segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A PARTIDA

Ela permaneceu no carro, por mais alguns instantes, antes de dar a partida. Antes de partir. Ela sabia, eles sabiam, que chegava ao fim aquela história. Ali, enfim, de uma vez por todas. Havia algo no ar, algo que podia ser sentido na pele, que no momento que os dois se dessem as coisas seria pela última vez. Como se o encanto estivesse - por fim - desfeito; a magia chegado ao fim, a fonte de esperanças esgotada. A constatação de que nada mais surgiria daquelas portas. Aquela bela mulher, aquele homem bom.

Os dois descobriram que a vida é o terceiro agente de todas as histórias. O inesperado coadjuvante. O ator que rouba a cena. O personagem que se infiltra em todas as decisões, em todos os laços afetivos, em todos os negócios, em todas as histórias de amor. Eles haviam feito uma escolha, dividido os espólios daquela aventura, e havia chegado a hora de seguirem caminhos diferentes.

Viveram numa passagem de horas a efemeridade agridoce de uma vida não vivida. Souberam sobre tudo - ou quase tudo - sobre um e o outro. Ou pelo menos o que era preciso saber. Amaram-se, odiaram-se, decepcionaram-se, descobriram-se com avidez adolescente, fizeram "juras de sal e limão", prometeram pactos sem fundamento. Eram adultos demais, temerosos demais, chatos demais. Ficara para trás, para sempre, aquela juventude de adorável irresponsabilidade, dinheiro curto e cabelos mais escuros. Eles não eram mais os mesmos.

Tentaram, é preciso dar-lhes esse crédito. Tentaram. Corajosamente, sim, tentaram. Provaram sabores, cheiros, sensações antigamente aprisionados em ideias, em pensamentos sem concretude, em sonhos desfeitos, natimortos. Experimentaram, verificaram, naquela apaixonada troca de sons, suor e saliva, que poderiam ser felizes até o fim dos seus dias. 

E então escolheram o caminho mais fácil. O amaldiçoado caminho mais fácil, que é justamente o mais difícil. Aquele em que se abre mão das coisas, deixadas, espalhadas pelo caminho, sem chance de serem novamente organizadas. Folhas espalhadas pelo vento. Perdidas.

Decidiram manter orgulhosas as velas puídas de seus barcos a pique. Decidiram continuar navegando, talvez para fundear, talvez para afundar. Já estavam cansados demais para fundar. Para pular na água, aqueles corpos que talvez não fossem capazes de levá-los à praia. Olhavam o horizonte, aquele sorriso profissional que aprenderam a montar no rosto, para demonstrar bravura e esconder a incerteza. Aquele sorriso confortante de estar fazendo a coisa certa.

Eles sabiam que quando ela desse a partida tudo teria enfim chegado ao fim. Não haveria mais espaços, sobras, pontas a serem atadas. Como os nós que, impossíveis de serem desfeitos, são cortados com faca. Coisa definitiva. Eles sabiam que acabava ali.

Olharam-se com melancolia, uma última vez, paralamentando despedidas que dispensavam palavras, órfãs de verbo. Tocaram as mãos com gentileza, beijaram rostos sem aquela certeza antiga que unia bocas sem hesitação. Corpos, olhos, mãos, bocas, almas, dizendo adeus. Para valer. 

Sim, para valer. Porque tinha valido à pena. Esqueceriam-se, em breve, aquelas memórias sendo enterradas, feito relíquia. Arqueologia. Desapareceriam, como fantasmas. Mas permaneceriam, em algum lugar ainda sem nome, onde se guarda o que passou sem passar. Onde se escreve as respostas que não se conheciam. Para não esquecer em definitivo. 

Não seriam mais nada. Abdicaram daquelas coroas, aqueles reis sem reino, aqueles heróis sem canções. Despiram-se do futuro. Tornaram-se mundanos, desimportantes, vírgulas, não mais que isso. Tornaram-se capítulos. Irrelevantes.

Um sol batendo no rosto, um vento prenúncio de noite mais fria. Uma porta batendo atrás das suas costas. Então a partida. E não se veriam nunca mais.

Aquela bela mulher, aquele homem bom.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ILUSTRANDO

Gustave Caillebotte - Canotiers, Yerres

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

AMOR PLATÔNICO

Hayley Williams, vocalista da Paramore. Não precisa explicar muito, acho. Haverá sempre um lugar (suspirante) no meu coração geek para essa ruiva pequenina, de voz poderosa e inconfundível charme sagitariano. Mais uma destas [tantas!] que não me deixam esquecer o vermelho.

PARA VER E OUVIR: JON MCLAUGHLIN / SARA BAREILLES ("SUMMER IS OVER")

"TRAGAMOS LENHA"

LXXVIII
Pablo Neruda

Não tenho nunca mais, não tenho sempre. Na areia
a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto a amar seus semelhantes.
Não sei quem és. Te amo. Não dou, não vendo espinhos.

Alguém saberá talvez que não teci coroas
sangrentas, que combati o engano,
e que em verdade enchi a preamar de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.

Eu não tenho jamais porque distinto
fui, sou, serei. E em nome
de meu mutante amor proclamo a pureza.

A morte é só pedra do esquecimento.
Te amo, beijo em tua boca a alegria.
Tragamos lenha. Faremos fogo na montanha.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

domingo, 29 de julho de 2012

COMEÇO, QUEDA E RENASCIMENTO


A celebrada trilogia do Batman, de Christopher Nolan, termina de forma apoteótica. A terceira e última parte da sua visão do cavaleiro das trevas, além de ser o melhor dos três filmes, encerra uma saga de heroísmo e provação de maneira surpreendente, ainda que absolutamente esperada (para não dizer sonhada).

A construção deste Batman tão real, verdadeiro e honesto às origens da criação de Bob Kane - a saber, atraído pelo negro, confuso, beirando à loucura, flertando com o caos - é solidamente fundamentada em três grandes filmes que, juntos, criam muito mais que uma mera trilogia. É quase uma ópera em torno da ascensão, queda e renascimento do cavaleiro mais amado do planeta. E a interpretação de Christian Bale dá propriedade e caráter ao personagem. Do mesmo modo que nunca haverá outro Christopher Reeve, permito-me esta heresia, não haverá outro Christian Bale.
Haverá, algum dia, outro Batman como o vivido por Bale?

Em "Begins", a lenda nasce. E, com ela, a visão inconfundível de Nolan

Em "Begins", Bruce Wayne descobre a máscara e, com ela, a luta e o poder que nascem com o medo. O dele, intrínseco, seus fantasmas, seus esqueletos escondidos, suas limitações e fraquezas. E, por fim, daqueles que ele aterroriza por ser a sombra, por ser invisível, por estar em todos os lugares. Batman começa, de fato. Nasce, ascende, como a estrela solitária que mantém Gotham City a salvo todas as noites. Nasce a lenda.
Em "Dark Knight", o cavaleiro das trevas enfrenta seu maior inimigo. E alma gêmea

Em "Dark Knight", Batman é apresentado ao seu maior antagonista e, porque não, sua alma gêmea: o Coringa. Interpretado magistralmente pelo inesquecível Heath Ledger, o Coringa - eterno agente do caos - promove um duelo de titãs que, no malabarismo de forças absurdas de atração e repulsão, promovem uma explosão sem precedentes na cidade. Não há um sem o outro, não há Batman sem Coringa, o espelho que não pode ser quebrado. Duas metades de uma mesma alma atormentada. Inimigo-mor, o Coringa - derrotado - não se submete sem antes ele mesmo devastar o próprio Batman, fisica, emocional e moralmente. Ele cai, sim, mas leva o morcego consigo para o abismo.

O Coringa magistral e inesquecível de Heath Ledger

Em "Rises", Gotham volta a ser uma arena. Para o confronto definitivo

Por fim, em "Rises", o cavaleiro das trevas é um herói esquecido, desorientado, despido, desprovido de máscara, confundido com um bandido. O duelo com o Coringa ainda rende cicatrizes que latejam, em seu corpo e numa cidade devastada pelo medo e a orfandade. Já não se sabe quem era herói e quem era bandido. De uma caverna, sob as sombras que sempre o acolheram, Batman observa o colapso do seu reino. 

Mas eis que uma nova ameaça surge na cidade. Bane (vivido por Tom Hardy), um terrorista mascarado, sem limites para a sua ambição, que transforma Gotham City numa utopia fascista onde os valores são retorcidos até não terem valor algum. A cidade se rende, sob as botas de um monstro, sem ninguém para salvá-la. É quando Bruce Wayne, do conforto de sua mansão, ainda envolto em ataduras em seu corpo e sua mente, decide vestir a capa. É hora de voltar. 
Bane (Tom Hardy), o senhor supremo de Gotham City

Uma ameaça nuclear, ou seja, extrema, definitiva, dá o tom deste combate. Batman contra Bane, duas forças que não vão medir esforços para subjugar uma à outra. Um caminho sem volta, o ato final, o fim definitivo. O final do caminho, de uma jornada de sacrifícios, em que as máscaras voltam a ser nítidas e o morcego em chamas nos céus de Gotham não dá espaço para dúvidas. O cavaleiro das trevas e está de volta. O medo acabou, sim, mas o fim também está próximo.

Desta vez, porém, acompanhado pela Mulher-Gato [competentemente] interpretada por Anne Hathaway, Batman dá os passos finais ao panteão erguido em seu nome. Fiel à essência da ladra apaixonante, sensual, rápida e letal, a Selina Kyle de Hathaway consegue ser parte heroína, parte vilã, parte amante, numa provocação constante que nem o impávido Batman consegue resistir. O cavaleiro sabe que não há mulher no mundo capaz de habitar o seu mundo. A não ser por uma. 
Anne Hathaway é a Mulher Gato. O flerte impossível - e irresistível - do morcego

A lenda então, de sua queda abissal, renasce mito. A capa, aberta, em farrapos, que volta a acolher milhões de almas numa cidade paralizada. O desfecho que, como todo fim, é, em si mesmo, cartarse, canalização de energias, renascimento. Do fogo que consome seu duelo final, o morcego também se mostra uma fênix.

