terça-feira, 24 de setembro de 2013

PARA VER E OUVIR: NANA CAYMMI ("NÃO SE ESQUEÇA DE MIM")


Essa poesia  carregada no sangue, no DNA, só pode ser. O que é a voz desta mulher?

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

sábado, 21 de setembro de 2013

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

PARA VER E OUVIR: AZEALIA BANKS ("212 FT LAZY JAY")

OS REIS DO VERÃO

Cansado de um pai opressor e autoritário, Joe decide ir embora de casa. Não é apenas que ele decide "fugir" pura e simplesmente; ele vai para o mato, onde tem uma epifania: construir uma casa e lá, como um selvagem, reinar. 

Essa é a história do surpreendente "The Kings of Summer", filme de Jordan Vogt-Roberts e estrelado por Nick Offerman (o eterno Ron Swanson de "Parks & Recreation") e pelo talentoso Nick Robinson, no papel principal, o profundo menino Joe que, com apenas 15 anos, decide questionar todas as certezas da vida num plano determinado em inventar a sua própria (vale ficar de olho neste menino, que lembra um jovem Ryan Gosling).

Joe reúne dois amigos em sua empreitada. Patrick, seu melhor amigo - e responsável pelo ponto de crise na trama - e Biaggio, a fuga cômica da história. Juntos, os três desbravam a vida no mato onde, pouco a pouco (e ocasionalmente de forma artificial) se desprendem dos confortos da vida moderna até o momento em que é preciso separar quem realmente está levando aquilo a sério e quem encara tudo como uma brincadeira.

Patrick, Biaggio e Joe. Meninos "alérgicos aos pais" que desejam ser homens

A beleza deste filme habita não no seu roteiro que, em si, não oferece nada de surpreendente; mas nas pequenas coisas, nas entrelinhas, nos não ditos. "The Kings of Summer" é um filme sobre a inocência - e a sua eventual perda; é um filme sobre aquelas lembranças inesquecíveis, de um tempo perfeito que só nos damos conta do seu valor quando acaba, quando passa. 

É sobre a beleza de se ter 15 anos e acharmos que sabemos de tudo, que já compreendemos tudo. É sobre o sabor da liberdade que mora em nossos sonhos inocentes e que, quanto mais envelhecemos, mais a deixamos escapar entre os dedos. Até o ponto em que já quase não é possível enxergá-la.

"The Kings of Summer" é um filme belo, marcado por uma trilha sonora indie e uma fotografia muito poética que muito me lembraram os filmes de Wes Anderson. Um filme pequeno, com cheiro de nostalgia, e que muito me tocou a alma.

SÓ MAIS 5 MINUTOS...


Como "só mais cinco minutinhos" podem fazer toda a diferença. Lindo, lindo curta de animação que eu jamais teria descoberto não fosse o Chongas.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A FLOR NO CONCRETO

"Eu acho que nunca aprendi a ser feliz", ela dizia, quase sussurrando, da sua janela insone. Os olhos úmidos, escondidos sob as mãos cheias de dedos finos e compridos. As unhas roídas, os pulsos finos. Os braços decorados por uma penugem que refletia a luz que invadia o quarto bagunçado.

E ele ficava ali, em silêncio, entre os lençóis desfeitos, observando a sua mulher. Disfarçando a sua própria tristeza. Ela era linda e frágil como uma flor de porcelana. A pele delicada, fina e branca como papel, os cabelos dourados despencando pelos ombros nus, as linhas daquele corpo magro de quem se alimentava tão mal. A voz rouca, sussurrada, e aquela dificuldade em concatenar os pensamentos, entrecortados pelo abdômen que parecia engasgá-la em angústia. Aquela alma triste, sua bailarina. 

Era era tão linda. Deus, ela era tão linda. E tão frágil.

Eles tentaram inventar uma vida naquele apartamento minúsculo, encravado no barulhento bairro boêmio, onde sustentavam aquelas certezas falhas de quem ainda está longe de completar 30 anos. Precisavam de tão pouco, pensavam, enquanto riam os seus sorrisos de vinho. Aqueles sorrisos raros.

