domingo, 31 de outubro de 2010
PAPO DE GATO
Para outubro terminar como começou. Com um "papo de gato", novo vídeo do Gato do Simon.
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
MUNDOS MUDOS
Ser deixado sozinho no carro, quando criança, foi uma experiência aterrorizante para o fotógrafo Martin Usborne. Ele simplesmente achou que seus pais nunca mais voltariam e essa imagem ficou guardada para sempre no seu imaginário. Esse pensamento, eventualmente, o levou a refletir sobre a incapacidade dos animais de falarem, o que os deixa tão vulneráveis e indefesos. Algo que o próprio Napoleão Bonaparte também se questiona em suas memórias (o que querem dizer os animais?). A partir desta ideia, surgiu o ensaio "Mute: the silence of dogs in cars" (Mudo: o silêncio dos cães nos carros). O resultado é surpreendente.
Marcadores:
Cultura e Arte,
Fotos e Fatos,
Idéias e Reflexões,
Microblogging
terça-feira, 26 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
A DELICADA TRILOGIA
Quanta beleza, quanta eloquência, quanta delicadeza espalhadas por estes três filmes tão especiais que tive o grato prazer de rever. Na primeira vez que vi, anos atrás, não dei devido valor a esta mágica trilogia; mas a idade favorecia isso (acho que não tinha nem 15 anos quando vi pela primeira vez). Não havia apurado o paladar, acho. Hoje, com tantos mais anos e um olhar muito mais apurado, tive o deleite de redescobrir a "A Trilogia das Cores" ("Bleu, Blanc, Rouge") como ela deve ser apreciada: como uma experiência cinematográfica.
Juliette Binoche, maravilhosa como sempre, em "Azul".
São três filmes, escritos e dirigidos com grande maestria, por Krzystof Kieslowski. "A liberdade é azul" (Bleu); "A igualdade é branca" (Blanc) e "A fraternidade é vermelha" (Rouge). Três histórias sobre pessoas comuns, em situações incomuns, com destinos entrecortados pelas ruas de Paris. Os três filmes, porém, não são sequências um do outro; muito mais um panorama em três partes sobre uma profunda e extremamente comovente reflexão sobre a dor de existir. No caminho, vida, morte, sexo, perdas, traições, decepções, descobertas. No entanto, apesar de não haver uma lógica linear entre os três, eu acredito que é ideal assistir os filmes conforme a ordem das cores da bandeira da França: Azul, Branco e, então, Vermelho.
"Branco": uma surpreendente história de amor e vingança
Assistindo nesta ordem, acredito, há uma percepção mais completa do que as três histórias querem construir. E há uma cadência muito evidente neste sentido. Em "Azul", vemos uma história se desenrolar com muito cuidado, lentamente, em explosões contidas, tendo o tom azul marcando uma história melancólica e dolorida, vivida pela sempre maravilhosa Juliette Binoche. Uma mulher precisa aprender a lidar com a perda de sua família e encontrar na sua dor a sua libertação. Um filme silencioso, discreto, comedido, como um cristal que pode se quebrar a qualquer momento.
Em "Branco", o tom muda um pouco, fica mais ensolarado, ainda que carregue um pouco da melancolia deixada por "Azul". Acompanhamos o fim de um casamento entre um polonês e sua mulher francesa e os desdobramentos deste suposto fim de relacionamento. A imensidão gelada da Polônia cobre o filme com um grande manto branco que também é reforçado pela metáfora do casamento (vestido branco, véu branco). É encantador acompanhar as surpresas que a vida traz para o pobre Karol, um imigrante completamente perdido na tradução que chega a virar sem-teto em Paris por breves momentos até que o destino mostra que os homens são todos iguais e a história se transforma como mágica, como sonho. Um filme que, pouco a pouco, prepara o terreno para a explosão em vermelho a seguir.
Por fim, "Vermelho" é um deslumbramento. O filme é fiel à cor e trata de amor: fraterno, amoroso, do cuidado entre os seres humanos; a dignidade (ou a perda dela). É um vermelho de paixão que se reflete em inúmeras situações em torno de uma modelo que se vê presa entre o resgate de uma cadela atropelada, a amizade com um juiz excêntrico, o cuidado a um irmão problemático e a necessidade de reinventar a sua própria vida do outro lado do Canal da Mancha. Como nos outros dois filmes, a cor vermelha desfila pelas cenas só que de forma mais intensa, uma real explosão que não nos deixa esquecer em nenhum momento o tom que marca a história.
