quarta-feira, 17 de outubro de 2007

UM PEQUENO PLANETA PARA CADA UM


Acho que qualquer pessoa deste mundo, por mais pacata que seja, um dia pensou em sumir, partir, fugir, ir embora para algum lugar. Aquela (deliciosa) fantasia de sentar num trem, pegar um avião, subir num barco e desaparecer. Renascimento. Reinventar-se num espaço de anonimatos, onde ninguém te conhece (talvez nem você mesmo). Descobrir a vida em outro lugar. Para o ser humano, entendo eu, a mudança e a estagnação são igualmente importantes. Viajar é essencial. Ficar também é. Horizontes novos são necessários para se ampliar os conhecimentos e a cultura, evoluir. Criar raízes é escrever uma história, deixar algo em algum lugar. A busca ideal seria correr o mundo em 80 dias - ou 80 anos - e escolher um destes milhões de pontos coloridos para edificar uma casa. Cuidar e ser cuidado. Cães e filhos. Flores e compras de supermercado. Contas de cartão de crédito e filmes de madrugada. Despertador e café-da-manhã na cama. Café e pão de queijo. Correr e almoçar. Trânsito e feriados. Por que a rotina é boa, é a noção mais real de que estamos nos transformando em alguém que um dia imaginamos "se seríamos". A vida surge diante dos nossos olhos, a cada novo dia, e vamos aprendendo pouco a pouco que definitivamente estamos chegando em algum lugar. Por que, de fato, podemos tomar carona nas asas de pássaros imigrantes e voar para bem longe; mas como o Pequeno Príncipe, queremos mesmo é o nosso pequeno planeta de volta, eternamente, com baobás a serem combatidos e as nossas Rosas para protegermos do frio que faz no espaço. Sentar numa cadeira para ver o pôr-do-sol inúmeras vezes. Sonhar acordado, sob estrelas cintilantes, pensando em todos os lugares distantes além da linha que se estende dos olhos e a imaginação. Queremos voar. Para voltar. Sempre.

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