O que aconteceria se fossem misturados, num mesmo filme, o Diabo e uma história da Agatha Christie? Bom, o resultado - apesar de não passar nem perto de ser um resultado perfeito - seria, sem dúvidas, esse filme: "Devil" (Demônio). "Nada dá certo, quando o Diabo decide fazer uma reunião. Ele se passa por um de nós e vem até a terra para primeiramente atormentar as almas que ele pretende capturar", nos diz o narrador logo nos primeiros minutos.
A trama e o cenário não poderiam ser mais simples: 5 estranhos se veem presos, por acaso, num elevador de um prédio comercial. Seria uma manhã qualquer, chuvosa, na Filadélfia, se não fosse pela série de eventos estranhos que aconteceriam sucessivamente. Primeiro, um suicídio que leva o oficial Bowden a investigar justamente o prédio onde as 5 pessoas estão presas num elevador: uma velha cleptomaníaca; um vendedor de colchões; um segurança; uma mulher misteriosa e um ex-fuzileiro naval. Mas que segredos esses estranhos escondem? E será que, de fato, eles estão presos ali por acaso?
Pessoas comuns estão presas num elevador qualquer, num dia qualquer. Será?
"Devil" não é um filme perfeito, tampouco inventa a roda; mas capturou minha atenção sem esforço. Bem dirigido por John Erick Dowdle ("Quarentena") e produzido por M. Night Shyamalan ("O Sexto Sentido"), o filme consegue criar uma atmosfera de perigo, suspeita, mistério e claustrofobia constantes e com tão poucos recursos disponíveis. Poucas pessoas, alguns metros quadrados de confinamento e, misteriosamente, cada um deles morre estranhamente sob o olhar - de espanto - de todos. As luzes se apagam e eis que surge mais uma vítima.
O que está acontecendo? Alguém os está matando? Realmente existe uma energia maligna tomando conta daquele prédio ou esta é uma mera história de assassinato, com vítimas e um único culpado? "Devil" consegue sustentar esta dúvida até os instantes finais, onde tudo é revelado sem modéstia.
Confesso que me surpreendi muito com esse filme. Esperava bem menos dele e fui "assistindo para ver onde chegava". E, assim, me vi acompanhando os créditos finais. A impressão que tive era que apenas cinco minutos haviam se passado. Este é um filme modesto, enxuto, completamente despretensioso mas infalível na sua missão essencial de tensionar e assustar ao nos fazer refletir sobre o que está acontecendo a aquelas pessoas.
Se você, como eu, decidir entrar no elevador em "Devil", esqueça da claustrofobia e esteja preparado para uma estranha viagem que vai mexer com a sua ideia sobre comuns e inofensivos elevadores. Não chega a ser como "Tubarão", de Spielberg, que conseguiu fazer com que o "mar nunca mais fosse o mesmo". Mas passa perto. Muito perto.
Um comentário:
Mal posso esperar para entrar neste elevador! todos os elementos que aprecio.
Boa resenha,como sempre.
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