"Vermelho": um deslumbramento do começo ao fim e um final comovente para esta delicada trilogia
A experiência de ver os três filmes de uma vez, em sequência, rende uma grata satisfação ao final. O desfecho, a costura final, é surpreendente e comovente de uma forma como poucos filmes me tocaram. É uma beleza inacreditável, transpirada nos instantes finais, como uma constatação óbvia, mas ao mesmo tempo, surpreendente. Uma reflexão sobre a dor de existir. E, ao mesmo tempo, uma ode a ela.
domingo, 24 de outubro de 2010
O INOMINÁVEL SEGREDO DE GASPAR SOLANO
Gaspar odiava seu trabalho, sua vida, mas especialmente, o plantão da quinta-feira. Odiava. Todos odiavam. Era o notório "plantão solitário". Ninguém, absolutamente ninguém, ficava no Instituto Médico Legal a não ser pelo solitário plantonista. Nem mesmo o idoso segurança, que justamente neste dia tirava a sua folga semanal. O plantão da quinta-feira era uma longa noite de silêncios sepulcrais e barulhos eventuais que, misteriosos, faziam gelar a espinha.
Nunca havia acontecido um dia sequer de ação no plantão da quinta-feira. Nada de atropelamentos na madrugada; corpos baleados, esfaqueados, indigentes perdidos. Nada. Era como se houvesse um acordo com os astros. Na quinta-feira, o solitário plantonista não teria direito a qualquer diversão que não a sua própria companhia, café velho, água quente e uma pequena televisão cheia de chiados e fantasmas.
Gaspar chegou para o plantão e encontrou todos, de maletas e bolsas prontas, despedindo-se com contagiante satisfação. Todos saiam, ele entrava. O velho prédio colonial, de paredes carcomidas, chão de assoalhos soltos e janelas embaçadas tinha um aspecto de mausoléu. Um ouvido mais atento - ou atormentado - juraria que os corredores respiravam, calmamente, por entre as sombras. Curtas passadas de vento davam a impressão que transeuntes anônimos passeavam por ali. Dobradiças rangendo, cortinas puídas dançando, estalos na tubulação velha e um grande salão de armários e geladeiras repletas de corpos. Era preciso muito sangue frio para aguentar o plantão da quinta-feira e Gaspar ainda tinha suas dúvidas se tinha condições para isso. O aluguel ao final do mês, porém, não deixava muita opção.
Chovia forte. Trovões eventuais e um vento mais forte espancando as janelas velhas faziam Gaspar saltar da cadeira como se tivessem jogado água quente em seu colo. Murmurava um punhado de palavrões feios e praguejava contra o emprego como quem faz uma oração.
A única atividade oficial da noite já havia sido feita: catalogar a última entrada do expediente, um homem de meia idade, cabelos brancos, sem marcas no corpo, sem documentos, bem vestido, encontrado morto na calçada por volta das 23h. Uma comprida etiqueta pendia do dedão azulado, como um mórbido colar. Gaspar deu um pequeno tapa na etiqueta, que balançou rapidamente, enquanto fechava o armário da câmara fria com desinteresse. O fecho estava quebrado e era preciso dar uma pancada forte, que parecia reverberar o edifício inteiro. Não havia nenhuma outra gaveta livre e Gaspar teve a certeza de que a porta não estava devidamente fechada. No dia seguinte, possivelmente, ninguém iria suportar o cheiro e, quem sabe, haveria algumas horas livres longe daquele lugar esquisito e fétido onde um punhado de pessoas infelizes ganhavam a vida.
Desceu, sem pressa, para a pequena sala na recepção, no andar inferior. Encostou-se na cadeira, pôs os pés descalsos sobre a mesa, e em poucos instantes já pestanejava diante de um diálogo monótono num destes filmes da madrugada que só damos algum valor em noites insones. Nem percebeu quando já dormia profundamente.
