terça-feira, 3 de março de 2009

GENGIS KHAN E O FALCÃO

Num dia qualquer, Gengis Khan e sua corte saíram para caçar. Enquanto os guerreiros carregavam arcos e flechas, Gengis Khan levava consigo seu fiel falcão ao braço. Segundo o imperador mongol, aquela ave era mais precisa do qualquer flecha, porque via o que os homens não eram capazes de ver. Aquele, porém, não fora um bom dia para caçar e o grupo acabou voltando de mãos vazias. Frustrado com a caçada sem resultados, Gengis Khan decidiu caminhar sozinho e, após um longo tempo, estava exausto e com sede. Sem encontrar água corrente para beber - os rios haviam secado por causa do verão rigoroso - Gengis Khan encontrou um filete de água que gotejava num rochedo. Rapidamente soltou o falcão e sacou uma taça de prata que demorou muito tempo para encher. Quando ele preparava-se para beber, o falcão lançou-se contra sua mão, fazendo a taça voar longe. Mesmo furioso, Gengis Khan imaginou que também a ave estivesse com sede. Caminhou em direção à taça e voltou a enchê-la, pacientemente. Quando a água estava já na metade, o falcão voltou a atacar sua mão, derramando a taça chão novamente. Gengis Kahn amava aquele animal, mas não podia mais perdoar aquele desrespeito. Sacou a espada da cintura e com um golpe certeiro, atravessou o falcão em seu peito. Ainda decidido a matar sua sede, Gengis Khan subiu o rochedo em busca da fonte. E para a sua surpresa, descobriu uma serpente venenosa morta na nascente. Se ele tivesse bebido daquela água, teria morrido em instantes. O falcão tentava protegê-lo. Ele voltou ao acampamento com o falcão morto em seus braços e mandou fazer uma reprodução em ouro da ave. Nas suas asas mandou gravar: "qualquer ação motivada pela raiva é uma ação condenada ao fracasso".

segunda-feira, 2 de março de 2009

O MEU MUNDO FLUTUANTE

Me pergunto tanto - mesmo mentalmente - a que mundo pertenço. "A que mundo pertenço?". Esse inquieto questionamento é banhado num desejo desesperado de habitar um espaço de segurança plena. Se é que isso é possível. Lar, na essência absoluta da palavra. Home. "Home is where the heart is"(?). Já não sei. É como se pulsasse em mim uma ausência do conforto inegável. O conforto espiritual, físico, emocional. O conforto de poder ser, pensar, dizer, ir, fazer ou não o que bem se quiser. O conforto de um planeta distante das mesquinharias mundanas. Onde o que importa é o plano maior. O conforto de ser amado pelo que se é; melhor, o conforto de não precisar se adequar tanto. Então sinto como se estivesse angustiosamente aprisionado entre dois mundos aos quais não consigo pertencer verdadeiramente. Um, onde há conforto e estagnação. Outro, onde há solidão e movimento. "A que mundo pertenço?". Então descubro que pertenço a esse meu mundo flutuante. Pertenço a mim mesmo. E a jornada é solitária. Sempre solitária.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

BANKSY

Vale muito a pena conferir o site do artista britânico, Banksy, que se tornou uma lenda da cultura pop, com seus grafites bem humorados, sempre com alguma mensagem de contra-cultura. Em seu manifesto, ele cita algo que o resume muito bem: "quando eu era criança, costumava rezar todos os dias por uma nova bicicleta. Até eu perceber que não é assim que Deus age; então roubei uma e passei a rezar por perdão" (Emo Philips).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

LEÃOZINHO

Um filhote de leão de quatro semanas brinca no zoológico de Dortmund (Alemanha). É o primeiro da sua espécie a nascer ali em dois anos. Essa carinha esperta e curiosa me lembrou muito alguém...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

UM PARAÍSO POSSÍVEL E SECRETO

"Filhos do Paraíso" (Bacheha-Ye aseman) é um filme lindo. E isso resume perfeitamente essa mágica história contada em pouco mais de uma hora. O filme, do iraniano Majid Majidi, apesar de falado em persa e ambientado nos subúrbios de Teerã, oferece uma história de valores universais e por isso tão tocantes. É impossível não sucumbir à relação de cumplicidade entre os irmãos Ali e Zahra, que se tornam parceiros e comparsas na divisão diária - e secreta - de um par de tênis velhos. Filhos de uma família muito pobre e muito digna, os irmãos surgem na tela como príncipes. O enredo não poderia ser mais simples. O jovem Ali, que descobrimos ser um menino de ouro, bom filho, bom irmão, bom aluno, perde os sapatinhos (surrados) da sua irmã, Zahra, que estavam sendo consertados. Desesperado, pede que ela não conte aos seus pais o ocorrido, ao que ela concorda - apesar de alguma relutância (mais do que natural). Para sustentar a "mentira" os dois combinam dividir o tênis de Ali, de maneira que ela usa pela manhã e entrega ao meio dia para ele, que corre desesperadamente para não chegar atrasado à escola.
A pequena Zahra, porém, não se conforma de ter que usar "sapatos de menino" na escola, sem contar o fato de eles serem grandes demais para os seus pés. Mas seu irmão fica determinado em resolver esse problema e uma luz de esperança desponta no horizonte: uma corrida na escola, que dará como prêmio, ao terceiro colocado, um par de tênis novos. Eis a solução. Ali promete chegar em terceiro e conquistar o sapato para sua irmã. E aí está o filme. Um terremoto delicado sobre as nossas certezas, padrões e valores. Um filme inesquecível, precioso, belo, que toca facilmente a alma e o coração, fazendo-nos crer que a beleza da vida está justamente na sua simplicidade.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O QUE HÁ SOB O PESO DAS LÁGRIMAS?

