sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

BACK TO BASICS

Agora é só aguardar 2008, matando saudade, revendo mar, mãe, memória. Salvador é hoje uma foto, uma idéia, um pensamento. O verdadeiro lar fica longe, a raiz replantada. A árvore mais forte, mais viva, mais frutífera. Realização encontrada há 1500km de distância. Mas Salvador fica, como uma idéia de amor e de ódio, de origem e começo, de meio para um fim. Retorno temporário e ideal. Como deve ser. O resto é caminhada. 2007 foi, em resumo, um ano de reinvenção e (r)evolução. Por isso, ele passa. Mas fica. Feliz ano novo.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

UM POUCO MAIS DE WOODY ALLEN

"Desde pequeno eu já gostava das mulheres erradas; quando fomos ver a ´Branca de Neve´, todos se apaixonaram pela Branca de Neve, eu imediatmente pela bruxa malvada."
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"Minha vida amorosa é péssima. A última vez que estive dentro de uma mulher foi quando visitei a Estátua da Liberdade."
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"Eu não quero alcançar a imortalidade através do meu trabalho. Quero alcançá-la não morrendo."
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"Eu tomei um destes cursos de leitura dinâmica e li ´Guerra e Paz´ em 20 minutos. É sobre a Rússia."
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"E se tudo for uma ilusão e nada existe? Neste caso, definitivamente, eu paguei muito caro pelo meu carpete."
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"DORIS: Você não tem nenhum valor. Sua vida inteira resume-se em niilismo, cinismo, sarcasmo e orgasmo.
HARRY: Sabe, na França eu poderia concorrer uma campanha com esse slogan e vencer."
(Desconstruindo Harry)

"AND I MEAN TONIGHT, MOTHERFUCKER!"


Grita a Kirstie Alley, para expulsar de casa a sua porcaria de "projeto de marido", adúltero, insensível, cínico e egoísta (vivido por Woody Allen), quando descobre que ele estava tendo um caso com sua paciente, ao final de uma das cenas mais absurdas, surreais e engraçadas do cinema na minha opinião. O filme em questão é "Desconstruindo Harry" (Deconstructing Harry/1997), a mais auto-biográfica, auto-analítica, reflexiva e "boca-suja", das histórias de Woody Allen. Trata-se de um confuso emaranhado de personagens, histórias loucas e inimagináveis, no qual vida e ficção se misturam, onde o autor/ator/diretor não faz nenhuma cerimônia em desfilar as suas neuroses, patologias e fobias ao expor um personagem que é o seu reflexo no espelho. Infiel, neurótico, deprimido, cínico, sarcástico, ateu, Harry Block é um escritor com bloqueio criativo. Após sofrer uma tentativa de homicídio por parte da sua ex-amante (irmã da sua ex-mulher), a quem ele largou (ambas) para ficar com uma terceira, Harry entra em colapso existencial (sua ex-namorada o havia largado para ficar com seu melhor amigo). Sem ninguém no mundo e aparentemente odiado por todas as mulheres de Manhattan, ele encontra em Cookie Williams, uma prostituta negra em micro-roupas rosa shocking, a sua pedra de salvação, com quem vai a uma homenagem na sua antiga universidade (para receber uma honra ao mérito). No caminho, encontra um amigo a beira de um infarte (que acaba morrendo no trajeto) e o seu filho, por ele seqüestrado na porta da escola (já que sua outra ex-mulher - a psicanalista vivida por Kirstie Alley - não o deixa vê-lo). Durante a jornada, sua mente é povoada por personagens, idéias e fantasmas que, numa espécie de visita ao Ebenezer Scrooge, conduzem Harry à constatação de seu papel como o "pior homem do mundo". Ou pelo menos o "quarto pior", já que "Hitler, Göring e Goebbels" vêm antes dele. Na descontrução do filme, há uma construção surreal de idéias que contam histórias sobre a morte, uma prostituta tailandesa, um homem literalmente fora de foco, o diabo no inferno, uma mulher tão "profissionalmente judia" que chega a agradecer em preces antes de fazer sexo oral e uma velhinha judia que descobre que o seu marido de 30 anos de casamento havia matado a ex-mulher, amantes e filhos com um machado... e os comido. Eis a louca e genial construção desconstruída de Woody Allen: a mais inspirada de suas comédias. O resumo desta ópera é que sua vida está uma bagunça e ele não tem idéia como reverter esse quadro a não ser com uma epifania para uma "história": um homem que não sabe funcionar na vida, apenas na arte. E, neste aspecto, "Desconstruindo Harry" é um primor: arte tragicômica na sua essência mais inquestionável. Ou simplesmente "hilário", nas suscintas palavras da Rolling Stone.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