Barulho. Alto. Forte. Dezenas de objetos derramados no chão.
Gaspar levantou de um salto da cadeira, ainda confuso, sem saber separar sonho e realidade. Praguejou por conta do susto e pôs a mão no lado esquerdo do peito, que metralhava num compasso frenético e embriagado de adrenalina. Não havia nenhuma explicação para aquele barulho no piso superior, como se crianças estivessem brincando num quarto pequeno. E Gaspar sentiu medo. Muito medo. Enxugando um punhado de lágrimas curtas que, surpreendentemente, nasciam no canto dos olhos, teve a certeza, enfim, de que não queria ficar mais naquele lugar. Engoliu seco. Pegou uma lanterna que engasgava e uma vassoura.
E subiu, passo ante passo, pés descalços sobre o assoalho frio, como se houvesse uma gravidade diferente na escada. Ou melhor, como se não quisesse completar o percurso. Do final da escada, avistou uma luz ao final do corredor. De onde guardavam os cadáveres. Sentiu o coração acelerar em sua boca. A saliva desapareceu. As mãos tremiam e orações mal fundamentadas não ajudavam em nada em seu espírito que misturava pavor e curiosidade. Seguiu em frente, a passos curtos, como se a gravidade elevada da escada estivesse contagiando o corredor. Mais barulho de objetos derrubados. Queria e não queria descobrir a origem da luz.
Ao chegar na porta, posicionou o seu corpo como uma criança que tenta espiar aquilo que os adultos não a permitem ver. Esgueirou-se e, ao posicionar o olho esquerdo dentro do cômodo, avistou um homem nu, estirado no chão, ao pé de uma mesa virada, com diversos instrumentos espalhados no chão. O homem balbuciava alguma coisa e, ao ver a presença trêmula de Gaspar à porta, estendeu a mão azulada como que em súplica. "Me ajude...".
Foi quando Gaspar percebeu que aquele era o último homem da noite, que havia sido encontrado logo no começo da madrugada e dado como morto. Possível parada cardíaca. Praguejou novamente a incompetência decorrente do desespero em se encerrar o expediente. Ele havia trancado um homem vivo, entre os mortos, e para o seu azar ou sua sorte, o fecho quebrado permitiu um último suspiro de liberdade aquele homem nu, sem nenhuma dignidade, deitado no chão não como homem, mas como algo.
Gaspar esqueceu do medo, do pavor, do susto. Havia se tornado um homem prático naquele instante. Correu ao encontro do homem, segurou o seu braço e o ajudou até uma cadeira. O corpo gelado tinha uma textura diferente ao toque; parecia realmente segurar um pedaço de carne num frigorífico. O homem continuava balbuciando coisas sem sentido e sem responder a nenhuma de suas perguntas práticas. "Nome?", "família?", "o que houve?". Enrolado num lençol amarelado, o homem voltava à razão quando Gaspar percebeu sinais de embriaguez.
Num lapso curto de pensamentos encadeados e concretos, o homem explicou o pedido urgente de ajuda. Falou sobre uma intriga confusa de homens e dinheiro que levou Gaspar a pensar em filmes sobre a máfia, enquanto o homem falava sem parar à sua frente. Mas voltou a atenção rapidamente ao narrador quando ouviu as palavras "carro, mala, duzentos mil dólares, chave, escondida". O homem estava pedindo auxílio para recuperar o dinheiro guardado num carro na rua e fugir. Naturalmente, Gaspar seria remunerado por sua ajuda providencial.
Breve silêncio. Os dois homens se entreolhavam com a chuva espancando a janela atrás deles. Gaspar olhou-o, com olhos de gato, olhos amarelados, de cálculo e pensamentos distantes, assentindo vagarosamente. Apontou um avental para o homem, jogado no chão ao lado dos refrigeradores. "Para você cobrir o corpo". E caminhou, lentamente, para a vassoura encostada na porta. Segurou-a como quem empunha um instrumento de esporte enquanto o homem se curvava com dificuldade, expondo ainda mais a sua frágil nudez.
* * *
Não havia jeito, a porta da gaveta só fechava com um solavanco forte, que fazia o prédio tremer. Último cadáver da noite. Possível parada cardíaca. Sem documentos.
