Repentinamente é como se a gente fosse acometido por uma tristeza sem explicação (aparente). Uma coisa de humor, mesmo, de inconstância; da humana instabilidade. Algo de depressão e melancolia urbana, devaneios de janela, medos, incertezas e frustrações sobre a vida. Reflexão e meditação sobre a existência, pura e simplesmente. É como se ficássemos meio líquidos, menos sólidos, mais vulneráveis. É como se a guarda baixasse, uma brecha fosse exposta e capitulássemos a algo que sequer conseguimos visualizar claramente. Algo inconsciente, talvez. Mas às vezes falta disposição para a desconstrução da dor. Então ficamos ali, num canto qualquer, meio inertes, com o corte semi-aberto, descoberto, latejando com pensamentos desconexos ou mesmo sem pensamento algum. Um quarto em branco, sem portas nem janelas. Não é essa a sensação? Ficamos parados, à espera da cicatrização de uma abertura que parece não se poder cerzir, na esperança que a chuva que corre em nós passe, também repentinamente, porque assim é a chuva: vem, molha e some. Alimentamos a esperança de que tudo está e ficará bem e seguimos o caminho, "fazendo o que deve ser feito"; as obrigações rotineiras não nos permitem o luxo da alegria ou da tristeza. O luxo da inconstância. Somos soldados mandados dessa estrutura que dependemos e que também depende de nosso serviço. Ou, pelo menos, de nossa disposição. Portanto, em um desses dias de tristeza, em um desses "dias azuis", encontrar o eixo para essa disposição é que se torna algo difícil, um trabalho árduo de equilíbrio sobre cordas invisíveis, que parecem tremer sob os pés, enquanto caminhamos; sem vara, sem rede. Apenas a determinação de fazer o que deve ser feito para, quem sabe, quando menos percebermos, tudo voltar a estar bem. Mas não sei ao certo nada disso; não é uma ciência exata, essas coisas de alma. Não há uma fórmula. Talvez seja algo de fé, mesmo, essa esperança inabalável que diante da angústia sempre aponta a paz de espírito. Porque dizem que "o momento mais escuro da noite é justamente o que antecede a luz da manhã" e que "somos mais fortes quando mais estamos fracos". Deveria ser tudo tão mais simples.
terça-feira, 12 de agosto de 2008
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