domingo, 4 de março de 2012

SOMOS ILHAS

"Gostaria de entender porque as mulheres ao meu redor são tão destrutivas", pensa Matt (George Clooney), num momento decisivo de sua vida. Sua mulher, Elizabeth, está num coma do qual não despertará. Sua filha mais velha, Alex, é uma adolescente rebelde e irresponsável. Sua filha caçula, Scottie, é uma criança difícil e temperamental, que começa a causar problemas na escola. Matt precisa aprender a ser pai, quando a vida toda foi apenas o "suplente". No meio do caminho, resolver uma questão burocrática sobre uma venda imobiliária de milhões de dólares do Havaí. E, como se suas mãos já não estivessem cheias demais, ele descobre que sua mulher estava tendo um caso pouco tempo antes do acidente que a levou ao coma.

Em linhas gerais essa é a história de "Os Descendentes" (The Descendants), filme de Alexander Payne (mesmo diretor de "Sideways") e que narra de maneira deliciosa a confusa jornada de um homem de meia idade forçado a repensar - senão refazer - sua vida. 
Pela primeira vez, George Clooney não se leva a sério demais, como um galã irresistível. É, sem dúvida, seu melhor papel até hoje

"Os Descendentes" é a história de um homem só, amedrontado pelo mundo de coisas que parece cair sobre os seus ombros, enfrentando a dura missão de amar, educar (e conhecer) duas filhas que eram praticamente estranhas até a morte de sua mulher. Um filme pequeno, despretensioso, adorável, e que não intenciona contar nenhuma história incrível ou mudar nossas vidas. É um retrato honesto, bonito, de um período turbulento na vida de uma família americana do Havaí. Um esforço conjunto, confuso, em que essas pessoas precisam reaprender que famílias são arquipélagos e que, assim, somos ilhas. Distantes um dos outros, ainda que orbitando uns aos outros.
Uma história como a vida: com as mesmas doses de choro e de riso

Um lindo filme sobre a vida que não é ideal. Sobre como a vida é: com partes iguais de choro, de riso, de lágrima, de dor e de fúria. Sobre o sofrimento de ser um homem só. Sobre o sofrimento de ser uma adolescente. Sobre o sofrimento de ser uma criança. E sobre a delícia de ter pessoas que nos amam ao nosso redor. Porque, sim, a vida pode ser horrível, injusta e assustadora. Mas ela também pode ser uma tarde gostosa, tomando sorvete juntos, sob o calor de uma coberta.

Como ela é, na verdade, na maioria do tempo.

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