COLESONHAR


Sonho, mente, alma, espírito. Um emaranhado de pensamentos e idéias, conexões desconexas de reflexões com e sem fundamento; com e sem propósito. O princípio da angústia, como eu a entendo, é a incapacidade de dialogar com a nossa própria cama-de-gato psiquica, que elaboramos meio intencionalmente, meio espontaneamente e da qual não conseguimos escapar com muita facilidade. Quando menos percebemos, um pensamento conduz a outro, que conduz a outro, que conduz a outro. E, afinal, erguemos um muro em volta de nós mesmos. Fechado, sem porta nem janelas. Sufocante claustrofobia na prisão que montamos ao redor de nós mesmos. E ficamos sem saber como nos libertar. Escalar, pular, arrebentar os tijolos, nunca é um processo fácil. Há sempre alguma dor, alguma marca, alguma perda decorrente do esclarecimento. Compreender a origem da angústia é constatar uma realidade - boa ou ruim - que nos permite fugir de dentro do muro, do aprisionamento. Nessa luta contra o inimigo invisível, perde-se a fome, o sono, o humor. Mas é tudo perdoável. Vale tudo na guerra. Mas e o ônus deste exercício tão árduo? Podemos emular a felicidade, como se fosse um narcótico, ao ponto de a sentirmos plenamente. Mas é como se, passada a euforia, ficássemos sem um alento imediato, no abrupto retorno à realidade. Voar e cair. Não sei. Idéias desconexas, anotações mentais, reflexões, auto-análise. A pele deve ficar mais fina nesta época do ano, com as festas e todos os ritos de passagem que elaboramos. E, como num sonho, viajamos por algumas horas à inocência infantil, à Terra do Nunca, de simplicidade pura e alegrias palpáveis, despida de preocupações, mas quando menos percebemos, estamos de volta. O encontro com a realidade, o dia que amanhece sem uma festa à tarde. Encarar os fatos, sermos adultos, pagarmos contas, irmos ao trabalho, seguirmos em frente. Flertamos perigosamente com o sonho e talvez esteja aí o nosso entendimento sobre a felicidade. Não que ela seja falsa ou irreal. Pelo contrário. Ela é bem real, genuína, confortante. É o trânsito, entre as realidades, que confunde e angustia. Por isso colecionamos tanto. Aglomeramos tanto, juntamos tanta coisa, tanta "tralha", em nossos armários mentais, reais e virtuais. São nossas cápsulas constantes, ao alcance da mão e dos olhos, a pílula vermelha para o maravilhoso mundo de Alice, o passaporte para um mundo onde as alegrias superam os medos. Colecionamos para mantermos o sonho "ON". Colesonhamos.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A EXPEDIÇÃO


