O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de sua presença.
Nada exige ou pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza,
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.
Ele venceu a dor, e resplandece no
canto obscuro, tão mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
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