Com um susto, a caixa despencou sobre sua cabeça curiosa e seu frágil e desocupado corpo. Não havia razão para mexer naquela pilha de caixas há tanto esquecidas. Aquele amontoado de papelão que fedia à abandono. Mas eis que o tédio foi mais importante e ele se viu coberto por uma chuva de fotografias que caiu sobre seu corpo e se espalhou pelo chão. Então ele parou, abaixou-se sobre um joelho que rangeu melancolicamente, denunciando aquelas boas décadas que já haviam sugado quase todo o azeite de suas engrenagens antigas.
Pegou uma foto com suas mãos meio trêmulas. Não sabia quem estava ali. Quem era aquela mulher? Ele se perguntava, em curiosidade angustiada. O que era aquela mulher? Aquela mulher estranha, pensava. Aquela mulher esquecida, perdida; aquele fragmento de memória. Aquela peça que já não encaixava em canto algum de suas lembranças. Como um lapso, algo que não se sabe ao certo se foi ou se não foi. Algo que lhe tocava, feito ferida velha, cicatrizada de forma grosseira.
Aquela mulher. Ele não sabia quem era.
Até que... como um raio, sentiu seu corpo tomado por segundos de franca lucidez. E seu rosto se contorceu, com amargura.
Era ela. Aquela abandonadora de animais.
Pegou uma foto com suas mãos meio trêmulas. Não sabia quem estava ali. Quem era aquela mulher? Ele se perguntava, em curiosidade angustiada. O que era aquela mulher? Aquela mulher estranha, pensava. Aquela mulher esquecida, perdida; aquele fragmento de memória. Aquela peça que já não encaixava em canto algum de suas lembranças. Como um lapso, algo que não se sabe ao certo se foi ou se não foi. Algo que lhe tocava, feito ferida velha, cicatrizada de forma grosseira.
Aquela mulher. Ele não sabia quem era.
Até que... como um raio, sentiu seu corpo tomado por segundos de franca lucidez. E seu rosto se contorceu, com amargura.
Era ela. Aquela abandonadora de animais.
Um comentário:
a crueldade a gente nunca esquece...
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