domingo, 24 de fevereiro de 2013

UM FILME MÁGICO. E BELO QUE DÓI

Uma resenha minimalista para um filme minimalista, porque não acho justo estragar os sentimentos que este filme me provocou com palavras e descrições. "As aventuras de Pi" (Life of Pi // dirigido por Ang Lee) é um filme que transcende a linguagem, a mídia. É um experiência visual que precisa ser vivida, sentida para ser compreendida e apreciada em sua totalidade. É um filme para se ver despido de qualquer julgamento, qualquer expectativa e simplesmente deixá-lo nos levar a onde quer que ele esteja indo.

O filme narra um momento icônico na vida de Pi, que leva este nome em homenagem a um tio que amava uma piscina pública de Paris. Pi, desde criança, era um menino especial, questionador e sensível que, eventualmente, acabou se tornando hindu, católico e muçulmano - ao mesmo tempo. Por um desenrolar de eventos, ele se vê num navio japonês, imigrando com a sua família da Índia para o Canadá. Mas no meio do oceano, o navio vai à pique por conta de uma forte tempestade e, após a tormenta, o jovem Pi se vê no meio do nada dividindo um bote salva-vidas com um tigre de Bengala gigante e feroz, chamado Richard Parker.

Dois companheiros improváveis de viagem

No presente, Pi está conversando com um autor que sofre de bloqueio criativo - de modo que sabemos antecipadamente que tudo acaba bem. Esta linda história, portanto, é sobre o meio, a jornada. E ideia de chegar a algum lugar (seja ele qual for) e a obrigação de dividir o espaço com um companheiro improvável, sobrevivendo por quase um ano no oceano.

Sem sombra de dúvidas, Pi vive uma aventura além do inacreditável, recheada de momentos mágicos, surreais, oníricos e, diversas vezes, assustadores. Seu tigre, eventualmente, acaba passando de ameaça para propósito de vida, até sermos presentados ao final com reflexões profundas, de uma beleza sem igual, que me fizeram querer buscar a companhia de lenços descartáveis, confesso sem pudor. 

A sobrevivência inevitavelmente aproxima os dois companheiros improváveis

Mágico. Um filme mágico. E belo que dói.

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