Ela tentava, também. A dança que deixava aqueles pés imundos cheios de feridas. A música que a deixava em transe, quando ela não se importava em escorregar todas as lágrimas represadas. Ela tentava.

Havia também o crochê, os livros por terminar, a bulimia, a cocaína. Aquela alma fragmentada, em pedaços, desde o primeiro dia em que seus olhos pararam nela. Ele sabia, ele admitia - e lembrar de tudo aquilo era como um soco em seu estômago; as fotos espalhadas pela cama, os abraços, os sorrisos, perdidos no tempo. Ela era tão infeliz. Mas ela era feliz com ele, ele sabia. De alguma forma ela era.

"É como diz a canção", ela dizia, enquanto eles viam o sol nascer na janela. "O amor é o que nos destrói". E ele fingia concordar, abraçando o seu corpo pequenino contra o seu, beijando a sua testa, fazendo carinhos em suas costas, escondendo o seu choro. Aquele desejo desesperado, impotente, de curá-la.

De consertá-la. 

"Vamos ver os fogos de artifício", ela disse um dia, puxando-o pela mão. Subiram como crianças as escadas de ferro para o topo do prédio, os olhos arregalados diante do brilho que tomava o céu daquela noite qualquer. A vida era boa, naqueles minutos fugazes a vida era boa.

Abraçaram-se, por tanto tempo, como se tivessem desaprendido a descolar os corpos. Ela olhou nos seus olhos, fazendo carinhos em seu rosto. Um beijo úmido, um suspiro.

A verdade é que ele nunca entenderia ao certo a cadeia de eventos que unia aquelas lembranças. Mesmo após tanto tempo. Aquele ilusionismo terrível, onde o mundo vira de ponta cabeça com um piscar de olhos. Primeiro está ali; depois não está.

Ele lembrava de tê-la em seus braços, do aroma do seu hálito, do toque dos seus dedos em seu rosto e de ela mencionar a sua barba por fazer. Ele lembrava do seu casaco vermelho e da cintura entre as suas mãos. Ele lembrava, aqueles pensamentos rasgados, aquelas imagens órfãs, que vinham sufocar a sua garganta.

Ela era tão linda. Deus, ela era tão linda.

Ela só não sabia voar.                               

sábado, 7 de setembro de 2013

OS LADRÕES VESTEM PRADA

Chanel, Loubutin, adrenalina, tédio, cocaína. Não vou dizer que "The Bling Ring" é o melhor filme de Sofia Coppola. Não é; longe disso, em verdade. Aliás, não fossem algumas cenas emblemáticas (a típica cena de janela de carro), ou a trilha sonora excelente, talvez eu nem pudesse identificar. Quero dizer com isso que o filme é ruim? Longe, longe disso também.

Sofia está em casa aqui, quase literalmente. Tendo o universo da moda e do consumo como pano de fundo e unindo o realismo de "Somewhere" à extravagância de "Marie Antoinette", "The Bling Ring" (baseado em fatos reais) é uma mistura de drama e documentário sobre uma história real do passado recente dos Estados Unidos: um grupo de adolescentes ricos e entediados que decidem roubar as casas de celebridades. 

A trama é simples. Amigos de escola se unem e, ao compartilharem o tédio e a falta de perspectiva em suas vidas marcadas pela futilidade, cocaína e fotos postadas em redes sociais, decidem provar que são invencíveis ao invadir as mansões de celebridades como Paris Hilton e Lindsay Lohan. No caminho, inúmeras conquistas recheadas de sapatos, bolsas, jóias e relógios de marca. O que poderia dar errado?

O filme é narrado em flashback, com a gangue relatando a cadeia de eventos que os leveram à criminalidade. Todos inocentes, todos iludidos, todos trazidos ao crime por "más companhias". Mas não entendam errado. Sofia Coppola não pretende, em hipótese alguma, fazer um filme sobre moralidades aqui. Bem ao contrário. Por um lado, ela se delicia ao expôr uma orgia consumista permeada por uma trilha sonora animada quase inteiramente por hip-hop. Por outro, pretende escancarar o vazio da cultura atual nos Estados Unidos onde só há vida onde há notoriedade. 

Eles são jovens, bonitos e ricos. E decidem brincar com fogo, descobrido mais cedo ou mais tarde que o crime pode ser delicioso, mas nunca compensa

As meninas querem as bolsas, os vestidos e os sapatos caríssimos? Sim, claro, óbvio que querem. Mas não é apenas o objeto de desejo. É a adrenalina, a exposição, a celebridade dentro da celebridade, definida por uma frase genial quando uma das criminosas é interrogada: "O que Lindsay disse sobre mim?", ela pergunta ao policial quando este indaga sobre as invasões. É uma crítica velada, escondida sobre as cores e o brilho das marcas e do luxo, uma autópsia chique do estado atual de coisas. 

"The Bling Ring" é, possivelmente, o menor filme de Sofia Coppola. O menos poético, o menos marcante. Mas não menos importante. Ela está aqui, inegavelmente, em cada frame, cada plano, cada câmera lenta, cada reflexão juvenil, de quem não faz ideia do que fazer com a própria vida.

Como se Maria Antonieta estivesse num lugar qualquer, suicida, e simplesmente, perdida na tradução.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

terça-feira, 3 de setembro de 2013

ILUSTRANDO

August Macke - "Mulher de jaqueta verde"

PARA VER E OUVIR: JOHN MAYER FT FRANK OCEAN ("WILDFIRE")

domingo, 1 de setembro de 2013

DEZEMBRO

Após todo aquele tempo, aquela contagem sem fim de meses, anos; aquele tempo todo, passado, a conta perdida, lá estavam eles, novamente. Frente a frente, o grande salão separando-os pela distância de um punhado de passos. 

Entre eles, pessoas dançando, bebendo, jogando conversa fora, todos aguardando pelo minuto final, quando dezembro viraria janeiro e um novo ano se descortinaria diante dos seus olhos, feito mágica. A poesia do recomeço. A metáfora perfeita.

Olhavam-se, mas sem nenhum dos dois dar um passo. Orgulhosos, nenhum desejava demonstrar o sentimento da perda, que parecia brotar no elo entre os seus olhos. Aquele tempo, tanto tempo, perdido. Sorriam, discretamente; evitavam-se para então buscarem um ao outro. 

Cruzavam-se, fingindo não se verem, como se brincassem um jogo só deles, aquela energia voltando gradualmente, eletrizante, trazendo consigo os arrepios, as borboletas de abdômen, a adrenalina. Como se ainda fossem aqueles, de antes. 

De ontem.

Disfarçavam entretenimento na companhia de outras pessoas, numa taça de vinho, na contagem dos ponteiros do relógio. Ela caminhou até a ampla sacada, para ver as luzes da cidade, ele fingia interesse numa história que escutava. Ela então apoiou as suas costas na balaustrada, lançando um olhar de intimação. E ele respondeu com um aceno discreto.

A combinação de números no seu relógio dizia que menos de 3 minutos separavam o ano velho do ano novo. Ele sorriu, escondendo um suspiro. Surrupiou duas taças e uma garrafa de espumante, que parecia congelar os seus dedos. 

E seguiu até o encontro dela, como se saboreasse cada passo, como se caminhasse de olhos vendados por uma avenida movimentada. Como se houvesse um laço nos olhos dela, que o traziam prisioneiro. Sorria. Sorriam. Aquela troca de segredos sem verbo, eles que sabiam exatamente do que falavam.

E lá estava ela, exuberante, os cabelos longos cascateando sobre os seus ombros descobertos; aqueles ombros sardentos, aquelas constelações anônimas que ele havia batizado com beijos. Os olhos eloquentes, penetrantes, como os de uma princesa caçadora. A cintura envelopada num vestido elegante, de onde um decote discreto e provocante mexia com a honestidade de todos os homens naquela festa.

Na falta de definições mais elaboradas, a mais bela mulher na face da terra.

Lá estava aquele sol incandescente, o seu sol particular, e era como se ele sentisse derreter a sua pele de satélite. Sua pele indefesa, sua alma cativa, suas pernas, e braços, e olhos que novamente agiam por vontade própria, capturados pelo magnetismo. Aquela mulher imantada, seu amor infantil. 

Cumprimentaram-se, republicanamente. Para então cederem ao cumprimento verdadeiro, o que realmente queriam. Ele escorregou as mãos por sua cintura, apoiando o seu rosto no seu ombro, os olhos fechados, enuviados por aquele cheiro castanho, de coisa antiga, respirando em seu pescoço algumas palavras sem necessidade de conexão frasal.

Suspiravam, as mãos afagando com saudade.

Ela enroscou as pontas dos dedos por entre os fios cada vez mais prateados, que narravam cansados a história do que um dia também foi um cabelo escuro. E então segurou o seu rosto com as duas mãos, beijando a sua boca sem aviso, como se quisesse assegurar que ele não iria a lugar nenhum.

Sorriam, juntos, bocas que eram beijo e palavra sem asa.

As luzes começavam a ganhar as esquinas que os cercavam. Fogos de artifício e todo o tipo de grito e celebração. Primeiramente de forma contida, espaçada, para então a cidade inteira ser engolida numa chuva contagiante de virada de ano. Tudo novo, de novo.

Uma nova história começava a ser escrita ali, ela sussurrou no seu ombro, na carona embriagante daquele reveillon. Aninhou-se em seus braços, os olhos fechados, protegendo-se na noite.

Ficaram ali, por horas, trocando todo o tipo de confissão, relatando uma história pretérita, entrecortando palavras e bebida, perdendo a noção da noite que pouco a pouco começava a virar dia. 

O mar quebrava na praia, não longe dali. O som inconfundível das ondas batendo na areia.

"Feliz ano novo", ela disse, aquele sorriso ébrio, os olhos brilhando, o corpo comunicando entrega.

Ela só não sabia que ele não viveria nem mais um mês depois dali.

Mas de que valia esta história? De que valeria esta verdade, naquele dia que amanhecia salino e com sabor de lembrança? De que valia perder os dedos enrolados, como cadeados? O gosto do batom que se misturava à bebida, a pele arrepiada ao vento, o cabelo que vendava os seus sonhos, o corpo dela encostado no seu, enquanto o sol rasgava o horizonte. Procurando-se, afoitos, sedentos, saudades.

"Feliz ano novo". 

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

"SE PARTIRES UM DIA RUMO A ÍTACA..."


O lindo poema de Kavafis, recitado por Sean Connery e ao som de Vangelis. Emoção demais para este meu coração calejado.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

NÓ QUE NÃO DESATA


Mil vezes que eu veja a despedida de The Office, mil vezes fica o nó que não desata na garganta. Sem dúvidas, um momento inesquecível, como tantos deste seriado que é impossível dizer adeus.

SE É PARA SER UMA VEZ [E EM TEORIA PARA SEMPRE]


Não tem porque ser de outra forma...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

DESCULPA PARA FALAR DE RUIVAS

Emma Stone
Emily Blunt
Kirsten Dunst
Scarlett Johansson
Kate Winslet
Hayley Williams
Jessica Chastain (essa criatura de outro planeta!)

BEN AFLECK? SÉRIO?

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

OS VESTIDOS FLORIDOS

"Você adoraria chegar num lugar, como as 'garotas bonitas' fazem; iluminando tudo ao redor, chamando a atenção, fazendo todos se apaixonarem. Mocinha, você é uma garota como eu e queria poder ser assim como elas, ao invés de se esconder sob o conforto das suas sombras no seu quarto. 

Acredite em mim, eu sei o que é isso.

Você tem a sensação de que é a garota mais feia do mundo e isso dói tanto... Mas antes de você trocar os seus vestidos floridos pelos saltos altos; para fazê-los gostarem de você, deixe eu te lembrar - só mais uma vez - que talvez você seja tão linda. E só você parece não ver.

Então confie em mim. E assim todos verão a menina linda que você é.

E quando você sentir vontade de culpar alguém, por nunca ser chamada para dançar; pelo desejo desesperado de dizer para todos o quanto você é amada, pense que um dia tudo isso terá ficado para trás. 

E o que restará?

No fim das contas, você contará nos dedos da mão os homens bons que conhecerá em toda a sua vida. E, entre esses poucos, apenas um bastará. Então não abandone os seus vestidos floridos; não os troque pelos saltos altos; só para fazê-los gostarem de você."