23 de Dezembro de 2007. Domingo. O dia havia amanhecido como outro qualquer. Mas, de algum modo, pressentíamos que não seria um dia como outro. Desejávamos alguma coisa. Nossos corpos, ainda dormentes, desejavam caminhar. Do conforto nos nossos lençóis, observamos a janela ensolarada que nos convidava a buscarmos alguma coisa. Saimos em expedição, com poucos preparativos e objetivos não muito definidos. Procurávamos algo, sem saber o quê exatamente. Algo. Algo nos havia tirado de casa para que nos lançássemos na aventura do dia. Sabíamos que havia alguns pontos a serem seguidos no percurso que desenhávamos juntos, ainda que aleatoriamente, lugares a serem visitados, uma vastidão a ser explorada a pé. Sem querer planejar, deixamos que o trajeto nos guiasse, como se vivo. E seguimos em frente, rumos ainda pouco definidos: um lugar a ser atingido, artefatos a serem encontrados. Era o que sabíamos sobre "A Expedição". No caminho, após observações mentais e comentários sobre o percurso, compramos água e comida. Seguimos em frente. Longo trajeto. Mas ainda não entendíamos exatamente o motivo concreto da expedição. Sabíamos que deveríamos seguir, sem voltar. Sempre em frente. Então fomos entendendo mais claramente o que deveríamos fazer. Enfrentamos uma turba convulsiva, procuramos espadas, mantivemos a calma. Havíamos chegado ao destino e recuperado os artefatos. Após horas em caminhada indefinida, tudo havia ficado claro. Então, com a simplicidade que nos pôs em marcha, caminhamos de volta. Estávamos felizes. A Expedição fora um sucesso.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

DITADURA QUESTIONADA


Como muita gente, aí fora, eu estou exausto da ditadura da beleza imposta pelo cinema, os novos valores culturais, a idéia de que todos precisam ter corpos perfeitos e cabelos de propaganda de shampoo. O que fugir a regra é um crime sem perdão. Li esse texto, abaixo, recentemente. Não sei de quem é, mas achei imensamente libertador. Uma maioria massiva está sendo oprimida dia após dia pelos valores razos de uma minoria de pessoas de plástico, com mentalidade de plástico, para a qual só a estética vale. Pessoas que vivem vidas de plástico estão no comando. E ninguém vai fazer nada?! Uma ditadura patética que todos nós, por alguma razão, achamos que devemos nos submeter. Quem disse? Se "a beleza está nos olhos de quem vê", é uma burrice sem tamanho nos permitirmos sucumbir à tristeza de "não pertencer". Essas "regras" me tiram do sério. O culto ao corpo, à saúde, é válido, grego, essencial. Mas transformar isso numa sesseção é outra história. Vivemos numa sociedade segregada pelas idéias estabelecidas, e inquestionáveis, de "beleza" e "feiura". A humanidade enlouqueceu. E, enquanto esses valores permanecerem rígidos, mantenho o meu pensamento igualmente engessado: F....-SE.
* * *
"Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração? Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu. Hoje, Deus é a auto imagem. Religião, é dieta. Fé, só na estética. Ritual é malhação. Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem. Gordura é pecado mortal. Ruga é contravenção. Roubar pode, envelhecer, não. Estria é caso de polícia. Celulite é falta de educação. Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso. A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem? A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não. Pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem. Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa. Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa. Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política. Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada. Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas... Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser. Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude. Que eu me acalme. Que o amor sobreviva."

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

DARK KNIGHT


Eu também não vejo a hora de estreiar "Batman: The Dark Knight"...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

ZUMBIS: POR QUE NÓS AMAMOS ODIÁ-LOS?