Às vezes me pergunto, silenciosamente, o que há sob o peso das lágrimas que vez ou outra despencam dos cantos dos seus olhos. Porque sei que há tanto ali, escondido, disfarçado e, ao mesmo tempo, escancarado e desnudado como se você fosse inquisidora implacável de si mesma. Inquisidora do pecado de existir. São cicatrizes invisíveis que você não gostaria de ter mas que tampouco se incomoda em mostrar. Porque elas também são suas medalhas e condecorações. Pontos no mapa para você se tornar quem é. Mas sei que há um mundo por detrás do peso das suas lágrimas. Um mundo escondido, um mundo secreto, o seu país pessoal, para onde todas as fugas são possíveis. E fico com vontade de ir até lá te visitar, mas não conheço o caminho - acho que acerto chegar até a fronteira. Se eu conseguisse te encontrar, para além da fronteira, eu te diria que não há nada de errado com as suas lágrimas mais sinceras, que parecem fazer chover sobre você como no dia mais nublado do mundo. Como se o tempo estivesse fechado, os ponteiros do relógio parados e você presa ao chão, como uma árvore pensante. E é por isso que elas despencam, as suas lágrimas, como se fossem de chumbo. Lá eu te diria, sem medo, que você não se preocupasse tanto com tantas engrenagens desconexas, com tantas peças fora do lugar. Eu te diria para deixar chover. Porque a mais negra de todas as chuvas não perde seu efeito restaurador, de limpeza e de transição. Porque nem a pior de todas as chuvas é capaz de esconder o arco-íris que desponta, destemidamente, por detrás da tempestade. Era isso que eu te diria.

PARA VER E OUVIR: JASON MRAZ - "DETAILS IN THE FABRIC"

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

AH, ESSES GATOS...

estava o homem do tempo, Jörg Kachelmann, apresentando o seu quadro, avisando do sol e da chuva. E eis que um gato apareceu e ficou roçando nas suas pernas, pedindo carinho. Ora, o que mais ele poderia fazer, além de pegá-lo no colo e terminar seu trabalho dignamente? Descobriu-se que o gato se chama Lupin e pertence a um funcionário da emissora, que estava em férias. Coisa da vida. Ah, esses gatos...

ARTE MONTADA

Acredito que toda a releitura é possível. E um artista italiano, chamado Marco Pece, acaba de de me dar mais uma prova disso. Sua arte está virando febre na internet, porque recria momentos famosos, fotografias, cenas do cinema e obras de arte com as famosas peças de LEGO. Pop art de máxima grandeza. Leonardo da Vinci, Rafael, Vermeer e mesmo Edward Hopper são alguns dos artistas "montados"; parece não haver desafio para o artista.

PARA VER E OUVIR: ASTOR PIAZZOLLA E YO YO MA - "LIBERTANGO"

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

ILUSTRANDO

"A janela do meu atelier (1951)" - Pancetti

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O SOLDADO E A PRINCESA

Era uma vez um reino, cheio de princesas em busca de bons casamentos. Como era de se esperar, cada uma destas moças foi oferecida a príncipes e nobres ideais. Uma delas, no entanto, chamou a atenção de um simples soldado, que se apaixonou perdida e imediatamente. Ele correu ao seu encontro e pediu a mão da princesa em casamento. "Mas um soldado, logo um soldado, tão insignificante e desprovido de qualidades?", pensou a princesa. Mas ele era insistente, dedicado e prometeu amor eterno e verdadeiro. Ficaria ao seu lado até o fim dos seus dias. A princesa então lançou um desafio ao seu pretendente determinado: "espere por mim, sob minha janela, durante 100 dias e 100 noites e eu serei sua". O soldado respondeu prontamente ao desafio e se colocou sob a janela. E lá ficou, noites e dias, sob frio, chuva, calor, vento, neve, poeira. Comia e bebia o pouco que alguns curiosos observadores ofereciam, mas foi ficando fraco e cansado a ponto de nem conseguir dormir direito. Ele apenas ficava lá, irredutível, cumprindo a promessa que o faria vencer aquele desafio. E a princesa o observava, incrédula, com tamanha determinação. "Como ele consegue", ela se perguntava, "ficar tanto tempo sem dormir, sem se lavar; comendo e bebendo tão pouco e já tão maltrapilho como um mendigo?". E durante 99 dias ela observou seu obstinado pretendente esperar, desabrigado e até envelhecido pela hostilidade daquele árduo trabalho. No centésimo e último dia, porém, o jovem soldado se levantou e foi embora. E nunca mais foi visto novamente. E hoje, sua coragem obstinada não passa de lenda perdida na brisa do tempo, contada como história de ninar, recriada e reinventada, todas as noites. "Porque ele foi embora, após esperar todo aquele tempo?", perguntam-se os que ouvem a história pela primeira vez. Talvez seja essa uma pergunta sem resposta. O jovem soldado simplesmente se foi.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

ONDE ESTÁ OPRAH?

O fotógrafo norte-americano, David Bergman, fez algo fantástico: uma montagem de 220 imagens diferentes que, unidas, formam uma mega-foto da cerimônia de posse de Obama. Trata-se de uma foto gigantesca, panorâmica de 1.474 megapixels e que já foi acessada por mais de 2 milhões de pessoas em 186 países. O que é ainda mais genial é a possibilidade de interagir, aproximar, mudar as posições e descobrir cada detalhe, cada rosto, cada pessoa; de cidadãos comuns, até celebridades e o próprio Obama. É como um "Onde está Wally", segundo o próprio fotógrafo. Genial.

PARA VER E OUVIR: PACO DE LUCÍA NO "CONCIERTO DE ARANJUEZ" (DE JOAQUIN RODRIGO)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

ILUSTRANDO

Fevereiro

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

PARA VER E OUVIR: JOHN RZEZNIK - "I´M STILL HERE" - TREASURE PLANET OST

UM POUCO MAIS DE FINAL FANTASY XIII


A Square-Enix acaba de revelar detalhes sobre a interface real de jogo do tão aguardado "Final Fantasy XIII - Fabula Nova Crystallis". No vídeo divulgado, a heroína "Lightning" e demais companheiros podem ser vistos em cenas reais de batalha. Anteriormente, tudo o que se viu foram as tradicionais animações que marcam a série. As imagens confirmam o que todos já esperavam: será o Final Fantasy mais bonito de todos, além de uma natural continuidade às inovações vistas anteriormente em Final Fantasy 12. O lançamento acontece, ainda esse ano, no Japão, para Playstation 3 e XBOX 360. Para os meros mortais do ocidente, fica a espera.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

À ELEGÂNCIA MATUTINA

Sou uma apaixonado  da "elegância matutina". Cabelos desarrumados, mal humor, esperança, preguiça, carência, determinação. Para ver e ouvir, "Her morning elegance", de Oren Lavie, que descobri acidentalmente por aí. E me fez lembrar que é possível ganhar o mundo - muitas vezes - sem sequer deixar a nossa cama...


