É tão difícil, tão doída, essa vida de astronauta, dividido entre dois mundos. Voando de um lado para outro, e de volta, sempre em busca de algo, mas sempre também deixando tanto para trás. É impossível guardar na palma da mão o que oferecem os dois cantos do infinito, ter todas as estrelas no mesmo lugar. São dois sóis e dois campos de pouso; curtas permanências, pedaços que vão sendo deixados no caminho, enquanto me esforço em guardar outros; é como se eu tivesse uma grande bolsa, com pequenos furos por onde acaba escapando parte do que eu tento guardar. Do meu horizonte solitário reflito sobre o desesperado desejo de não abrir mão de nada.
"I miss the earth so much... I miss my wife..."
"I miss the earth so much... I miss my mom..."
"It´s lonely out in space..."
"I miss the earth so much... I miss my wife..."
"I miss the earth so much... I miss my mom..."
"It´s lonely out in space..."
No fim das contas, é solitária a viagem. E apenas ela garante a ponte entre os planetas, para que se possa fingir "ter tudo" e que tudo está sob controle, enquanto vejo os planetas, tão pequeninos, sob os meus pés. Mais perto do céu, fico também mais próximo de Deus e, assim, dou mais acesso às preces sinceras que digo em silêncio. Para que Ele ouça, quem sabe, o meu pedido de que "estejamos todos juntos, novamente, no mesmo lugar". E enquanto esse dia não chega, sigo voando, queimando combustível por entre os astros, nas viagens contínuas, de um lugar para o outro. E de volta.
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