* * *

As lágrimas escorriam sinceras pelo seu rosto enquanto ela lia aquele fragmento de uma carta da sua mãe, perdido, abandonado dentro de um livro. Escrito, tantos anos antes, o papel envelhecido quase se desfazendo entre os seus dedos. Aquela caligrafia bonita, de coisa secreta.

Abraçou o seu marido, que acabara de entrar no quarto vazio, e se entregou ao conforto dos seus braços, acalmando o seu pranto. Não era apenas a despedida. Não era só isso. Não era o retorno repentino à melancolia juvenil, aquela síndrome de patinho feio que nunca virava cisne.

Era também o fato de a sua mãe ter escolhido não lhe entregar aquela carta.

Porque ela sempre soube. No fim das contas, ela sempre que soube que não precisava.

E ela sentiu falta daquela calma, como se um abismo a tivesse engolido.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

AH, EORZEA...

Para quë diabos eu fui te descobrir?


terça-feira, 20 de agosto de 2013

PARA VER E OUVIR: NERVO & HOOK N SLING ("REASON")

VALE PARAÍSO

O Sr. Mayer está de volta e, pelo visto, abraçou e se entregou por completo ao seu lado country. Esses tons já estavam ensaiados em "Born & Raised", que ainda permaneceu como um (quase) típico disco do John Mayer. Em "Paradise Valley", o rapaz atormentado pela crise de meia idade, pela saudade dos pais ainda vivos e pelos fantasmas de todos os corações que ele quebrou, ficou para trás, perdido - não esquecido - em algum lugar. Aqui, agora, ele está só. Caminhando num vale, contemplando a solidão de um pôr do sol, talvez na companhia do seu cachorro de braços abertos, pouco se importando com a ideia de quem ele é ou para onde está indo. "Estou aqui", ele parece dizer com esse novo - e belo - disco. Para ouvir da primeira à última faixa.

Uma faixa, por enquanto, em especial? "Dear Marie", sem sombra de dúvidas. Ah, e "I will be found lost at sea"

sábado, 10 de agosto de 2013

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

JORGE SENTOU PRAÇA NA CAVALARIA...

E eu estou feliz porque também sou da sua companhia. Just a note to self.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

A MAIS LINDA DE TODAS ESTÁ DE VOLTA

E terá 13 dias para encerrar a trilogia que narra a sua história. Lightning retorna em fevereiro de 2014 em "Final Fantasy XIII-3 - Lightning Returns".

domingo, 4 de agosto de 2013

A GRAVATA PRETA


Assunto: Descoberta

Você me pediu para te escrever algo bonito. "Escreva algo", assim você me pediu, como se as palavras fossem purpurina, que se joga sobre uma folha desenhada com cola onde magicamente uma imagem se forma. "Escreva algo", assim você me pediu.

"Deseja salvar o rascunho?".

"Sim."

* * *

O nome no jornal não deixava sombra de dúvidas. Abriu o armário, a porta empenada que há meses ele prometera consertar. Escolheu uma camisa branca e uma gravata preta. Seria adequado. A janela pintava tons apropriados de negro e cinza, emoldurando uma chuva fina e fria. 

Avisou a sua mulher que voltaria para o jantar.

Chegou ao cemitério já ao final do serviço. Não havia sido convidado, naturalmente. Não após tantos anos. Quantos? Perguntava-se. Não tinha ideia. 

Muitos.

Caminhou lentamente por aquele labirinto de saudades e esquecimentos, os seus joelhos artríticos chorando pelo seu esforço. A sombra dos prédios fazendo desenhos sobre as tumbas espalhadas como irmãs pequeninas. Aquele cemitério imenso. Aproximou-se do lugar, já quase vazio, as pessoas indo embora, pouco a pouco, até que não restou mais ninguém.

Apenas ele, de pé, diante daquela lápide, observando com uma mistura de cerimônia e incredulidade.

Ele a encontrou, afinal, pós tanto tempo. Ali estava ela. Aquele nome na pedra, que ainda lhe causava arrepio. Leu uma, duas, três vezes, para ter certeza que não era a sua mente lhe pregando peças como sempre fazia. 