Na manhã seguinte, Gaspar não foi mais trabalhar.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
terça-feira, 19 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
OS COELHINHOS SUICIDAS
Para quem não conhece, algumas imagens engraçadíssimas dos coelhinhos suicidas, do livro "The Book of Bunny Suicides: Little Fluffy Rabbits Who Just Don't Want to Live Any More" ("O Livro dos Coelhinhos Suicidas: coelhinhos fofinhos que simplesmente não querem mais viver"). Trata-se de uma coleção de ilustrações hilárias, no melhor humor negro, de Andy Riley. Completamente genial.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
QUARTA-FEIRA COM CHUVA E RISO
Acordei hoje com saudade da maravilhosa Maria Alice Vergueiro. "Tapa na pantera" ainda é, para mim, uma das coisas mais engraçadas que a internet já viu.
terça-feira, 12 de outubro de 2010
PARA VER E OUVIR: JOHN MAYER ("ASSASSIN")
Pode não parecer, mas é um fan video. Excelente por sinal.
sábado, 9 de outubro de 2010
CINEMA DE ALTA COSTURA
Recentemente, eu assisti ao filme nacional "Do Começo ao Fim" que, com seu argumento polêmico, se propunha a ser uma peça de impacto ao narrar uma relação homossexual e incestuosa. No entanto, é um filme insosso e incapaz de chocar ou comover em qualquer aspecto. "Direito de Amar" (A Single Man) é tudo o que o nacional "Do Começo ao Fim" poderia - e gostaria - de ter sido. Eis um filme igualmente de temática polêmica, que retrata as dores e angústias de um professor de inglês homossexual em plena década de 60. "Direito de Amar" comove como uma peça de arte que independe de seu assunto, porque ele não tem o menor interesse em falar do amor entre dois homens puramente, mas do amor como uma expressão verdadeira da natureza humana. E, neste sentido, o filme é um espetáculo para os olhos e os sentidos do começo ao fim. E há muitos motivos que justificam isso.
Discreta homenagem de Tom Ford a Hitchcock, com cena de "Psicose". "O medo é o centro da questão"
O primeiro - e talvez mais importante - motivo é o fato de "A Single Man" ser escrito e dirigido por Tom Ford, estreante no cinema, mas veterano ícone da moda que ganhou renome à frente da Gucci. E Ford consegue transpor toda a sua sensibilidade e delicadeza diretamente dos seus traços e cortes para a esta sua primeira tentativa como diretor. Fica evidente, já nos primeiros instantes do filme, que há um esteta exigente e perfeccionista por trás das câmeras; um homem de alma feminina que consegue comunicar com honestidade a paixão, o amor e a devoção que dois homens podem sentir um pelo outro. Homossexual assumido, Ford não se priva em nenhum momento de conduzir o seu filme com a mesma marca com que sempre conduziu a sua moda. Este é um filme de alta-costura.
"A Single Man" é inspirado num polêmico livro dos anos 60. E quase um monólogo brilhante para Colin Firth
O filme é baseado no romance autobiográfico de Christopher Isherwood, que gerou grande repercussão na década de 60 ao retratar a história de um professor homossexual que não consegue atravessar o luto pela perda de um companheiro com quem viveu por 16 anos. No papel principal, do professor George Falconer, está Colin Firth, possivelmente em seu melhor momento. Firth está sereno, bonito, comedido, com gestos delicados mas jamais afetados e que nos dão a certeza necessária para nos relacionarmos com a dor daquele personagem na tela, absolutamente devastado pela saudade e ausência do seu verdadeiro amor. O filme é praticamente conduzido sozinho por Firth, como um monólogo (inclusive narrado em muitos momentos por ele). Mas há importantes participações, como Julianne Moore, que interpreta Charlotte, um amor passado e sua melhor amiga; e Nicholas Hoult que cresceu muito (ele é o garotinho de "Um grande garoto", com Hugh Grant) e vive um estudante que parece conseguir vencer um pouco das barreiras que o professor Falconer ergueu ao redor de si mesmo.
