segunda-feira, 16 de julho de 2012

NADA EXIGE, NADA PEDE, NADA ESPERA

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de sua presença.
Nada exige ou pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza,
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não.
Ele venceu a dor, e resplandece no
canto obscuro, tão mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

Nenhum comentário: