quarta-feira, 21 de julho de 2010

PEQUENO FILME DE GRANDES CENAS

"The Last Station" ("A Última Estação") é um filme baseado na biografia do cultuado autor russo Leo Tolstoy. Mas, apesar de se propor a narrar os últimos momentos da vida do escritor, o grande triunfo deste pequeno filme é o seu elenco. Chrisopher Plummer interpreta Tolstoy com muita propriedade e Paul Giamatti convence como o seu melhor amigo, o perigoso Vladimir Chertkov. No entanto, Helen Mirren, como a esposa explosiva e possessiva (Condessa Sofya) e James Mcvoy, como o jovem aspirante a escritor, Valentin, é que brilham (e que, não por acaso, desenvolvem grande cumplicidade na trama). Pertencem a eles duas cenas que, sozinhas, são motivos para se assistir a esse filme. Na primeira, Valentin vai às lágrimas quando Tolstoy pergunta a ele sobre seus textos ("Eu sou um zé ninguém e você, Tolstoy, pergunta sobre o meu trabalho?"). Na segunda, Sofya consegue um raro momento de intimidade com o seu marido, o que rende uma cena engraçada e absolutamente adorável no quarto do casal.

Helen Mirren (Sofya) e James Mcvoy (Valentin) roubam o filme com atuações comoventes

Por fim, Tolstoy não é o que mais interessa no filme (e fiquei em dúvida se isso foi algo intencional ou não) porque "A Última Estação" é, primeiramente, sobre o amor e, consequentemente, sobre os seus complexos desdobramentos. O que o filme retrata, ao mostrar o círculo social dos meses derradeiros de Tolstoy, é uma rede de idealizações intermináveis: um rapaz que se apaixona por uma menina indomável. Um escritor que só tem olhos para o seu melhor amigo. Uma esposa que se sente abandonada e vive em busca de um marido ausente. Um amigo que enxerga Tolstoy como um profeta. Não são relações funcionais do ponto de vista da realidade mas, nem por isso, permitem que sejam estes casos de amor superficiais. Imagino que, justamente, o grande pecado cometido por todos eles, sem exceção, é o amor em excesso. Aqui está um filme muito discreto, dono de uma trilha sonora modesta e tocante e formado por um punhado de cenas memoráveis. Não é a estação final, absolutamente, mas uma parada bem vinda para respirar beleza e calor humano. 

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