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

UM BRINDE AOS FILMES "SUECADOS"

"Rebobine, por favor" (Be kind, rewind), de Michel Gondry ("Brilho eterno de uma mente sem lembranças") é um dos filmes mais originais e especiais que vi ultimamente. É a apoteose do pastelão bem feito, aliada a uma história engraçada e que até chega a ser comovente. Uma homenagem ao cinema, e a idéia que os filmes representam em nossas vidas. A importância, a referência, o significado dos filmes. O enredo é curioso: Jack Black - naturalmente - põe uma idéia fixa na cabeça: a usina de Passaic (Nova Jersey) está deixando todos paranóicos e a solução é desligá-la à força. Ao tentar, Black é eletrocutado, o que acaba deixando-o magnetizado. Por conta dos "novos poderes" ele acaba apagando, acidentalmente, todas as fitas VHS da lojinha "Be Kind Rewind", do sr. Ratchet (Danny Glover). O amigo de Black (Mos Def), que trabalha na loja, como balconista, fica em pânico e a solução que os dois encontram para aquele e problema é REFILMAR todos os filmes da loja, na esperança que ninguém perceba o que aconteceu. E não há limite para a criação das novas fitas - chamadas "versões suecadas". "Conduzindo Miss Daisy", "Os caça-fantasmas", "Boys in the hood", "Carrie, a estranha", "Robocop" e até mesmo a ANIMAÇÃO, "O Rei Leão". O resultado é que as "versões suecadas" se tornam um sucesso e toda a comunidade faz fila para ver as novas versões do filmes. "Rebobine, por favor" é uma caixa de risos, que faz bem para a alma, como todo e qualquer filme inesquecível, suecado ou não.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

PRESIDENTE ELEITO: "YES WE CAN"


"Temos deveres com nós mesmos, com a nossa nação e com o mundo. Deveres que nós aceitamos não a contra-gosto, mas que abraçamos com satisfação".


"Sabemos que a batalha adiante será longa, mas tenham em mente, sempre, que, não obstante quantos obstáculos estejam em nosso caminho, nada pode deter o poder de milhões de vozes clamando pela mudança.

Fomos avisados, por um coro dissonante e alarmado de cínicos, que não somos capazes. Eles nos pediram que paremos para uma reflexão realista. Fomos alertados a não oferecer falsa esperança ao povo desta nação.

Mas na história incomum dos Estados Unidos, nunca houve nada falso a respeito da esperança. Porque quando enfrentamos o impossível, quando fomos avisados de que não estamos prontos ou que não deveríamos - ou poderíamos - tentar, gerações de americanos responderam com uma palavra de fé que resume o espírito de um povo: ´Sim, nós podemos´.

Algo de crença, registrado nos documentos inaugurais, que declararam o destino de uma nação: ´Sim, nós podemos´.

Algo sussurrado por escravos e abolicionistas, enquanto se lançavam à luta em nome da liberdade, ao longo de noites de trevas: ´Sim, nós podemos´.

Algo louvado por imigrantes, quando vieram de costas distantes e pioneiros que cruzaram destemidamente o oeste inóspito: ´Sim, nós podemos´.

Algo que os trabalhadores organizados clamaram; mulheres que alcançaram o voto; um presidente que escolheu a lua como nossa nova fronteira; um rei que nos levou ao topo da montanha e apontou o caminho para a Terra Prometida.

´Sim, nós podemos´, para a justiça e a igualdade. ´Sim, nós podemos´, para a oportunidade e a prosperidade. Sim, nós podemos curar essa nação. Sim, nós podemos consertar esse mundo. ´Sim, nós podemos´.

E amanhã, quando levarmos essa campanha ao Sul e ao Oeste; quando descobrirmos que a luta do trabalhador têxtil em Spartanburg não é diferente das lamentações de um lavador de pratos em Las Vegas; que as esperanças de uma garotinha que freqüenta uma escola em ruínas em Dillon são iguais aos sonhos do menino que se educa nas ruas de Los Angeles; nós teremos em mente que algo está acontecendo na América; que não somos tão divididos quanto sugerem nossos políticos; que somos um povo, que somos uma nação e que, juntos, iniciaremos o novo grande capítulo da história dos Estados Unidos, com três palavras que ecoarão de costa a costa, de oceano a oceano: ´Sim, nós podemos´."

CINE-PIPOCA DE PRIMEIRA CATEGORIA

Qualquer um que cresceu nos anos 80 se lembra do fenômeno cultural e de marketing que foram os "Transformers". Até hoje lembro com saudosismo e muita nostalgia dos que eu colecionava apaixonadamente. E confesso que, ainda hoje, um pequenino Optimus Prime resiste - "re-transformado" como imã na minha geladeira. Enfim, o filme de Michael Bay, "Transformers" é fenomenal; cine-pipoca de primeira grandeza. Diverte do começo ao fim, com doses muito bem vindas de humor. Os efeitos especiais e de computação gráfica são de tirar o fôlego e fica difícil perceber os aspectos artificiais nas cenas. E nem o enredo decepciona: seres robóticos, de uma civilização avançada, encontram abrigo na terra e travam aqui uma batalha entre facções: Autobots e Decepticons. Para se lançarem à batalha, cada um dos seres alienígenas se adapta - com uma espécie de "mimetismo genético-eletrônico" - a algum tipo de veículo ou tecnologia humana, desde carros esportivos, caminhões, helicópteros, aviões e tanques de guerra. Parece meio nerd - e de fato é - mas dá vontade de correr para as lojas quando acaba o filme! Por fim, uma história de amor entre um garoto (o ótimo Shia La Beuf) e seu carro (o icônico Bumblebee). Fetichismo masculino e culto à eterna infância perdida. Não é cinema arte, nem de mensagem, nem nada. É o mais puro cinema de entretenimento, Hollywood em sua essência, e que diverte. Muito. E às vezes é tudo que a gente precisa. "Estamos aqui, estamos esperando", diz-nos Optimus Prime. Com o lançamento do "Transformers 2" prometido para esse ano, estamos todos esperando.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

SOBRE O RELÓGIO QUE CORRE AO CONTRÁRIO

Nenhum filme, além de "Lost in Translation" me deixou tão reflexivo, tão sem palavras, quanto "O Curioso Caso de Benjamin Button", baseado em um conto homônimo escrito em 1920 por F. Scott Fitzgerald. Ao ler críticas que qualificavam este como "um dos mais importantes filmes da história do cinema", fiquei semi-incrédulo (tenho um fraco por - boas - críticas) mas imensamente intrigado ao ponto de correr para o cinema já na estréia. E realmente não sei o quão hiperbólica - ou não - é essa qualificação "um dos mais importantes filmes da história". O que sei é que o filme é um tesouro precioso, uma costura perfeita de atuações, direçãom, fotografia, roteiro, efeitos especiais, trilha, sensações, drama, amor, humor. "O Curioso Caso de Benjamin Button" brinca com nossas idéias mais profundas, mais escondidas, sem nos impedir de rir e chorar. Ao tratar na tela a história de um homem que rejuvenesce enquanto todos os outros vão na direção oposta - e natural - vemos ali, desnudas, escancaradas, sem nenhum pudor, nossas fantasias secretas de parar ou voltar no tempo; nossos medos desesperados de termos que um dia dizer adeus para tudo. "É uma pena que não irá durar", diz Brad Pitt, que faz a melhor atuação da sua carreira. Eu poderia falar sobre horas e horas a respeito de como é singular esse filme, como história contada e como arte. Mas ainda agora me faltam palavras, ao passo que transbordam sentimentos e pensamentos. "O Curioso Caso de Benjamin Button" é uma caixa mágica e delicada, que comporta uma infinidade de idéias e homenagens. Uma jóia. Um filme já clássico, já eterno, já marco. Incomparável, inesquecível.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A TRAGICÔMICA VIDA DE UM DONO DE GATO

Eu mal pude acreditar quando vi esses pequenos - e hilários - vídeos de animação "Simon´s Cat". A fidelidade à realidade é absolutamente inacreditável. Só um dono de gato sabe o quão tragicômica pode ser a companhia deste bichinho que não nos cansa de surpreender (ou enlouquecer). Muitos risos. Muitos.

TEMPO QUE PASSA

O tempo passa. E leva tanto com ele. Como se fosse um rio, que corre desenfreado, lavando as margens e levando embora muito do que estava no caminho. Coisas, idéias, que se vão e não voltam. Tanto se perde. Por isso é tão triste sua passagem. Porque é inevitável. É uma sensação de que estão tirando algo das minhas mãos - contra a minha vontade. Quando menos percebemos, o rio tanto já correu e tanto já se foi e tanto se passou que sinto vontade, apenas, de sentar à sua margem e olhar. Coloco meus pés nas águas e deixo-as correr. Não há meios de combater um rio. Ele, simplesmente, passa.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

APENAS UMA VEZ

Que prazer ser surpreendido por um filme tão maravilhoso quanto "Once" (Apenas uma vez). O título faz justiça ao filme que é um daqueles que aparecem "uma vez". É raro, precioso, delicado, poético, sensível. Um encanto aos olhos, aos ouvidos, ao coração, à alma. Não faz rodeios, não enrola, não faz firula, não inventa, não impõe nada. É apenas uma história simples, de pessoas comuns, que dividem juntas um momento mágico. E que, como todos, passa. Como tudo na vida. "Once" é um filme sobre música, é verdade, mas é um filme sobre a vida, a efemeridade dos momentos, a passagem dos eventos e das pessoas que conhecemos e que se vão, sem deixar de nos transformar para sempre. Não é uma história de começo, meio e fim. É um pedaço. É um trecho, uma memória rápida que guardamos no peito e que nos faz sorrir, quando nos pegamos contemplando janelas. É um conto, de amizade e amor, de pessoas que decidem fazer algo mais além da possibilidade de aproveitar um encontro como amantes. Os personagens anônimos do filme nos tocam com delicadeza, ativam nossa humanidade e nos identificamos imediatamente com a pureza e doçura que ainda existe num mundo tão cheio de caos. Sentimos carinho por tudo que há ali: a ótima trilha sonora, os personagens, a atmosfera. Sentimos saudade quando tudo termina e o desejo de sabermos um pouco mais sobre aqueles estranhos, tão encantadores, que estão seguindo com as suas vidas. É um filme raro, que fica, uma vez - e para sempre.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

"GIZMANDO"


Esse final de semana nós decidimos romper com todos os medos e convencionalidades, esquecer da noção capricorniana de razão e bom senso e dar um salto evolutivo em conforto e tecnologia. Saímos juntos da idade das trevas e inauguramos uma nova era na nossa relação com computadores e periféricos. Decidimos "gizmar" em altíssimo estilo. E descobrimos que tudo o que dizem é verdade: once you go Mac you never go back.

MISS DIOR CHÉRIE


Enquanto não costura magistralmente um novo filme, Sofia Coppola oferece um mimo para o deleite dos seus fãs ansiosos. Trata-se da propaganda para o perfume Miss Dior Chérie, dirigido por ela nas ruas de Paris. A modelo que estrela o vídeo é Maryna Linchuk, que corre feliz ao som de Brigitte Bardot cantando "Moi Je Joue". É impressão minha ou a rainha Maria Antonieta ainda impreguina o imaginário de Sofia Coppola? Reflexões de lado, a propaganda é deliciosa e lamento ter somente 45 segundos. Tempo suficiente, no entanto, para quem deseja assistir a qualquer coisa que venha das mãos da diretora mais perdida-na-tradução de todos os tempos.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

IMAGEM DE UMA GUERRA DESIGUAL

Garotos palestinos utilizando estilingues para arremessar pedras contra soldados israelenses, na cidade de Bilin, perto de Ramallah. Essa é uma guerra em que todos estão certos e errados; onde é cada vez mais difícil encontrar uma solução de paz. Todos eles estão com a razão. O fato é: centenas de pessoas inocentes continuam pagando o preço dessa luta que se arrasta há tantos séculos. Pedras contra tanques, eis a imagem de uma guerra desigual.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

