Cansado de um pai opressor e autoritário, Joe decide ir embora de casa. Não é apenas que ele decide "fugir" pura e simplesmente; ele vai para o mato, onde tem uma epifania: construir uma casa e lá, como um selvagem, reinar.
Essa é a história do surpreendente "The Kings of Summer", filme de Jordan Vogt-Roberts e estrelado por Nick Offerman (o eterno Ron Swanson de "Parks & Recreation") e pelo talentoso Nick Robinson, no papel principal, o profundo menino Joe que, com apenas 15 anos, decide questionar todas as certezas da vida num plano determinado em inventar a sua própria (vale ficar de olho neste menino, que lembra um jovem Ryan Gosling).
Joe reúne dois amigos em sua empreitada. Patrick, seu melhor amigo - e responsável pelo ponto de crise na trama - e Biaggio, a fuga cômica da história. Juntos, os três desbravam a vida no mato onde, pouco a pouco (e ocasionalmente de forma artificial) se desprendem dos confortos da vida moderna até o momento em que é preciso separar quem realmente está levando aquilo a sério e quem encara tudo como uma brincadeira.
Patrick, Biaggio e Joe. Meninos "alérgicos aos pais" que desejam ser homens
A beleza deste filme habita não no seu roteiro que, em si, não oferece nada de surpreendente; mas nas pequenas coisas, nas entrelinhas, nos não ditos. "The Kings of Summer" é um filme sobre a inocência - e a sua eventual perda; é um filme sobre aquelas lembranças inesquecíveis, de um tempo perfeito que só nos damos conta do seu valor quando acaba, quando passa.
É sobre a beleza de se ter 15 anos e acharmos que sabemos de tudo, que já compreendemos tudo. É sobre o sabor da liberdade que mora em nossos sonhos inocentes e que, quanto mais envelhecemos, mais a deixamos escapar entre os dedos. Até o ponto em que já quase não é possível enxergá-la.
"The Kings of Summer" é um filme belo, marcado por uma trilha sonora indie e uma fotografia muito poética que muito me lembraram os filmes de Wes Anderson. Um filme pequeno, com cheiro de nostalgia, e que muito me tocou a alma.
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