Nunes. Nunes, que teve o privilégio de conviver com Jânio, narra em seu blog diversas passagens impagáveis. A minha preferida é a que ele narra um encontro com o neto de Jânio, o economista Jânio John Quadros, americano, nascido em Houston. Falando português, com forte sotaque texano, o neto de Jânio se recorda de alguns momentos em companhia do avô, como na vez em que quis saber por que Jânio se dirigia a ele por "senhor". Ele tinha 8 anos quando interrompeu o avô com esta indagação. Ora, se ele podia chamar o avô por "você", por que diabos o avô chamava seu neto, um garoto de 8 anos, por "senhor"? Ao que Jânio respondeu, sem cerimônia, que "o protocolo proíbe intimidades entre um ex-presidente e meninos imbecis. Imbecis e insolentes como o SENHOR". Com uma mistura de carinho e devoção o neto define em poucas palavras o avô: "ele era maluco".

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