terça-feira, 8 de janeiro de 2008

INSUSTENTÁVEL SAUDADE


O filme "P.S. Eu te amo" (P.S. I love you) merece ser visto: renova, acalma, inspira, faz sorrir e chorar sem pudor, sem medo. Não é o filme mais original do mundo, não deve ser indicado à nenhum OSCAR e, provavelmente, passará batido por muitas pessoas com pouco tempo de sobra (como tantos grandes filmes negligenciados injustamente, como "Elizabethtown" e "Lost in Translation"). É apenas um filme para "lavar a alma". Definitivamente, não é o melhor filme já feito, mas quem se importa?! É uma história comovente, sensível, encantadora e conta com atuações muito sinceras dos seus personagens principais, Hillary Swank e Gerard Butler (Cathy Bates está maravilhosa, como sempre, também). Uma história de amor, um encontro de almas gêmeas, que é subtamente interrompido por uma doença terminal, que leva Gerry (Butler) embora, deixando Holly (Swank) uma jovem e perdida viúva tentando aprender a redescobrir a vida sem seu marido tão essencial, que funcionava em sua vida como um louco farol irlandês, ajudando-a incansavelmente em sua desorientação e falta de planos. Gerry a fazia rir. Eles se amam e se odeiam como todo jovem casal no começo de uma vida juntos e se separam por uma triste fatalidade. A mágica do filme começa quando Holly passa a receber cartas que seu marido Gerry escreveu antes de morrer: orientações, conselhos, instruções sobre o que fazer, onde ir. Ele deixa para Holly um mapa de como viver sem ele, o que fazer da sua vida mas, principalmente, vivê-la verdadeiramente, sem culpas, sem medos, sem dor, abraçando sua nova existência até para se apaixonar novamente, quem sabe. "Não tema", pode-se resumir. Sua jornada solitária é acompanhada por engraçadas amigas, possíveis flertes, uma viagem de sonhos pela Irlanda e as inusitadas "visitas metafísicas" do seu marido que a fazem compreender que ela possui uma história pela frente para viver. Ele havia sido apenas um capítulo. Mais um capítulo, mas um capítulo do qual Holly não quer se desfazer. Uma página que ela se recusa a fechar. A delicada história (baseada no livro homônimo de Cecelia Ahern) fala da impossibilidade da despedida, da insustentável saudade de quem nunca mais vai voltar, de como é difícil abrir mão, deixar para trás, um pedaço de nós, alguém que amamos e que para sempre terá modificado a nossa vida. Um doce, simples e inesquecível filme. "P.S. Eu te amo" é uma história sobre saudade, o adeus necessário, a lembrança de quem para sempre iremos amar e a importância de vivermos cada momento como se fosse o último. Por que a verdade é que pode, mesmo, ser.

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