A primeira coisa a ser dita sobre "Álbum de Família" (August: Osage County) é que, Meryl Streep prova, a cada novo papel, que ela é uma das coisas mais importantes da civilização ocidental. Realmente, não há limite para o talento desta mulher.
Aqui, ela interpreta Violet, uma mãe amargurada e de língua afiadíssima, que se vê novamente cercada por suas três filhas no momento em que "perde" seu marido. Violet, ainda por cima, está morrendo de câncer e, ao invés de aproveitar a presença da sua família como um bálsamo para a sua dor, ela dedica o seu tempo a humilhar, julgar e criticar todos ao seu redor.
Mas o filme não quer que você odeie Violet, ou a rotule como a "vilã". A história retrata uma família caótica, complexa, cheia de esqueletos no armário. Como a sua, como a minha. E Violet é ela mesma vítima de um ciclo venenoso em que os pais passam adiante o lixo dos seus pais. Não raras são as vezes em que ela lembra como a sua própria mãe era terrível - uma cena em particular é de cortar o coração. Assim, portanto, este filme é um retrato fiel, cru, sem disfarces, de como as famílias são: esse encontro aleatório de pessoas que partilham os mesmos genes.
Filme belíssimo, tocante, comovente e engraçadíssimo em alguns momentos, quase sempre por conta da língua incontrolável de Violet que não faz nenhuma cerimônia sobre as suas opiniões. Um filme doído, de atuações muito sinceras (Julia Roberts com a cara limpa, sem uma gota de maquiagem, dá um show como a irmã do meio, Barbara).
Qualquer pessoa que assistir a esse filme se identificará com algo, eu não tenho a menor dúvida. Porque não há nada ali que, de uma forma ou de outra, não tenhamos nós mesmos visto em nossas famílias. E o que a gente faz? Foge? Compra outra família? Apaga e faz de novo? Pois é.
Filme maravilhoso e imperdível.
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