Eles são trash, nojentos, mestres em sustos, feios, fedorentos, decrépitos, com roupas rasgadas e com manchas suspeitíssimas de sangue, sujeira e... bom, fluidos. Eles se arrastam de forma esquisita enquanto soltam grunhidos assustadores. E quando aparecem é melhor correr. No fim das contas, eles são CULT. MUITO cult. Por que diabos nós os amamos? Bem, não os amamos, propriamente. Amamos odiá-los. Os zumbis, sei lá de que forma, conseguiram se desprender da categoria terror simples e banal para um patamar meio "pop" que faz com exista hoje em dia uma baita indústria sobre eles. São diversos filmes - MUITO LEGAIS, por sinal - como "Madrugada dos Mortos" e games como a milionária franquia "Resident Evil", que nos oferecem horas e horas de puro (e brutal) entretenimento com centenas de zumbis se arrastando em cidades pós-apocalípticas, enquanto meia dúzia de heróis ensangüentados estouram suas cabeças com armas, bombas e facões e o que mais encontram pela frente. E achamos o máximo isso. Talvez seja uma descarga da nossa raiva animal, sei lá, a vontade de descer o pau nas pessoas que nos tiram do sério (mas não podemos). É crime. É pecado. É errado. Mas os zumbis deixaram de ser "gente" então, what the hell, bala neles! É meio que uma libertação da nossa primitividade, penso. Encher zumbis de bala sem piedade nem misericórdia, quem se importa? Ainda por cima eles sequer sentem dor! É uma combinação perfeita entre a vontade ocidental de matar e alvos móveis que não dão culpa de serem abatidos. Não queremos ver violência contra animais (a não ser aqueles bem assustadores, que matam e comem todo mundo desenfreadamente), nem mesmo contra outros seres-humanos (salvo em filmes de guerra por que, afinal, é a temática). Então os pobre coitados dos zumbis descobriram um rico nicho em nossos cérebros onde podem reinar sozinhos, ou melhor, em centenas (nunca há um zumbi, apenas; eles sempre vem aos milhares). E continuam sua marcha incansável, enquanto nós, os sobreviventes, vamos os explodindo em pedaços. Felizes para sempre.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

WHITE CHRISTMAS


Chamem-me de bobo. Eu não me importo. Estou como esse beagle natalino, esperando sentado, a chegada do Natal. Ainda que não seja um Natal com neve, fica a contagem regressiva para carinhos, beijinhos, presentes e muitas comidinhas. Voltar a ser criança por alguns breves instantes. Algo que não tem preço e que vale à pena esperar, todos os anos.

O CASTELO NA FLORESTA


Na interminável lista de filmes e livros que ando acumulando com este final de ano (e a chegada das "festas" - e dos presentes - afinal, somos uma sociedade de consumo), um romance em especial atraiu a minha atenção: "O castelo na floresta" (The Castle in the Forest), do polêmico Norman Mailer. Pelo pouco que sei de sinopses espalhadas pela internet, a história conta a infância/adolescência de Adolf Hitler, narrada por um oficial da S.S. chamado "Dieter", que mais adiante descobrimos ser um demônio de segundo escalão a serviço do próprio Lucifer. Ao descrever uma família corrompida por relações incestuosas, o narrador conduz a sombria trama ao enquadrar o jovem "Adi", concebido pelo próprio diabo, como a semente do mal na terra, um "anti-cristo" por assim dizer. Sounds tough. Para o controverso Mailer, se Deus enviou Jesus aos homens para semear o bem e a luz, então o seu maior antagonista, o diabo, no texto chamado como "O Maestro", poderia também ter plantado o seu próprio emissário do mal e das trevas, num projeto de condução da humanidade ao caos. E Hitler chegou muito perto disso, na sua marcha pela conquista do mundo. Ele foi um personagem indiscutivelmente nefasto para sustentar a premissa, nesta ficção, de ser o filho legítimo da escuridão. Talvez não haja, na história, outro homem que tenha construído sobre si tamanha carga de destruição e perversidade como Adolf Hitler. É aguardar para ver. Das duas uma: uma pirâmide de clichês esotéricos sem fim ou um soco na barriga de fazer cair o queixo. Categorias em que Norman Mailer é um mestre.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

IN THE ARMS OF THE ANGEL


ANGEL

(Sarah Mclachlan)


Spend all your time waiting
For that second chance
For a break that would make it okay
There’s always some reason
To feel not good enough
And it’s hard at the end of the day
I need some distraction
Oh beautiful release
Memories seep from my veins
Let me be empty
Oh weightless and maybe
I’ll find some peace tonight
In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort here
So tired of the straight line
And everywhere you turn
There’s vultures and thieves at your back
The storm keeps on twisting
You keep on building the lies
That you make up for all that you lack
It don’t make no difference
Escaping one last time
It’s easier to believe in this sweet madness
Oh this glorious sadness that brings me to my knees
In the arms of an angel
Fly away from here
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear
You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort there
You’re in the arms of the angel
May you find some comfort here

IONE, DEAD THE LONG YEARS


IONE, DEAD THE LONG YEARS
(Ezra Pound)

"Empty are the ways,
Empty are the ways of this land
And the flowers
Bend over with heavy heads.
They bend in vain.
Empty are the ways of this land
Where Ione
Walked once, and now does not walk
But seems like a person just gone."