Ajoelhou-se, depositando uma rosa solitária sobre a pedra, tocando a cova recente com carinho. "Hoje o meu chão é o seu teto", sorriu amargamente.

Tirou uma folha de papel de dentro do casaco, dobrada e úmida. Havia impresso naquele dia, aquelas palavras guardadas, escondidas sob o peso de décadas. Aquele rascunho de uma mensagem nunca enviada. Ela não merecia essas palavras, à época, pensou. 

Talvez nem as merecesse, então, mas um dia como aquele era para se fazer consertos. Melhor, para enfim desenrolar o novelo de uma história que eventualmente se transformou num fiapo, uma descostura, e não mais que isso.

Eram só aquelas palavras que haviam sobrevivido. Todo o resto havia se perdido na passagem dos anos. Apenas aquela mensagem havia sobrado, o único elo com um passado já tão embaçado em suas memórias desgastadas que ele nem conseguia construir concretamente a cadeia de lembranças de forma coerente. 

Ela havia importado. Era o pensamento que sobrava da confusão dos seus pensamentos.

Leu um punhado de vezes aquela carta sem destinatário. Suspirou, olhando para o nome engravado no mármore novo, rico. Imaginou que ela teria gostado. E com algum esforço, conseguia retratar o sorriso dela, encaixado naquele rosto bonito, que ainda habitava o porão da sua mente. E que, como uma caixa de saudades, ainda naquele dia fazia o seu coração bater mais forte. 

Ela havia importado, pensava, sorrindo. 

Ali, sob a grama molhada, estava uma mulher que ele nunca conheceu. Uma senhora, enterrada entre as lágrimas e despedidas de filhos, netos, amigos. "Espero que você tenha feito valer a pena, meu bem". Sentia os olhos úmidos, não por causa da chuva fina. "Que você tenha vivido plenamente, que tenha amado, que tenha deixado algo". 

Ali, sob a grama molhada, estava uma mulher que ele nunca conheceu. 

Porque a menina dos seus olhos, a que o fazia rir e soltava as borboletas do seu abdômen, viveria para sempre no canto dos seus sorrisos sinceros, quando ele era visitado por lembranças repentinas, ou quando acreditava tê-la visto cruzando alguma esquina. Ela estava em todos os lugares que ele olhava. E em nenhum.

Levantou-se, com dificuldade, os joelhos rangendo pelo esforço. A tarde daquele dia de dezembro desaparecendo sobre os seus ombros molhados. Tocou a lápide pela última vez.

"Adeus".

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("DECEMBER")



"December...
You've always been the problem child
December, you run me down restless and wild
And I remember when you used to be mine, December"

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("ISLANDS")


"The Blessed Unrest" é um disco de preciosidade sem fim. O que dizer de "Islands"?

"É como se eu estivesse na beirada, com apenas um fio de telefone
Tentando te achar e te dizer que o mundo está em chamas
Segurando a minha respiração até eu saber que você está bem, porque a água apenas continuará a subir
Quando você compreender
Que você precisa se tornar uma ilha
E ver por você mesmo que é isso o que eu sou"

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

ILUSTRANDO

O traço inconfundível de Yoshitaka Amano (pai da linguagem estética de Final Fantasy).
 

EXPLOSÕES DESFOCADAS



Lindo trabalho de Stanislas Giroux, que cria efeitos visuais incríveis simplesmente ao desfocar a explosão de fogos de artifício. Via Chongas.

terça-feira, 23 de julho de 2013

AMOR COM COMEÇO, MEIO E...

Um filme delicioso [dolorosamente delicioso], com cheiro de maresia, azeite, tomates frescos. Com sensação de coisa antiga, de lembrança, de saudade. Um filme pequenino, que é arte pura, que é quase perfeito; que nem sei se é filme. Isso é "Antes da Meia-Noite" (Before Midnight), terceiro filme de Richard Dinklater sobre a história de amor de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) que, muitos anos atrás, apaixonaram-se perdidamente. 

A crise também chega para almas tão gêmeas como Jesse e Celine...