TROVÃO TROPICAL

Eu estava aguardando ansiosamente pelo lançamento em DVD do filme "Trovão Tropical" (Tropic Thunder). Infelizmente não consegui ver nos cinemas e, pelo menos para mim, a espera valeu a pena. Não é o filme mais engraçado do mundo, mas tem momentos hilários (histéricos) sem contar um roteiro para lá de original. Polêmicas à parte (honestamente não enxerguei nenhuma), o filme vale pelo menos a locação. A história fala de atores de hollywood que estavam filmando um filme sobre a guerrado Vietnã e acabam reféns de traficantes de drogas. É basicamente isso. As reviravoltas na florestas rendem momentos de reflexão sobre talento, mentiras e até sexualidade. Os efeitos especiais são ótimos, mesmo quando intencionalmente toscos. Ben Stiller dirige e atua (razoavelmente como sempre), Robert Downey Jr. faz um ator australiano com crise de identidade (que acha que é negro), mas Jack Black, como sempre, rouba a cena, como um astro de hollywood viciado em heroína e que, por causa disso, acaba mordendo um morcego no pescoço (só vendo o filme para entender). Por fim, uma crítica ao mesmismo do cinema americano. Ainda assim, uma crítica autêntica, surpreendente e hilária.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

ILUSTRANDO


"Jardim japonês" - Claude Monet

UM MONSTRO PERSEGUINDO A KOMBI AMARELA...

"O Hospedeiro" ("Gwoemul"/"The Host" - 2006) é um filme excelente. Surpreendente. E entendi, perfeitamente, o porquê de tamanha discussão em torno desse filme que tinha tudo para passar despercebido: a) ninguém dá muita bola a filmes de monstro, geralmente; b) qual foi o último filme sul-coreano que assistimos ultimamente? Então, quem diria que um filme COREANO e de MONSTRO poderia fazer tanto sucesso, sendo a maior bilheteria de todos os tempos na Coréia do Sul e um sucesso estrondoso no ocidente? Preconceitos e prejulgamentos à parte, essa resposta é muito fácil: é um ótimo filme. "O hospedeiro" consegue ser um filme de terror muito original, que não abusa da sanguinolência - pelo contrário, sua tensão é muito mais pelo clima do que pelas imagens -, tem um elenco sólido, é bem editado, a fotografia é agradável, a trilha não deixa a desejar, os efeitos especiais são de primeira categoria e a história equilibra com facilidade o humor, o medo e a crítica. A sinopse não é a mais original: cientistas americanos, sediados numa base militar na Coréia, despejam conteúdos químicos irresponsavelmente no Rio Han. Moral da história? O descuido resulta numa mutação genética do tamanho de um caminhão cegonha, que vai à superfície para se alimentar vorazmente de nós, pobres humanos. No meio dessa confusão está uma família pobre, fragmentada, cheia de problemas, mas esperançosa por dias melhores. Quando a pequenina da família é capturada pelo monstro, seus parentes decidem se unir para procurá-la. Enquanto isso, os governos e os militares disparam a informação de possível epidemia, que gera pânico na população. Assim, é um ótimo filme de monstro, com dura crítica à manipulação política, mas que oferece uma roupagem familiar bem original, que se sobrepõe a tudo isso. É como se surgisse um monstro gigantesco perseguindo a kombi amarela da "Pequena Miss Sunshine". Eis a qualidade de "O hospedeiro", que faz desse um filme original e que merece ser visto.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

ACREDITAR

Um filme mágico e especial: "Em busca da Terra do Nunca". Atuações primorosas, fotografia de sonho, roteiro maravilhoso, momentos mágicos de arrancar lágrimas dos olhos. A cena final é inesquecível. Neste mundo de pouca fantasia, onde há tanto para esquecer, a valiosa lição de que não devemos deixar nunca de acreditar.

EM BUSCA DA TERRA DO NUNCA

Acho que estamos buscando - de novo - o caminho de retorno à Terra do Nunca. Não é que perdemos as direções ou esquecemos como chegar. Quem um dia lá pisa nunca a perde de vista. Talvez tenhamos esbarrados em obstáculos e desvios no caminho, que nos deixaram distantes. E longe dela nós crescemos, amadurecemos, envelhecemos, ficamos chatos. Esquecemos como voar, por mais que ainda tentemos conjurar pensamentos felizes. Nosso corpo estica para todos os lados, perde força e desanimamos pelo cansaço dos dias. Esquecemos de combater o Capitão Gancho em detrimento das contas, do supermercado, da gasolina. Deixamos, inevitavelmente, infelizmente, inegavelmente, de ser crianças. E é tão triste isso que a vida nos faz. Porque ao nos distanciarmos por muito tempo da Terra do Nunca, ficamos sujeitos a efeitos colaterais terríveis! Mau humor, intolerância, impaciência, tristezas repentinas e melancolias não muito bem vindas. Lembramos das calorias e desistimos das guloseimas. O trabalho não nos deixa livres para viajar. A rotina nos puxa para baixo, como a gravidade. A grave gravidade, que faz com que seja cada dia mais difícil flutuar. Até que a gente meio que esquece como fazê-lo. Ficamos inertes, deixamos de ser bobos. Mais quadrados, menos redondos. Os dias ficam preto-e-branco e deixamos de procurar o ouro do arco-íris. Ficamos sérios demais, adultos demais. E adultos perdem tempo com guerras, assuntos sérios e chatices sem fim. Aos poucos vamos deixando de apreciar as alegrias banais e os pensamentos inúteis. Porque ficamos "práticos". Talvez por isso nos desencontremos tanto ultimamente, ao invés de exploramos a alegria dos dias de mãos dadas. Estaríamos perdendo o interesse pelas espadas de madeira e histórias de piratas? Precisamos retornar urgentemente à Terra do Nunca. Voltarmos a ser crianças "perdidas". Abrir sem medo o baú de memórias, tirar a poeira das nossas roupas de aventura e despejar sobre elas pó mágico para voarmos alto. Para chegarmos rápido, sem demora, e descobrirmos, novamente, o quanto somos felizes. O quanto podemos ser felizes. Porque é nossa, a Terra do Nunca. Nosso lar genuíno. Nosso começo e nosso fim. Os nós que podemos desatar. Nossos nós. Para sermos aquilo em que somos os melhores. Sermos nós.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

