"O pior fim" - dizia o texto rabiscado na folha manchada por café - "é aquele no qual não se verbaliza uma despedida. Fica apenas o corte, o parto, a ruptura. O vazio".
...falling into emptiness...
"Eu o perdi", ela dizia para si mesma diante do espelho pequenino, no seu micro apartamento no centro da cidade, enquanto fazia a maquiagem de mais um dia riscado antecipadamente na folhinha. Após aqueles anos todos, aquele pensamento martelado ao acaso.
"Eu o perdi".
E não era a perda simplesmente por não se estar perto, esta que é facilmente remediada por uma carência qualquer ou um pouco mais de álcool no sangue; ela perdera seu par imperfeito como quem perde algo que cai e que quebra. Como quem perde um dente depois da maioridade. Como quem cessa de existir.
Eles se perderam ao mesmo tempo, ela amenizava, pensando naquela separação sem adeus tão definitiva. A lápide chorosa, coberta de limo. Esquecida.
"Haveria, porém, tantos outros passarinhos coloridos", ela se entretia na janela inventada.
"Menos aquele".
Aquele voou.
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