Hoje, os dois estão em plenos 40, e com todas as dificuldades e angústias que chegam com a crise de meia idade - e do casamento-, e já não tem mais tanta certeza de nada. Parecem ter perdido o romance, o mistério, a magia, o encanto. Perderam-se em algum lugar do passado, tornaram-se comuns, adultos, chatos. A vida passou a orbitar as preocupações diárias, a educação dos filhos, os projetos frustrados e, também Jesse e Celine já nem tem certeza se querem mais estar juntos.

Este filme é quase inteiramente um diálogo. Sem muitos artifícios, sem muita música nem belas paisagens (apesar de se passar na Grécia). Jesse e Celine estão no baixo Peloponeso, cercados de ruínas e oliveiras e, durante um almoço inocente, se veem na companhia de casais em todas as etapas: jovens apaixonados, um marido e uma mulher e dois viúvos. O amor com começo meio e fim. E isso é um gatilho para uma longa - e difícil - catarse. Uma jornada que eles precisam atravessar juntos. 

E é só o que eu vou dizer.

É que não dá para falar muito sobre "Antes da Meia-Noite". É um filme lindo, perfeito, OBRIGATÓRIO para todos que se encantaram com os outros filmes que compõem esta "trilogia". Honestamente? Espero por mais um daqui a... 10 anos. E outro em 20, 30, 40. O que posso dizer é que tive a sensação de que este filme durou 5 minutos. Como tudo que é bom.

E que passa.

SUPERMAN VS BATMAN

E eis que as mentes por trás do excelente novo filme do Superman, "Man of Steel" presenteiam a comunidade nerd com uma notícia incrível. "Quero que você nunca se esqueça, Clark, que fui eu o homem que o derrotou". E assim descobrimos que o próximo filme do Superman (com o mesmo elenco, incluindo Henry Cavill), que chegará aos cinemas em 2015, será chamado de: "Superman vs Batman".
 
Oh, boy...

segunda-feira, 22 de julho de 2013

PARA VER E OUVIR: SARAH MCLACHLAN ("I'LL REMEMBER YOU")


Caso você tenha gostado da música do vídeo do post anterior.

ADEUS À DUNDER MIFFLIN

É simplesmente impossível acreditar que "The Office" acabou. Prefiro crer que todos eles continuam em algum lugar, fazendo do absurdo a rotina. "Existe muita beleza nas coisas comuns", Pam reflete ao final. E é exatamente isso. E, na falta de mais palavras para elaborar a respeito destes quase 10 anos de escritório, a canção, cantada por Andy, diz tudo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O VESTIDO PRETO

"O amor é o que permanecerá", as palavras do padre ainda ecoavam em sua mente enquanto ela mexia nas roupas amontoadas dentro do armário. "Então amem, amem; e isso bastará".

Pinçou um vestido preto cuidadosamente, o seu preferido, o que há anos não entrava mais e, por um instante fugaz, sentiu raiva daquele padre estúpido e das suas palavras vazias. Queria poder entrar naquele vestido preto novamente, mas também esse pensamento rapidamente voava pela janela.

Suspirava.

Ela tentou, ao seu jeito. Entregou-se ao perigoso esporte de comprar coisas inúteis para preencher os vazios em sua vida, mas apenas se endividou além do imaginável. Encontrou hobbies com a mesma velocidade que os abandonou. Arrumou um amante que acabou transformando em inimigo. Passou a comer, então; aquele amor de fácil acesso e que não pede nada em troca. Mais e mais. Até que não coube mais em seu vestido preto. 

E em muitos outros. Mas era daquele que mais sentia falta. Porque ela sabia que ficava bonita nele, que se sentia bonita nele; desejável, que atraia olhares. Ela era jovem, tinha a vida inteira pela frente para fazer o que bem quisesse. Aquela juventude que não passaria nunca.

E então se deparava com a parede das suas soluções que se transformavam em novos problemas. Respirou fundo, de olhos fechados, precisava se acalmar.

Sentou-se à mesa com o seu marido para mais um jantar silencioso. A televisão, quase muda, não muito longe dali. Três, quatro palavras trocadas aleatoriamente e precisamente ignoradas entre o barulho dos talheres. Ela olhou para as suas mãos, sem reconhecê-las. "De quem são essas mãos?", pensou. Aquele tempo que fugia tão rápido quanto os seus pensamentos concretos.