AO ANO QUE CHEGA

Meus votos mais sinceros de descanso ao corpo e à mente. Paz e serenidade de espírito. Calma e controle às angústias do peito. Amor, humor, felicidade, tranquilidade e iluminação. Bênção e proteção no caminho. Saúde e coragem para enfrentar os desafios. E realização, no tipo, quantidade e intensidade que for. Realização.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

AO ANO QUE VAI

Certa vez, recebi uma mensagem de fim de ano que me desejava "nada"; que eu tivesse um ano "cheio de nada" e que ficasse ao meu critério as escolhas, decisões e caminhos para fazer do "nada" o "tudo" que eu bem quisesse. Desejar "nada" numa virada de ano me parece a coisa mais sensata do mundo e talvez por isso eu não me esqueça nunca destes votos. Não é uma questão de meramente deixar de criar expectativas. É muito mais que isso. É começar um novo ano, uma nova corrida pelo calendário, sem planos muito definidos ou metas a serem atingidas. Isso engessa demais aquilo que deveria ser surpresa. E acaba estragando a festa porque, provavelmente, muitos dos planos não serão alcançados tampouco as promessas cumpridas. Não falo isso como um pessimista, mas porque é a realidade dos fatos. Um ano é um ser mutante, que se transforma como um camaleão, de acordo com os eventos que vem e que vão. Desejar "nada", portanto, é absolutamente razoável. Desejo a mim, a todos, a quem interessar possa, um novo ano cheio de "nada", também. E até o ano que vem. Um ano de "tudo".

PARA VER E OUVIR: JOHN MAYER - "IN YOUR ATMOSPHERE" (LIVE IN LA)

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

ILUSTRANDO

"Napoleon I" - Toulouse-Lautrec

LINHAS QUE SE CRUZAM, SEM PUDOR

Posso dizer que somos parceiros. No crime, no amor e na guerra. Amamos e brigamos sem medo de testar os limites. Como gata e cachorro. Uma gata manhosa, misteriosa, delicada, dengosa, geniosa, temperamental. Um cachorro estabanado, sensível, ansioso, carente, de bom coração e alma pura, mas dado às preguiças e os excessos do dia. Mas que juntos funcionam, apesar dos atritos, mas que se misturam sem dificuldade. Porque somos adultos, crianças, técnicos e sonhadores. Alquimistas, astrólogos, tímidos descobridores. Sou vela, você é vento. Sou árvore, você é água. Sou flecha, você arco. Soldados e pacifistas. Somos tudo o que queremos, mesmo quando não queremos ser nada. Nem sair da cama. Adoro quando discutimos com muita categoria os assuntos de que sabemos muito pouco a respeito. Quando refletimos e argumentamos sem titubear sobre coisas que, lá no fundo, nem conhecemos muito bem. Assim discutimos muito da arte, da música, da culinária, da história, do tempo. E nunca somos falsos nem superficiais. Porque, sim, sabemos de tudo, sabemos de muito. Mas não nos ocupamos tanto com os detalhes. E jamais somos falsos. É que nós jogamos pela janela os manuais de instruções, porque preferimos os choques nos dedos às letras miúdas que dizem nada, ou quase nada, para nos guiar do ponto a ao b e então ao c. Somos o que der na telha. Mesmo que na telha não dê nada, apenas chuva. E queremos correr, para todos os lados, em todas as direções, a todos os lugares. Fugimos pela alegria de fugir. E adoramos sair à francesa, sem diplomacia. Não gostamos dos telefones nem das campanhias. Ok, às vezes até gostamos. Preferimos as sombras à luz, em alguns momentos. Em outros, tudo o que mais queremos é o sol queimando o rosto. Somos animais alados e bichinhos tímidos que adoram o calor das suas tocas. Somos heróis e mitologias. Somos signos e estrelas. Príncipes de planetas distantes. Somos cores em um quadro sem molduras. Somos linhas paralelas que se cruzam, todo o tempo, sem pudor. E assim seguimos.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

CAÇADORES DE SONHOS

Por onde começar, ao falar do "Caçador de Pipas"? Apesar de não ter lido o best-seller, já havia me interessado desde o começo pelo filme, ao saber da direção de Marc Foster ("Em busca da Terra do Nunca"). Tenho dificuldade em costurar tudo o que senti ao acompanhar uma história tão comovente, tão contundente e, ao mesmo tempo, tão encantadora. A amizade de Amir e Hassan trouxeram em mim sorriso e lágrima, sem conflito. Os dois meninos são personagens de um tempo e um lugar que parecem ter sido esquecidos por Deus. E esse conto de amizade, que atravessa anos e oceanos, é que faz de o "Caçador de Pipas" uma belíssima história de redenção, sobre o surgimento de possibilidades quando tudo parecia perdido. Numa terra desolada - Cabul, no Afeganistão - Amir retorna, para tentar desfazer equívocos infantis do passado. E o faz, com heroísmo e iluminação. Mas esse é apenas um aspecto, uma viga para sustentar os eventos que se passam. O que é mais importante, nesta história tão importante, é a idéia de que haverá sempre a esperança. E isso nos ensinam as pipas e seus caçadores inocentes. Que mesmo nos céus mais negros ainda pode voar a esperança, porta-voz de que sempre haverá um sol para todos. Essa é uma história apaixonante, sobre caçadores de um sonho. O sonho de um lugar livre, de pessoas livres, onde há música, flores e pipas voando alto, no céu.