Há uma despedida, claro, seria impossível não haver. Há uma orfandade, novamente. Há uma saudade e um questionamento inevitável. Mas há também uma certeza, vibrante, brilhante, dourada, como o morcego de asas abertas, que olha sobre a cidade, do alto das nuvens.

Batman nunca estará longe demais.


sexta-feira, 27 de julho de 2012

ILUSTRANDO

Joseph Minton - "Cada vez mais próximo"

terça-feira, 24 de julho de 2012

ÀS VEZES...

Dá uma vontade de pegar carona nas asas de pássaros imigrantes. Às vezes.

MUSA

segunda-feira, 23 de julho de 2012

"EM SEU TEMPO, ELES TE ENCONTRARÃO NO SOL"

Primeiro teaser oficial do novo filme do Super-Homem, "Man of Steel". De arrepiar.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

PARA VER E OUVIR: CAT POWER ("GOOD WOMAN")



Bonito que chega a doer:

"Sentirei saudade deste coração tão carinhoso
Amarei esse amor para sempre
E é por isso que vou embora
E é por isso que não posso mais te ver".

quarta-feira, 18 de julho de 2012

ILUSTRANDO

Auto-retrato de Frida Kahlo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

NADA EXIGE, NADA PEDE, NADA ESPERA

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de sua presença.
Nada exige ou pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza,
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.
Ele venceu a dor, e resplandece no
canto obscuro, tão mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 15 de julho de 2012

A VIDA RENASCE

Novo comercial da Johnson's Baby. Há muito tempo eu não via uma propaganda tão tocante. Bato palmas de pé para a agência responsável por essa campanha.

DIA DE SÃO SWITHIN

Hoje é dia de São Swithin. Será que chove ou faz sol?

St. Swithin's Day, if it does rain
Full forty days, it will remain
St. Swithin's Day, if it be fair
For forty days, t'will rain no more


*Saudades de Emma e Dexter. Onde eles estiverem.

sábado, 14 de julho de 2012

HISTÓRIAS SEM FIM

A vida é como a Índia, assim nos diz "O exótico Hotel Marigold" (The Best Exotic Marigold Hotel). Repleta de surpresas, emoções, sensações. Resista e você cairá. Aceite o fluxo, siga com ela, e aproveite a jornada, então. 

Se eu tivesse que resumir este filme modesto e despretensioso em apenas uma palavra, eu escolheria sem pensar duas vezes: "lindo". Simplesmente lindo. Deslumbrantemente lindo. 

Transbordando com um elenco estelar de grandes veteranos, como Judi Dench, Bill Nighy, Tom Wilkinson e Maggie Smith, o filme narra a história - ou o "fim das histórias" - de sete idosos que, por uma série de circunstâncias, veem-se rumo à Índia para um hotel luxuoso que servirá como uma espécie de asilo exótico.

E para lá fogem os protagonistas. Fogem da solidão, da viuvez, da doença, dos segredos, da tristeza e se veem num lugar caindo aos pedaços que, como eles, é um lugar ultrapassado, arcaico, condenado, sem esperança. 

A vida é misteriosa, como a Índia. É preciso seguir em frente, resistir é um erro

Rapidamente, a vida vai dando as caras, mostrando novas cores e perspectivas. E deixando claro que não há nenhuma história, por mais perto do fim que esteja, que não se renove, transforme e ganhe novos capítulos ou mesmo se reescreva do zero. 

Eis um filme mágico, comovente, sobre como a existência é misteriosa, como somos criaturas realmente estranhas e como a vida não se cansa de surpreender, deixando claro que não há fim, só começos. Sempre.

ILUSTRANDO

Edward Hopper - "Reclining Nude"

quinta-feira, 12 de julho de 2012

ÚLTIMA CHAMADA

Os dois permaneciam imóveis, seus corpos cansados quase inteiramente submersos naquela água morna, que os envolvia. Sob a água, dois pares de pernas entrelaçadas, de pelos, de peles, num diálogo silencioso que misturava curiosidade e carinho. Uma ternura antiga, com jeito de lar.

Por cima da água, seus olhos em cantos opostos da pequena banheira, num parlamento de pensamentos não confessados. As mãos delicadamente se encontrando nas bordas, equilibrando taças de vinho e charutos numa atmosfera sensual, quase cinematográfica.

Música tocando no quarto, nem alto, nem baixo. Algo para se ouvir de olhos fechados, sem dormir. Algo de vento, algo de chuva, algo de amor, algo de dor que lateja. Dedos se procurando, um quê de desespero. Sim, estavam ali. Ainda estavam ali. 

