"Você adoraria chegar num lugar, como as 'garotas bonitas' fazem; iluminando tudo ao redor, chamando a atenção, fazendo todos se apaixonarem. Mocinha, você é uma garota como eu e queria poder ser assim como elas, ao invés de se esconder sob o conforto das suas sombras no seu quarto.
Acredite em mim, eu sei o que é isso.
Você tem a sensação de que é a garota mais feia do mundo e isso dói tanto... Mas antes de você trocar os seus vestidos floridos pelos saltos altos; para fazê-los gostarem de você, deixe eu te lembrar - só mais uma vez - que talvez você seja tão linda. E só você parece não ver.
Então confie em mim. E assim todos verão a menina linda que você é.
E quando você sentir vontade de culpar alguém, por nunca ser chamada para dançar; pelo desejo desesperado de dizer para todos o quanto você é amada, pense que um dia tudo isso terá ficado para trás.
E o que restará?
No fim das contas, você contará nos dedos da mão os homens bons que conhecerá em toda a sua vida. E, entre esses poucos, apenas um bastará. Então não abandone os seus vestidos floridos; não os troque pelos saltos altos; só para fazê-los gostarem de você."
* * *
Abraçou o seu marido, que acabara de entrar no quarto vazio, e se entregou ao conforto dos seus braços, acalmando o seu pranto. Não era apenas a despedida. Não era só isso. Não era o retorno repentino à melancolia juvenil, aquela síndrome de patinho feio que nunca virava cisne.
Era também o fato de a sua mãe ter escolhido não lhe entregar aquela carta.
Porque ela sempre soube. No fim das contas, ela sempre que soube que não precisava.
E ela sentiu falta daquela calma, como se um abismo a tivesse engolido.
* * *
As lágrimas escorriam sinceras pelo seu rosto enquanto ela lia aquele fragmento de uma carta da sua mãe, perdido, abandonado dentro de um livro. Escrito, tantos anos antes, o papel envelhecido quase se desfazendo entre os seus dedos. Aquela caligrafia bonita, de coisa secreta.
Abraçou o seu marido, que acabara de entrar no quarto vazio, e se entregou ao conforto dos seus braços, acalmando o seu pranto. Não era apenas a despedida. Não era só isso. Não era o retorno repentino à melancolia juvenil, aquela síndrome de patinho feio que nunca virava cisne.
Era também o fato de a sua mãe ter escolhido não lhe entregar aquela carta.
Porque ela sempre soube. No fim das contas, ela sempre que soube que não precisava.
E ela sentiu falta daquela calma, como se um abismo a tivesse engolido.
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