SOBRE O AMOR INCONDICIONAL

Naturalmente, fui um dos milhões de espectadores que levaram "Marley e Eu" ao topo das bilheterias no feriado de Natal. Sendo um "dog person" incorrigível e tendo amado o livro homônimo, não teria o menor sentido se eu não fosse ver o filme (e desidratar um pouco os olhos, sobretudo nos momentos finais). A adaptação é fiel e narra belamente as peripécias do "pior cachorro do mundo". Apesar de não ser fã dos dois atores principais, acho que Owen Wilson e Jennifer Aniston não decepcionam, ainda que a estrela principal seja o cão; ou melhor, os 22 cães utilizados para representar o amadurecimento - em 13 anos - de Marley (cujo nome é inspirado no famoso cantor jamaicano). Não há nada de exepcional ali, a não ser uma história de pessoas normais e de um cachorro fora do normal que modifica - para melhor e pior - a vida de uma família inteira. Marley dá todas as provas que é uma catástrofe. Mas, também, de que é uma bênção, um tesouro, um ser que jamais será esquecido. Como não foi. O livro e o filme são provas de que as memórias desta história de amor são eternas. E as palavras do dono, John Grogan, resumem tudo muito bem quando ele nos diz que a um cão basta muito pouco, apenas um graveto. E pouco importa se somos ricos, negros, brancos, pobres. A um cão basta nossa companhia, nosso amor, que ele retribuirá eternamente, incondicionalmente. Só quem experimentou verdadeiramente essa relação tão mágica sabe o poder destas palavras. O amor, a amizade de um cão, é um fenômeno que nem as palavras conseguem explicar. É algo sentido, da alma, do coração.

SEGUNDOS SEM PREÇO


"A Família Savage" (The Savages) é um filme muito interessante. Não é dos mais fáceis de ver, passa longe de argumentos óbvios e de clichês. É dramático, sem apelar ao melodrama. É delicado e introspectivo. Uma imagem triste, de tons gris e frio de inverno, mas que se costura de forma a nos oferecer um final muito bonito. As atuações excelentes de Laura Liney e Philip Seymour Hoffman são convidativas, mesmo num cenário desconfortável: o internamento do pai deles, diagnosticado com alguma espécie de demência. Os dois irmãos, antes separados e vivendo vidas medíocres e egoístas, se vêem obrigados a atender o chamado e cuidar de um pai que foi ausente, mas que precisa de ajuda. Assim, percorremos uma história melancólica, mas com pitadas de humor e sarcasmo - aliás, como é a vida - enquanto vamos refletindo sobre como tudo é tão finito, confuso e passageiro. Existe, no entanto, uma mensagem bonita, muito silenciosa, com pouca publicidade durante o filme. A idéia de que a reinvenção de nós mesmos é possível. E que devemos abraçar mais movimento e aceitarmos a renovação por mais difícil e distante que ela possa parecer. E que cada pedaço da vida, qualquer segundo, qualquer último segundo, não tem preço. E valerá sempre ser vivido. Até o final.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

TOO COOL FOR SCHOOL


Ensaio feito com Obama, nos anos universitários. As fotos da TIME revelam o novo presidente dos Estados Unidos. O presidente da mudança. Definitivamente, "too cool for school".

OUVINDO


Sara Bareilles - One Sweet Love


Just about the time the shadows call
I undress my mind and dare you to follow
Paint a portrait of my mystery
Only close my eyes and you are here with me
A nameless face to think I see
To sit and watch the waves with me till they're gone
A heart I'd swear I'd recognize is made out of
My own devices....Could I be wrong?

The time that I've taken
I pray is not wasted
Have I already tasted my piece of one sweet love?
Sleepless nights you creep inside of me
Paint your shadows on the breath that we share
You take more than just my sanity
You take my reason not to care.

No ordinary wings I'll need
The sky itself will carry me, back to you
The things I dream that I can do I'll open up
The moon for you

Just come down soon
The time that I've taken
I pray is not wasted
Have I already tasted my piece of one sweet love?

Ready and waiting for a heart worth the breaking
But I'd settle for an honest mistake in the name of
One sweet love.
Savor the sorrow to soften the pain sip on
The southern rain
As I do, I don't look don't touch don't do anything
But hope that there is a you.
The earth that is the space between,
I'd banish it from under me...to get to you.
Your unexpected love provides my solitary's
Suicide...oh I wish I knew

The time that I've taken
I pray is not wasted
Have I already tasted my piece of one sweet love?
Ready and waiting for a heart worth the breaking
But I'd settle for an honest mistake in the name of
One sweet love

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

THE GOODBYE SONG

Posso assistir mil vezes a "Lost in Translation" e serei arrebatado mil vezes pela emoção da seqüência final. Um abraço solitário na multidão. O adeus impossível, a certeza de que tudo é efêmero e que temos que nos agarrar desesperadamente aos segundos especiais porque eles nunca mais estarão de volta. "Não voltemos nunca mais aqui; não seria tão divertido". "Encontros e Desencontros" - obra-prima de Sofia Coppola - é a compilação de tudo que me comove. Em uma hora e meia de filme estão organizadas minhas reflexões pessoais mais importantes, meus devaneios mais angustiosos. Meu eterno filme de cabeceira. Número 1 incontestável: a concretização, a materialização, pela primeira vez, de tudo aquilo que eu sempre imaginei só fazer parte do movimento das borboletas inquietas no meu peito. Eis a seqüência final, com a agridoce música do adeus, "Just Like Honey". Uma cena que coroa este filme como uma pedra preciosa incomparável. A cena que vejo, em silêncio, mil vezes.

NASCIMENTO

Faltando poucos dias para o tão aguardando Natal, tive um pensamento óbvio, mas que me comoveu profundamente, como uma epifania. Justamente isso. O "Natal". Percebi, verdadeiramente, que nos juntamos, há mais de dois mil anos para lembrar, com felicidade, o nascimento de um menino, tão pobre, que nasceu em uma manjedoura. Percebi como é poderosa e tocante essa imagem. Essa IDÉIA. E isso independe de religião, de credo, de fé. Falo da força, da importância, deste ser iluminado que um dia veio ao mundo, para mudar o mundo e definir novos parâmetros na história: antes e depois Dele. Já são mais de dois milênios e ainda nos reunimos para celebrar que Ele, um dia, nasceu. Me comove muito pensar o Natal sob essa perspectiva. E faz tudo ser ainda mais bonito.

ILUSTRANDO

"Christina´s World" - Andrew Wyeth

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

"ESTES SÃO... OS ORIGINAIS?"