Trocavam sorrisos, lançavam um ao outro olhares de ternura, de desejo, de provocação. Cabelos úmidos, pingando sobre os ombros, arrepios ocasionais, numa penumbra de sombras e velas que transformavam aquele banheiro numa catedral de uma religião inventada. Aquela fé anônima, compartilhada pelos dois na eternidade daqueles momentos fugazes.

Ele decidia entretê-la. Ela gargalhava, dobrando a cabeça para trás, o cabelo claro, desgrenhado, espalhando-se como tentáculos. Ele avançava em busca do seu pescoço revelado. Empurravam-se, buscavam-se. Abraços, beijos, arranhões sem cortesia. Faziam ondas, maremotos, bagunças, feito crianças.

Havia uma felicidade genuínia que os unia. Uma cumplicidade especialista em libertar borboletas de abdômem. Aquela celebração banal, quase secreta. Telefones desligados, cortinas fechadas, uma cama de lençóis desfeitos havia mais dias do que conseguiam contar. Ou queriam. Sobre a mesa, frutas, queijos, vinho, aquela paixão meio renascentista. E peças e pedaços de roupa espalhados pelo chão, como fragmentos de uma batalha. Testemunhas de uma pressa, de uma ausência, de uma distância.

De uma promessa. 

Pegariam um avião em uma hora, pouco mais que isso. E seguiriam para lados opostos do país. Como faziam havia tantos anos. Aquela despedida iminente. Os sorrisos sofridos, as lágrimas sempre inesperadas, sussurros, abraços mais apertados.

"Até a próxima vez" pensavam. "Quando, onde for possível".

Olharam-se, os corpos nus ainda entrelaçados, úmidos do banho demorado, unidos por um desejo de alma, não só de carne. Mãos tocando ombros, cinturas, pescoços, cabelos. Uma última imagem, um último registro. Uma poesia de sons, cheiros, sabores. Suor, água, unhas. Palavras órfãs, sem frase, promessas que não se cumprem.

Entraram juntos no taxi, como todas as vezes. Aquele cheiro de couro, de coisa usada. Aquele cheiro de saudade anunciada. Mãos entrelaçadas sobre o banco, como namorados, enquanto as luzes da cidade faziam caleidoscópio na janela do carro. Sinais verdes, vermelhos, cães sem rumo, música de rádio, propagandas de produtos desinteressantes. Uma cabeça sobre um ombro. Um carinho no rosto.

"Seria tarde demais?", pareciam pensar em uníssono. "Seria?"

Pediram que o carro desse meia volta.

Era hora de perder aquele voo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

PARA VER E OUVIR: PABLO ALBORAN ("TE HE ECHADO DE MENOS")

AMOR PLATÔNICO

Emily Blunt. Algo de mutante, de camaleoa, que faz dela um ser meio múltiplo, flutuante, sem formato definido. Ela é a jovem rainha Vitória da Inglaterra e, num passe de mágica, é a assistente de uma temida editora de moda. Ruiva, loira, morena; um rosto marcante, meio máscara, de onde se projeta um par de olhos azuis hipnotizantes. Coisa de água, que dá vontade de pular. Linda, misteriosa, algo de bela e de fera. Mais um amor platônico. 

terça-feira, 10 de julho de 2012

"EU NÃO PRETENDIA TE ACORDAR...

...mas é que eu queria muito te mostrar uma coisa".

ILUSTRANDO

Renoir - "Frau mi sonnenschirm"

domingo, 8 de julho de 2012

PARA VER E OUVIR: PABLO ALBORAN ("SOLAMENTE TÚ")


Alguém para ficar em vista: Pablo Alboran, pop (espanhol) de qualidade com uma pegada cigana incrível.

O PESO DA CAPA

Muitos vestiram essa capa [muitos tentaram]; e alguns até conseguiram. Mas, para mim, Adam West será sempre o Batman definitivo. Do mesmo jeito que nunca haverá outro Superman que não o Christopher Reeve.

sábado, 7 de julho de 2012

sexta-feira, 6 de julho de 2012

ILUSTRANDO

Gustave Caillebotte - "Interior"

terça-feira, 3 de julho de 2012

ILUSTRANDO

Jacques Louis David - "Napoleão em seu escritório"

UM LUGAR PARA VOLTAR

devo ter visto "Darjeeling Limited" (Viagem a Darjeeling), obra-prima, de Wes Anderson um bom punhado de vezes. E me assusto com como a experiência é quase inédita todas as vezes; como se eu não soubesse nada sobre a viagem daqueles 3 irmãos, afastados pelas circunstâncias, em busca de se renovarem e se "reencontrarem" na viagem espiritual mais artificial de todos os tempos. A agridoce essência de Anderson em cada segundo do filme; as relações familiares distorcidas, as figuras materna e paterna idealizadas ainda que absolutamente não-ideiais; as obsessões, ideias-fixas e tudo mais que permeia este filme tão absurdo, surreal e flutuante que preciso (re)ver para acreditar que de fato ele existe. Um filme que figura sempre na minha cabeceira, que me faz sonhar acordado, que transpira inspiração e perfeição. E que usa câmeras-lentas que são simplesmente lindas de morrer.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