Julianne Moore é um acessório de luxo nesta peça de alta costura cinematográfica lindamente criada por Tom Ford
Tom Ford nos leva, com muita habilidade, e imensamente apoiado no talento de Firth, numa jornada extremamente bela e tocante sobre um homem que, por falta de qualquer expectativa, decidiu morrer. Não há nada mais que pareça prender George no mundo e ele planeja minuciosamente seus últimos passos. A saudade, a ausência, a perda, fazem com que ele sobreviva aos dias e ele cansou desta árdua tarefa. E apesar deste enredo melancólico, não há absolutamente nenhuma grama de melodrama ou comoções forçadas.
A estréia de Tom Ford no cinema é um primor
Vamos apreciando, lentamente, as memórias de George - com o uso de flashbacks precisos e elegantes - e assim compreendendo o peso e a profundidade de sua dor. A apresentação é supreendente quando paramos para lembrar que é um diretor inexperiente que está conduzindo esta história. Percebam a trilha sonora delicadíssima, os enquadramentos, o figurino obviamente perfeito, as nuances e variações de cor que ilustram as emoções de George quando ele está triste, emocionado, excitado. A paleta de cores se transforma na tela - e de uma maneira sutil e talvez imperceptível para alguns - de uma forma como eu não me recordo de ter visto antes. Não consigo pensar, honestamente, o que mencionar contra "Direito de Amar". Ainda que não seja um filme perfeito (que filme é?!), Tom Ford ingressa no mundo do cinema com uma pequenina obra de arte que merece ser vista por todos. É um filme de temática gay, claro, mas esse detalhe me passou despercebido durante os breves 90 minutos de filme. Comovente, muito comovente, esta história que o Sr. Ford decidiu nos contar. E uma experiência cinematográfica que ninguém deve deixar passar. Um filme que fica. E absolutamente imperdível.
MÃES E MÃOS
Quando era criança, ele sempre pedia a sua mãe que o fizesse animais de papel-cartão, ao que ela, tão habilidosa, atendia prontamente. Girafas, gaivotas e elefantes. Animais de papel, dobrados com mãos quase japonesas.
Mas ele reclamava, com convicção, porque ainda que os animais surgissem com perfeição, nasciam sempre manchados e nunca ficavam branco-algodão, como ele exigia. Ao que sua mãe respondia, tão carinhosa, "que talvez eles estivessem brincando na lama".
* * *
Quando se despediu de sua mãe, pela última vez, lembrou de seus animais de papel. Um pensamento inesperado, que o atravessou por completo, como um relâmpago. E soluçou baixinho, não somente pela ausência mas porque compreendeu, apenas então, "que ela cortava os dedos ao fazê-los".
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
SURPRESAS DE UMA JANELA
Uma inesperada - porém momentânea - mudança no trabalho me trouxe uma oportunidade coroada de borboletas na barriga, confesso. Mas eis que descobri hoje, ao final do dia, que há um parque de diversões na minha janela. E ele brilha, incandescente, como se todos os dias fossem Dia das Crianças. E me ajudou a lembrar que - ainda que me assustem bastante - também me agradam as surpresas...
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
"APRESENTANDO O HARVEY"
(Mais) um destes casos de propagandas maravilhosas. A essência da boa publicidade.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
"O BRASIL TE CHAMA"
Vídeo de promoção internacional do Brasil como chamada para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016. Filme da Embratur produzido por ninguém menos que Fernando Meirelles. De arrepiar dos pés à cabeça.
domingo, 3 de outubro de 2010
MEU MISTÉRIO
Certa vez, eu ouvi dizer que o segredo de todos os relacionamentos amorosos é o mistério. A maneira como conseguimos surpreender, encantar, despistar e, assim, manter o mistério. A capacidade de não entediar os nossos parceiros seria a chave do sucesso.
E eu acho que isso é absolutamente correto. Preciso. E lamento, de certa forma, não ser tão qualificado nesse aspecto quanto você. Até acho que tenho meus truques e vejo que muitas vezes não te deixo bocejar na platéia. Mas você, mais do que ninguém, sabe que eu não me privo de algumas piadas repetidas.