LAMENT OF THE FRONTIER GUARD


LAMENT OF THE FRONTIER GUARD
(Ezra Pound)

"By the North Gate, the wind blows full of sand,
Lonely from the beginning of time until now!
Trees fall, the grass goes yellow with autumn.
I climb the towers and towers
to watch out the barbarous land:
Desolate castle, the sky, the wide desert.
There is no wall left to this village.
Bones white with a thousand frosts,
High heaps, covered with trees and grass;
Who brought this to pass?
Who has brought the flaming imperial anger?
Who has brought the army with drums and with kettle-drums?
Barbarous kings.
A gracious spring, turned to blood-ravenous autumn,
A turmoil of wars - men, spread over the middle kingdom,
Three hundred and sixty thousand,
And sorrow, sorrow like rain.
Sorrow to go, and sorrow, sorrow returning,
Desolate, desolate fields,
And no children of warfare upon them,
No longer the men for offence and defence.
Ah, how shall you know the dreary sorrow at the North Gate,
With Rihaku's name forgotten,
And we guardsmen fed to the tigers."

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

THE ROYAL COURT OF SOUND

THE KING - Frank Sinatra

THE QUEEN - Ella Fitzgerald
THE GHOST - Wolfgang Amadeus Mozart

THE PRINCE - John Mayer

THE PRINCESS - Norah Jones

THE KNIGHTS - Os Beatles

THE FOOL - David Bowie

THE PRIESTESS - Sarah Mclachlan

THE WIZARD - Nat King Cole

O QUE DIRIA NIETZSCHE?


"Quando Nietzsche chorou" é um comovente romance sobre o encontro (fictício) entre o dr. Breuer (mentor de Sigmund Freud, pai da psicanálise) e o filósofo Friedrich Nietzsche. Em função de enxaquecas terríveis e a súplica sedutora de Lou Salomé, o encontro é viabilizado (com resistência de ambas as partes). Mas, com o tempo, ambos se descobrem (e a si mesmos) numa série de diálogos filosóficos que parecem brindar, antecipadamente, o nascimento da Psicanálise. Ao final, diante da constatação do medo da sua solidão, o filósofo alemão irrompe em lágrimas sinceras e aliviadas. Nietzsche chora em um comovente momento de percepção da sua fragilidade. Não queria morrer sozinho.

Uma história bela e tocante, com apaixonante mistura de assuntos tão ricos. O filme, que teria tudo para se tornar perfeito, desmorona numa série - incessante - de equívocos. A produção é pobre (cenários, objetos e figurinos dão a impressão de um filme feito "com o que se tinha em casa"), a imagem é muito iluminada, limpa, "digital demais" (como um filme feito para TV), a direção é criminosamente medíocre (planos banais, cenas sem planejamento, com ar de amadorismo constante), parece não haver direção de fotografia (salvo em raros momentos), efeitos especiais toscos, pouca técnica, pouca arte, pouco lirismo, os diálogos se perdem e se fragmentam em atuações banais, a trilha sonora é negligenciada e nem o elenco se salva. O ator que faz Breuer (Ben Cross) é competente, mas não mais. Katheryn Winnick traz à tela uma Lou Salomé vulgar e sensual (não é assim no livro) e Jamie Elman, como o Dr. Freud, é apagado (uma pena). A única coisa iluminada e em ordem do filme é o maravilhoso Armand Assante, como o próprio Nietzsche. Ele personifica o filósofo alemão magistralmente. Suas palavras têm peso, sua loucura convence, suas lágrimas comovem. ELE, sem dúvidas, é o Nietzsche que queríamos ver na tela: uma muralha intransponível que desmorona em lágrimas verdadeiras. Mas apenas ele se salva. O que, infelizmente, não é suficiente. Lamentável, lamentável. Gostei do filme, parece contraditório dizer. E é. Por que amo Nietzsche e queria, como um capricho pessoal, vê-lo chorar na tela. Então gosto do filme. Mas queria ver outro (o que vi em minha mente, enquanto li o livro). Um filme lento, melancólico, frio, comovente, em torpor, em câmera lenta, como deveria ser esse encontro perfeito de tão belas mentes. Um quadro, uma obra de arte, em movimento vagaroso e elegante, em preto, cinza e cáqui. Assim deveria ter sido o filme "Quando Nietzsche chorou". Um dia, quem sabe.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