2 DE JULHO

Hoje é dia de lembrar que foi preciso derramar muito sangue baiano para que a Independência do país fosse plena. Salve o 2 de Julho!

domingo, 1 de julho de 2012

A MARCHA DA RAINHA NEGRA

Esta é só mais uma história de ninar, como tantas outras, sobre um tempo de heróis e princesas, castelos e batalhas, grifos e dragões. Fragmentos de lendas, misturadas ao longo dos anos, pela língua comum, de modo que já não se sabe ao certo a essência da sua originalidade. Ou mesmo sua utilidade. Uma história sem moral, sem ensinamento. Apenas uma história. E ela começa assim:

A paisagem árida, cinza, melancólica cercava quilômetros ao redor daquela arena. Esqueletos de árvores espalhados por todos os lados, rochas queimadas, apenas chão, apenas barro, apenas cascalho e um vasto céu negro sobre dois vultos dormentes, lado a lado, como amantes.

O grande dragão negro jazia ali, abatido. A cabeça enorme, imóvel, a língua verde musgo, como uma esmeralda fosca, pendendo feito uma cortina entre os dentes afiados como adagas, pingando um líquido viscoso que fazia fumaça ao encontrar no chão. Os olhos cor de âmbar, paralisados, escondidos atrás de pálpebras semi-cerradas. O gigantesco corpo de escamas cor de ônix, duras feito aço, espalhado como uma noite compacta sobre o chão marrom. Aquele colosso. No peito da besta, uma espada cravada, como um broche. Um vapor forte, um cheiro cortante escapando pela ferida aberta pelo aço. Não havia dúvida que o dragão estava morto.

Logo ali, ao seu lado, pequenino, estava o herói desta história. Deitado, imóvel, o peito arfando vagarosamente sob a armadura chamuscada. Onde antes havia aço reluzente restava apenas rasgos num metal queimado, sujo de terra e de sangue. Onde antes havia uma longa capa, pérola e azul, agora estava um trapo rasgado como uma rede de pesca. O elmo, antes orgulhoso, com duas asas adornando as têmporas, agora parecia uma máscara sem forma, fragmentada. E, centenas de metros dali, seu longo escudo, estampado com um leão orgulhoso e o lema "Graça Plena", jazia como uma bandeja velha e imunda.

Ele olhava para o céu, com lágrimas nos cantos dos olhos, incrédulo do seu feito; sorriria se houvesse um músculo em seu rosto que não estivesse completamente exaurido. Fechava os olhos devagar e voltava a abri-los, absorvendo a luz tênue do sol da manhã que começava a banhar os dois combatentes. Aquela luta que, por seus cálculos rápidos, devia ter se arrastado por semanas. E ele até se levantaria para ir embora, caso a sua montaria ainda estivesse viva e se cada osso de seu corpo não estivesse completamente estilhaçado, feito vidro.

A lenda conta que este cavaleiro foi o único herói que conseguiu encerrar o reino de terror da Rainha Negra que, em sua última marcha, havia tomado para si a forma de Zalfatrax, o grande dragão negro. O rei de todos os dragões. Ela havia sido derrotada, até o dia que voltasse para a nova marcha.

Os dias foram se transformando em anos e a história foi virando lenda. As crianças ouviam a narrativa do herói anônimo e ficavam imaginando que forma a Rainha Negra tomaria quando voltasse. "Ela voltará como uma fada, para enfeitiçar todos os homens do reino", diziam algumas meninas. "Ela voltará como uma grande serpente", arriscavam uns meninos. "Ela não voltará nunca mais", diziam os velhos, antes das velas apagadas e dos beijos sobre as testas inquietas. "Pelo menos rezamos todos os dias que não", pensavam em silêncio.

Mas ela voltaria. Centenas de anos depois.

E rapidamente a história correu entre os vilarejos. A Rainha Negra estava de volta e, pouco a pouco, tombavam as torres e castelos. As fronteiras se estreitando, a sombra cobrindo o reino novamente. "Sob que forma ela voltou?", os aldeões suplicavam aos mensageiros. Mas ninguém havia visto quem comandava as hordas selvagens que aterrorizavam o reino. A marcha ganhava cada centímetro do mapa, feito tinta derramada, inundando todos os cantos sob uma névoa tão grossa que quase podia ser tocada. Estava de volta o tempo de culpas e tristezas.

Os exércitos eram dizimados. Soldados sem pernas, sem braços, sem olhos, moribundos, retornando às cidades para narrar novos episódios da marcha. "Ela tem devorado meninos recém-nascidos", diziam alguns. "Ela escraviza as meninas", diziam outros. "Escondam as crianças", todos pareciam concordar.