"Meus Deus, eu faço tudo tão errado", deixou escapar com um suspiro, uma mão apoiando a cabeça.

"Para mim está tudo ótimo", ele respondeu, os olhos fixos no prato.

Ao que ela virou o seu rosto para ele com uma máscara de decepção e fúria; os olhos fixos naquele homem que ela havia escolhido tantos anos antes e que já nem conseguia mais entender o motivo. 

Sentia uma raiva primitiva, que fazia a sua mente flutuar pensamentos absurdos em que ela voaria por cima da mesa e o apunhalaria com uma daquelas facas; só para então voltar à realidade após perder o controle daquela ideia. "Que culpa tinha ele?", pensava.

"A culpa é minha", fechava os olhos, "só minha".

"Eu poderia sempre voltar para Savannah", ela confortava a si mesma. "Esquecer disso aqui tudo, inventar outra vida". Mas o que havia em Savannah?

Ela imediatamente lembrava daquele cemitério, esquecido no meio da cidade, os prédios fazendo sombras sobre as lápides. Aquelas centenas de vidas, sob os seus pés. O céu de tantos sob os seus pés.

"E eu estarei ali um dia", pensava, "quando tudo isso aqui tiver acabado".

Bebeu o último gole de vinho, que fez escorregar alguns tomates-cereja pela sua garganta. Sentia os olhos úmidos, as mãos amarradas por todo o tipo de impossibilidade abstrata, o coração galopando dentro do seu peito. "Não sei se ainda dá tempo". 

E ela só conseguia pensar em como gostaria de entrar naquele vestido preto novamente.

E assim ela o fez.

50 anos depois.

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("ISLANDS")

E LÁ SE VÃO MINUTOS DE TEMPO PERDIDO

Mas só sei que eu queria isso em formato tapeçaria, estampando o continente de Westeros em minha parede.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("1000 TIMES")


Possivelmente a canção mais "doída" da sua discografia.

PARA VER E OUVIR: SARA BAREILLES ("CHASING THE SUN")


Mais uma para ouvir em loop.

domingo, 14 de julho de 2013

DESBRAVANDO "THE BLESSED UNREST"

Ainda não tive tempo de explorar "The Blessed Unrest", novo disco da Sara Bareilles, do jeito que gosto (ouvindo repetidamente, diversas vezes). Mas, como eu já esperava, é mais um passo definitivo, que mostra como Sara está ainda mais madura [e profunda] com a sua música. A menina, eternamente marcada pela melancolia oriunda de um coração partido está aqui, claro, impressa nas melodias. Mas ela foi ainda mais longe desta vez. Lindo, lindo disco. Destaque, por enquanto, para "Satellite Call", que é linda que dói.

"This is so you know the sound
Someone who loves you from the ground
Tonight you're not alone at all
This is me sending out my satellite call"

 

sexta-feira, 12 de julho de 2013

DISCOS PARA SE FICAR DE OLHO

"Paradise Valley", novo do John Mayer
"The Blessed Unrest", da Sara Bareilles

quinta-feira, 11 de julho de 2013

OS GATOS NA GUERRA

Poucas pessoas sabem, mas muitos gatos viajaram (e sobreviveram) à II Guerra Mundial. O principal objetivo de levá-los nos barcos era fazer com que eles neutralizassem a população de ratos que infestava os navios. Naturalmente, a tripulação se afeiçoava a eles (como não?) e alguns certamente acabaram sendo comendados por heroísmo.
 
Ah, e eles tinham as suas próprias mini-redinhas.
 
Via Chongas.

terça-feira, 9 de julho de 2013

TRIBUTO AO [ETERNO] "HOMEM DE AÇO"

É possível que o diretor Zack Snyder tenha encontrado uma bela - e original - maneira de prestar um tributo ao eterno "Homem de Aço", Christopher Reeve, no seu novo filme do Superman. Em determinada cena, especialistas conseguiram filtrar o rosto de Reeve sobreposto ao de Henry Cavill.