Em minha opinião, eis a cena mais tocante do filme "Amadeus", sobre a vida do compositor austríaco, Wolfgang Amadeus Mozart. Nela, Antonio Salieri, seu antagonista (fã ardoroso) folheia as partituras originais de Mozart, incrédulo com tamanha beleza e perfeição. Ele se espanta ao tomar conhecimento de que as partituras em suas mãos não são cópias, mas os trabalhos originais, feitos sem uma correção sequer. "Era como se tivessem sido ditadas por Deus". Os olhos fechados, a profunda comoção, a música ecoando APENAS em seus ouvidos enquanto vira página após página, demonstram o êxtase e a surpresa absoluta de Salieri. E, principalmente, a constatação de sua profunda mediocridade; jamais, nem em outra vida, ele conseguiria compôr como Mozart e teria que se conformar com isso. Para mim, essa cena vale cada centímetro do Oscar ganhado merecidamente por F. Murray Abraham.

O MAIS BELO DE TODOS OS DISCURSOS

Para ver, ouvir (e chorar): Kenneth Branagh, no papel do jovem rei Henrique V. A cena se passa em pleno campo de batalha, onde o rei discursa de forma comovente. Trata-se da obra-prima "Henry V", baseada em peça homônima de William Shakespeare. Neste famoso discurso, o rei Henrique clama suas tropas à luta. E em lembrança do Dia de São Crispim, ele oferece palavras inspiradoras para soldados exaustos que acabam fazendo história contra o colossal exército francês na batalha de Agincourt. "We few... we happy few... we band of brothers...".

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ILUSTRANDO

Famosa foto do protesto na Praça Tian'anmen ("Paz Celestial"), em Pequim (1989)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

"ROCKET MAN"


É tão difícil, tão doída, essa vida de astronauta, dividido entre dois mundos. Voando de um lado para outro, e de volta, sempre em busca de algo, mas sempre também deixando tanto para trás. É impossível guardar na palma da mão o que oferecem os dois cantos do infinito, ter todas as estrelas no mesmo lugar. São dois sóis e dois campos de pouso; curtas permanências, pedaços que vão sendo deixados no caminho, enquanto me esforço em guardar outros; é como se eu tivesse uma grande bolsa, com pequenos furos por onde acaba escapando parte do que eu tento guardar. Do meu horizonte solitário reflito sobre o desesperado desejo de não abrir mão de nada.

"I miss the earth so much... I miss my wife..."
"I miss the earth so much... I miss my mom..."
"It´s lonely out in space..."

No fim das contas, é solitária a viagem. E apenas ela garante a ponte entre os planetas, para que se possa fingir "ter tudo" e que tudo está sob controle, enquanto vejo os planetas, tão pequeninos, sob os meus pés. Mais perto do céu, fico também mais próximo de Deus e, assim, dou mais acesso às preces sinceras que digo em silêncio. Para que Ele ouça, quem sabe, o meu pedido de que "estejamos todos juntos, novamente, no mesmo lugar". E enquanto esse dia não chega, sigo voando, queimando combustível por entre os astros, nas viagens contínuas, de um lugar para o outro. E de volta.

sábado, 6 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

BLADE RUNNER

25 anos, chegava ao Brasil um dos filmes mais visionários já feitos até hoje: "Blade Runner". Ficção científica da melhor qualidade, o filme é impactante até hoje. Encanta, instiga, impressiona. Posso ver a gueixa no telão luminoso mil vezes e ainda assim vou achar a imagem um absurdo. É um conjunto de coisas perfeitas: a música incomparável de Vangelis, a fotografia, os planos, o figurino futurista e retrô, os carros voadores, os zigurates gigantescos no horizonte com pôr-do-sol. Sem contar elenco de primeira grandeza, com ninguém menos que Harrison Ford e Rutger Hauer. Até hoje acho a seqüência final um dos momentos mais especiais do cinema; coroada com o comovente discurso do androide Roy; a chuva caindo sobre os dois combatentes, tão exaustos. O céu negro, poluído. A sensação desesperada de apego à vida que está se esvaindo e com ela, memórias tão especiais. "I´ve seen things...". Primoroso e inesquecível.

TENTE OUTRA VEZ...

Eu até tento me esconder, confesso, mas ele sempre me acha. Não tem jeito. Brinco, desfarço, desconverso. Finjo não me importar - e até gostar da idéia. It´s one more, alright. E ainda (e sempre, sempre, sempre) em busca do tempo perdido. Mas tudo bem, não tem problema. Ano que vem eu tento novamente...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

ILUSTRANDO

"Noite estrelada" - Van Gogh

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

FRIENDS

Engraçado. De repente, senti imensa saudade de "Friends". E saudade do tempo em que eu via "Friends". Do contexto. Da circunstância. Da importância do seriado na minha vida de então. Pouco me importa o quão alienado ou submetido à cultura de massa isso me torne. Realmente não me importa. De repente fui tomado por saudade e nostalgia daquelas pessoas, que um dia significaram tanto para mim, e que hoje não faço a menor idéia do que têm feito de suas vidas. Quero dizer, onde quer que eles estejam, no plano dos devaneios surreais. Senti falta deles, hoje.

"SALÃO DOS OSSOS"

Retornar ao "Salão dos Ossos" é necessário, ocasionalmente, para um valioso banho de energia; para o descanso do espírito e bálsamo para a alma. É onde as armas, então fracas, ganham vida novamente. E assim é possível voltar ao combate. Até que, novamente, seja preciso voltar.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

TEMPO QUE PASSA


Esse ano vôou. Cliché inevitável. Ainda ontem eu me realizava com os pequenos mimos e caprichos de Natal, ao redor da árvore recém decorada. As filas nas lojas, as descobertas de última hora; aquela ansiedade infantil, à espera da manhã de presentes e café especial, na cama. Sem contar a esperança diante de um ano que em breve começaria. "O que traria 2008"? Ele trouxe muito. Muito. E tirou pouco, devo confessar em agradecimento. E enquanto adornamos nosso pequeno pinheiro, que se equilibra meio desajeitado sobre a cômoda egípcia, comecei a tecer pensamentos. Aos poucos vejo surgir sob os pés do pinheiro nossos pequenos desejos deste ano, que satisfazem nosso delicioso materialismo. Constato que o ano vôou. Tempo que passa. Amanhã já é ontem. Não tem jeito. E o que trará o 09? Aguardar, sem medo, aprendi.

ILUSTRANDO

"A velha cidade" - Kandinsky