Até o dia em que ela se revelou. Sombria, os braços compridos como tentáculos. Olhos negros, profundos, abissais, a pele branca como a neve, os cabelos cor de fogo, lembrando serpentes.

* * *

"Os cabelos cor de fogo, lembrando serpentes...", a voz dela, ao seu ouvido o retirou de um transe profundo. Com um salto, ele se virou ao encontro de sua mulher, que lia sua história do seu ombro, como sempre fazia; contra a sua vontade. Pela milésima vez, ele reclamou do hábito impertinente, que tirava a sua concentração e fazia as ideias desaparecerem. Não gostava que lessem nada antes de concluído. Quebrava a mágica, o encanto se perdia.

Ela sorria, como sempre fazia. Um punhado de beijos carinhosos, cócegas e carinhos que derrotavam todos os argumentos. 

"Deseja salvar o documento?".
Não.

O jantar estava na mesa. E ele a acompanhou, rabugento. 

E feliz. É que ele não sabia como terminar aquela história.

PARA VER E OUVIR: BOB DYLAN ("MOST OF THE TIME")


Uma música simplesmente perfeita.

PARA VER E OUVIR: JOHN MAYER ("QUEEN OF CALIFORNIA")

ILUSTRANDO

Georgia O'Keeffe - "Cavalo"

sábado, 30 de junho de 2012

segunda-feira, 25 de junho de 2012

PARA VER E OUVIR: BROOKE FRASER ("THE THIEF")


Mais uma linda declaração de amor de Brooke Fraser. Uma canção que parece derreter ao ouvido... 

"Seus olhos estão transbordam o nosso futuro, 
o ar se transforma enquanto você me olha de maneira intrigante; 
como se eu te conhecesse antes de nos falarmos; 
será que nossos corações sabem algo que nós desconhecemos? 
Conspirando, convergindo, por vontade própria 
[...]
Você me devasta
Com segredos e gestos e jeitos
Com sonetos de segunda-mão
Tocando acordes em mim que ninguém jamais acertou tocar
[...]
Ao invés de me esperar estar disponível
Você invade, você invade
Você invade o meu coração
E eu deixo".

AMAR, VIVER, MORRER

"Restless" (Inquietos), de Gus van Sant ("Gênio Indomável"), definitivamente não é um daqueles filmes marcantes ou especiais por qualquer razão. Não mudará a vida de ninguém. É, em verdade, apenas um relato breve, silencioso, delicado, sobre o amor de dois jovens que descobrem uma inesperada paixão em meio ao entendimento da vida e da morte. E, sob essa perspectiva, este filme, que é praticamente sussurrado na tela, merece atenção.

Na trama, Annabel (Mia Wasikowska) é uma menina doce, sonhadora, naturalista apaixonada por Charles Darwin. Ela então conhece Enoch (Henry Hopper), um rapaz melancólico, de certa forma gótico, que tem o hábito de frequentar funerais. Enoch, que sabemos sofrer com alguns traumas em seu passado, tem como único amigo o fantasma de um piloto de combate japonês, Hiroshi, com quem passa os seus dias.
Uma linda, melancólica e inesperada história de amor

Anabel, que é apaixonada por tudo que é vivo, está morrendo aos poucos por conta de uma doença que não regride. Enoch, que flerta com tudo que é fúnebre, decide ensiná-la a "se preparar". E, no coração desta amizade estranha, surge um doce amor, que une os dois ao redor do desejo desesperado que aquilo que é tão precioso para eles não se acabe.

Anabel não quer partir, tampouco Enoch aceita que ela se vá. Uma paixão que, como o título sugere, deixa-os inquetos. Anabel quer viver mais do que nunca; Enoch, que já havia desistido de viver, decide abraçar essa ideia com toda a energia que tem. E, na contagem regressiva dos dias, os dois são genuinamente felizes.

Este é um filme pequeno, agridoce, ocasionalmente triste, mas ensolarado pela boa atuação dos dois protagonistas. Um filme sobre saudade, sobre despedida, sobre amar algo, alguém, com a certeza que há um fim inevitável no horizonte. Uma história de amor incomum, sobre como o sentimento entre duas pessoas transcende todas as nossas noções de começo, meio e fim. Algo sem nome, misterioso, une Anabel e Enoch e talvez seja justamente isso que me uniu a esse filme.

domingo, 24 de junho de 2012

HISTÓRIA DE AMOR

Você me pediu para te contar uma história de amor. E aqui está ela, que seria como tantas outras, não fosse um pequeno detalhe. 

* * *

Ele estava sentado, no café, como tantas outras vezes; entretido e absorvido pelos seus pensamentos solitários, pela leitura hipnótica, por um punhado de palavras que rabiscava num bloco de notas. O café, em si, esfriava à sua frente, intocado há alguns minutos. As pessoas passando por ele, algumas até compartilhando a sua mesa, sem nada disso resgatá-lo de si mesmo. Até que ouviu uma voz infantil, dirigindo-se a ele de forma imperativa.