"À LA RECHERCHE DU TEMPS PERDU"

"Mantenha-se simples, bom, puro, sério, livre de afetação, amigo da justiça, temente aos deuses, gentil, apaixonado, vigoroso em todas as suas atitudes. Lute para viver como a filosofia gostaria que vivesse. Reverencie os deuses e ajude os homens. A vida é curta". (Marco Aurélio)
* * *
Minha mãe define o 5 de dezembro, como "o dia que mudou tudo". E imagino que seja assim mesmo. Ela recorda, com carinho "o céu azulíssimo, o mar verde de uma transparência e beleza quase insuportável; o dia mais perfeito de sol, sem nuvens, um quarto de hospital abarrotado de flores e champagne e eu, a criança mais desejada de todas". Ela gosta de lembrar a carta que recebeu um dia, de minha mulher no dia do meu aniversário, e como isso a comoveu. Viver é lembrar.
* * *
Planejar para os próximos quase-trinta-anos. Sem medo, sem crise. Sem deixar de continuar "em busca do tempo perdido" que, no fim das contas, nunca é perdido, é sempre ganho. Seguir em frente, chaising rainbows. No exato dia em que nasceram Walt Disney e o Ursinho Knut, há que se olhar pela janela - mesmo chuvosa - um dia de alegrias múltiplas e esperanças renovadas. Sonhar acordado e rir do que ninguém ri (mais). Esse é o plano. Esquecer das calorias, abraçar quem se ama, sorrir e chorar se der vontade. Celebrar a vida pelo que ela é, uma explosão de cores e sensações. Por que esse é o plano. Continuar a busca pela música, o cinema e a literatura. Os jogos, a sós ou em companhia. O amor romântico, carnal, passional, de qualquer hora, de todas as horas. Será sempre esse o plano. Não temer tanto a doença ou o calor ou o azar. Atravessar o dia, a semana, o mês, o ano como quem escreve uma história, anotando os detalhes que passam pelo caminho. Continuar a apreciar o cheiro das flores. Enxergar a beleza dos detalhes. E para o topo dos bolos, de todos os anos, uma vela em formato de interrogação. O resto será sempre mera tecnicalidade. Por que está tudo bem. Estará tudo bem. Hoje, amanhã, sempre.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

"ENTÃO É NATAL..."


Está chegando o Natal. Não importa se o ano foi o melhor ou pior das nossas vidas. Natal é Natal. E não dá para negar o efeito que a data produz. Uma explosão gratuita de felicidade, que nos faz querer estar perto de quem amamos, comer tudo o que mais gostamos de comer e nos permitir os pequenos sonhos possíveis na forma de presentes que desejamos. É uma época doce, de pequenas extravagâncias, de celebrar o amor, de ficar grato e feliz por estar vivo. É preciso abrir o coração e se deixar contaminar, abraçar esse momento de oração, de reflexão sobre a capacidade de renovação e começarmos a nos preparar para um novo ano que em breve começará. Ah, não tem graça teorizar sobre algo tão genuinamente bom. Não importa se é mais uma convencionalidade da sociedade consumista (who cares?!). No Natal temos que ser como crianças: sorrir o tempo todo, ficarmos felizes com qualquer besteira, dar risada sem motivo, gastar dinheiro com quem amamos (e nós mesmos, claro!) e comer sem culpa nem contagem de calorias. É Natal. E só isso é que vale. É Natal.