quinta-feira, 6 de março de 2008

"MAKE ME A RED CAPE..."


Eu sinto saudades. Não importa o que vem depois desta frase. Eu sinto saudades. Nada contra o estágio atual em que a minha vida se encontra, longe disso, gosto de como os fatos se encaminharam para que eu esteja onde estou hoje, sob todos os pontos de vista. Por que não tenho dúvidas de que estou onde gostaria de estar. Mas naturalmente isso não exclui a minha intrínseca nostalgia de tempos passados em que a minha noção de mundo era mais limitada, mais inocente e, portanto, mais simplificada. Não é o medo de "crescer, procriar e morrer". Bom, talvez até seja, mas está além disso. É uma saudade "do que passou", como um sabor, cheiro, sensação que fica apenas na memória, apenas como lembrança de algo que não se pode ter, uma vez que é um tempo ao qual não se pode retornar. Sinto uma mistura de melancolia com a dificuldade em dizer adeus, desapegar de pedaços do caminho que certamente me fizeram ser quem sou mas que lamento estarem tão longe hoje em dia. Não se trata (totalmente) de uma "crise de 1/4 de vida", mas é que as prioridades, as obrigações e as dificuldades da vida adulta tomam conta da existência como conseqüência do amadurecimento e os prazeres também são outros, bem como os jogos e toda a política de "ser adulto". Nada contra isso também. Afinal, há um sem número de ganhos interessantes também - dormir com alguém, dividir a vida, ter a companhia de alguém é um exemplo. Mas faz falta, lamentavelmente, aquele tempo em que as complicações da vida se resumiam em férias, lanches, tarefas de escola e corações partidos. Não havia contas a pagar nem o trabalho, os compromissos, ter que fazer a média, os sapos a serem engolidos crus. Lembro com saudade carinhosa, inevitavelmente, dos meus anos de capa vermelha - literalmente - em que ter 6 anos de idade era basicamente a minha única obrigação. E sinto saudade, às vezes, deste tempo, desejando que a vida adulta fosse um pouco mais como 1985.

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