"Vou me sentar aqui", disse a menina. "Com você".

Seus olhos imediatamente freiaram diante da frase que lia e se dirigiram à sua interlocutora. Ela não devia ter muito mais que seis anos, cabelos negros feito petróleo, cascateando, levemente ondulados, sobre seus ombros pequeninos. Um vestido florido estampava sua pele branca como papel. E, no centro do rosto marcante, um par de olhos azuis gigantescos, feito duas safiras, emoldurados por uma chuva de sardas pequenas, como um céu cheio de estrelas. Era a criança mais linda que ele havia visto em toda a sua vida. 

"Por favor", ele respondeu, "vou adorar a sua companhia".

A menina sorriu um sorriso largo, evidenciando um dente ausente; um sorriso sincero, inocente, que os adultos desaprendem a oferecer com o amadurecimento. Ela era inquieta, como se estivesse sentada sobre a cadeira mais desconfortável; mexia nos cabelos de forma intrigante - como ele mexia nos seus, em verdade - e fazia perguntas de forma sucessiva, como uma metralhadora, parecendo mais interessada em perguntar do que em ouvir as respostas. 

Ela queria saber que livro era aquele em suas mãos; o que tanto ele rabiscava; porque não bebia o café; que gosto tinha o café; se ele só vestia camisas listradas; se os olhos dele eram azuis-esverdeados ou verde-azulados. Sem muito espaço para responder, ele decidiu também interrogá-la. Queria saber o seu nome; onde estavam os seus pais; se ela gostava de vestidos floridos e o que fazia ali, sentada com um estranho, preocupando a sua mãe e o seu pai.

Ela gargalhava, de olhos fechados, como se fosse dona de um segredo só dela, e que ela não tinha a menor intenção de revelar. Ele percebia que ela olhava em todas as direções da livraria, como se procurasse por alguém. 

"Procurando a sua mãe?", ele inquiriu. 

Ela concordou com um movimento rápido de cabeça, olhando-o de canto de olho e com um sorriso maroto no rosto. Então se levantou abruptamente e puxou-o pela mão. Sem espaço para uma negativa, ele juntou as suas coisas e foi com a menina até uma prateleira.

"Literatura estrangeira".

A menina pediu que ele se abaixasse, para que os dois ficassem à mesma altura. Ele anuiu, ajoelhou-se e, por um instante, pensou que a menina fosse abraçá-lo. Ao invés disso, ela tocou-lhe o ombro, direcionando-o. Ela apontava na direção de uma moça que estava a alguns metros na frente dos dois.

"Vê aquela moça ali? Aquela moça linda? Aquela que está ali, pegando justamente o livro que você está lendo?", a menina apontava com um dedo pequenino na direção da mulher mais atraente que ele havia visto. Cabelos compridos, negros feito petróleo, olhos amendoados e pequenos, uma pele branca feito papel, entretida ela mesma com os seus pensamentos.

Ele respondeu que sim, balançando a cabeça.

"Então. Você vai se aproximar dela, agora, e dizer que ela precisa ficar", a menina o instruiu de forma misteriosa.

Percebendo que ele não havia entendido absolutamente nada daquilo, a menina decidiu aprofundar as suas instruções.

"Veja, vocês dois são especialistas em tomar as decisões mais equivocadas de todos os tempos. Eu só estou querendo ajudar", a menina sorriu, senhora de si.

Ele voltou os olhos na direção da mulher, ainda ouvindo a menina sussurrar em seu ouvido.

"E também porque eu quero muito nascer", a menina o beijou com carinho o rosto.

Ele virou-se, com um susto, mas ela não estava mais lá. Levantou-se, inquieto, olhando em todas as direções, procurando a menina, sem sucesso. Não havia nem sombra dela ali. Havia sobrado uma saudade cortante, uma dor sem explicação, uma lágrima vindo surpreender seus olhos, como se uma parte dele também tivesse desaparecido com a misteriosa menina de olhos azuis e perguntas sem fim.

Enamorado daquele encontro metafísico, respirou fundo e caminhou, a passos lentos, na direção da mulher que, parecendo perceber sua aproximação, virou-se delicadamente ao seu encontro. Os dois se olharam pela eternidade de alguns instantes até ele quebrar o silêncio.

"Você deveria ficar"

E os dois se apaixonaram ali, naquele momento, naquela livraria. E ela, que cogitava deixar a cidade em busca de novos horizontes, decidiu ficar. Anos depois, casados e felizes, ele enfim conheceu a menina, de olhos azuis, cabelos negros e uma boca cheia de perguntas, que seria a sua filha e a coisa mais importante de sua vida.

* * * 

Eis, então, apenas mais uma história de amor, como tantas outras, não fosse um pequeno detalhe. 

Essa é a história de como eu conheci você.

sábado, 16 de junho de 2012

SILÊNCIO, PALAVRAS E SOFRIMENTO

Ocasionalmente, um filme me atropela inesperadamente. São esses filmes especiais, únicos, que eu, por uma razão ou outra, não os dei devida atenção no momento certo. "A vida secreta das palavras" (The Secret life of Words), filme de Isabel Coixet, é um desses filmes.

Com quantas palavras, com que silêncio, é possível medir o sofrimento de uma pessoa? Em que idioma? Com que imagens, com a profundidade de que cicatrizes? Onde habita a dor real, verdadeira? Essa é a pergunta que lateja durante todos os segundos deste filme. Na tela, conhecemos aos poucos a história de Hanna (Sarah Polley), uma estrangeira, fria, surda e que, pelo que entendemos, vive uma vida asséptica, desprovida de emoção. Tudo é ordem, tudo é beje, tudo é repetição.

"Obrigada" a tirar férias na fábrica em que trabalhava há quatro anos sem descanso, sem faltas nem atrasos, Hanna se vê num pequenino hotel litorâneo que, por um acaso do destino, fica próximo de uma plataforma petrolífera que passa por grave acidente. Descobrimos que Hanna também é enfermeira e, por essa aptidão, ela é levada para cuidar de um americano, Josef (Tim Robbins), que está queimado e imobilizado sobre uma cama.

Sarah Polley e Tim Robbins vivem Hanna e Josef, dois seres fragmentados, em busca de se refazerem

Josef é um homem fragmentado e infeliz. E não apenas pelos seus ossos e pele danificados pelo acidente. Ele sofre pelo mal que causou a algumas pessoas, pelas suas escolhas equivocadas. Josef é amargo, irônico, defendendo-se sob a melancolia das suas memórias. Então ele conhece Hanna, uma enfermeira anônima, que se recusa a dizer o nome, a falar de sua vida, a revelar qualquer coisa sobre si. A única coisa que Josef sabe sobre ela é que ela gosta de frango, arroz e maçãs. E só.

A plataforma, agora praticamente abandonada, abriga um punhado de almas infelizes que compartilham o desejo "de serem deixados em paz". Um não lugar, uma ilha metálica de solidão, esquecida do mundo. Esquecendo do mundo. Tentando esquecer. Inevitavelmente, Hanna e Josef trocam memórias e descobrem que estão se "envolvendo" na teia das circunstâncias que os envolvem. Hanna trata das dores de Josef. Mas... e quem trarará das suas próprias? 

Eu poderia continuar e versar sobre a vida secreta dessas palavras, dessas imagens, da mágica que esconde esse filme despretensioso. Eu, porém, escolho calar. Melhor, talvez não consiga mesmo ser muito prolixo a respeito desse filme. Faltam as palavras, sobra a emoção. Este filme não serve para ser "visto", apenas, ele deve ser vivido, sentido. É a única forma. E, por isso, nenhum texto seria eloquente o suficiente para descrevê-lo.

O que posso dizer, sim, é que esta é uma história difícil, que nos mostra como a vida pode nos afogar sob o peso das nossas lágrimas. 

Mas que, também, pode nos ensinar a nadar.


quinta-feira, 14 de junho de 2012

MINHA ALMA INCONQUISTÁVEL


"Do avesso desta noite que me encobre,
Preta como a cova, do começo ao fim,
Eu agradeço a quaisquer deuses que existam,
Pela minha alma inconquistável.

... Na garra cruel desta circunstância,
Não estremeci, nem gritei em voz alta.
Sob a pancada do acaso,
Minha cabeça está ensanguentada, mas não curvada.

Além deste lugar de ira e lágrimas
Avulta apenas o horror das sombras.
E apesar da ameaça dos anos,
Encontra-me, e me encontrará destemido.

Não importa quão estreito o portal,
Quão carregada de punições a lista,
Sou o mestre do meu destino:
Sou o capitão da minha alma."

(Invicto, William E. Henley)

ILUSTRANDO

Jacques Louis David - "Napoleão como Rei da Itália"

terça-feira, 12 de junho de 2012

FILMES PARA O DIA 12

"Serendipity" (Escrito nas Estrelas - o ULTIMATE filme do Dia dos Namorados)

Para todos os casais cinéfilos por aí, mais alguns filmes perfeitos para quem tem alguém para passar o Dia 12 dos Namorados:

"Dream for an insomniac" (Alma de Poeta Olhos de Sinatra)

"The Notebook" (Diários de uma Paixão)
"Before Sunrise" (Antes do Amanhecer)

"Before Sunset" (Antes do Pôr-do-Sol)

"Elizabethtown" (Tudo Acontece em Elizabethtown)

"Garden State" (Hora de Voltar)

"Lake House" (A Casa do Lago)

"Like Crazy" (Como Loucos - com ressalvas...)

"Eternal Sunshine of a Spotless Mind" (Brilho Eterno... - com ressalvas...)

"Love Actually" (Simplesmente Amor)

"Medianeras" (Medianeras)

"Notting Hill" (Um Lugar Chamado Notting Hill)

"P.S. I Love You" (P.S. Eu te Amo)