Você não. Você é inédita, sempre. Porque não há nada, simplesmente nada, repetido ao seu respeito. Você é imprevisível, inconstante. Riso e raiva. Você é volátil. E, assim, completamente misteriosa. E eu te sigo, onde quer que você vá, ansioso, curioso sobre o seu próximo passo. Porque o seu mapa é mutante. E, ainda que você me dê pistas e desenhe caminhos, jamais encontrarei o "X" que marca o lugar. Porque também os seus "X" se mudam. Seus tesouros se desenterram e se enterram novamente em lugares diferentes.
Porque eu te compreendo sem te compreender. E te leio, ainda que eu perca muito nas traduções. Hoje, após esses anos todos ao seu lado, posso dizer que sou fluente em você. Mas isso não me impede de confundir a cabeça entre os dialetos que você inventa ao longo do dia. Como mulher, menina, mística, mestra, você carrega o "M" de mistério nas veias, como DNA.
O jogo de xadrez invencível, a maior estrategista despida de estratégias de todo o planeta. Porque você não planeja, não antevê, não estabelece. Você se arrisca, salta ao abismo, e descobre no caminho uma forma de sobreviver à queda. A queda que você transforma em voo porque sabe que, mesmo que dê tudo errado, você tem a mim, lá embaixo, para te amparar nos braços. Porque eu, estabanado planejador, na tentativa de antever os seus saltos, me posiciono logo abaixo para te dar segurança.
E percebo que essa nossa matemática funciona, ainda que de uma forma meio louca, até hoje. Sinto isso em cada centímetro e segundo do meu corpo, porque quando eu te beijo é como se eu estivesse conhecendo o seu beijo pela primeira vez. E quando sinto o cheiro da sua pele e a sensação do seu cabelo em meu rosto é como se tudo isso fosse novo. E ainda adoro a sua risada e ainda sinto borboletas na barriga quando vejo que é você no meu celular.
É essa arte que você parece trazer tatuada em sua alma, de ser nova todos os dias para mim. Eu te entendo sem te entender, apanho sem cometer crime algum, te faço rir sem intenção e me pego, assim do nada, como hoje, tentando imaginar como será você daqui a mais cinco anos. E percebo, subitamente, o quão difícil é fazer essa previsão. Porque, honestamente, não sei como você será daqui a cinco horas. E sigo, assim, fiel, como seu mais ávido leitor, aguardando pelas próximas linhas e capítulos que você até me permite protagonizar. Seu mistério está em ser. E o meu mistério é você.
E eu acho que isso é absolutamente correto. Preciso. E lamento, de certa forma, não ser tão qualificado nesse aspecto quanto você. Até acho que tenho meus truques e vejo que muitas vezes não te deixo bocejar na platéia. Mas você, mais do que ninguém, sabe que eu não me privo de algumas piadas repetidas.
Você não. Você é inédita, sempre. Porque não há nada, simplesmente nada, repetido ao seu respeito. Você é imprevisível, inconstante. Riso e raiva. Você é volátil. E, assim, completamente misteriosa. E eu te sigo, onde quer que você vá, ansioso, curioso sobre o seu próximo passo. Porque o seu mapa é mutante. E, ainda que você me dê pistas e desenhe caminhos, jamais encontrarei o "X" que marca o lugar. Porque também os seus "X" se mudam. Seus tesouros se desenterram e se enterram novamente em lugares diferentes.
Porque eu te compreendo sem te compreender. E te leio, ainda que eu perca muito nas traduções. Hoje, após esses anos todos ao seu lado, posso dizer que sou fluente em você. Mas isso não me impede de confundir a cabeça entre os dialetos que você inventa ao longo do dia. Como mulher, menina, mística, mestra, você carrega o "M" de mistério nas veias, como DNA.
O jogo de xadrez invencível, a maior estrategista despida de estratégias de todo o planeta. Porque você não planeja, não antevê, não estabelece. Você se arrisca, salta ao abismo, e descobre no caminho uma forma de sobreviver à queda. A queda que você transforma em voo porque sabe que, mesmo que dê tudo errado, você tem a mim, lá embaixo, para te amparar nos braços. Porque eu, estabanado planejador, na tentativa de antever os seus saltos, me posiciono logo abaixo para te dar segurança.
E percebo que essa nossa matemática funciona, ainda que de uma forma meio louca, até hoje. Sinto isso em cada centímetro e segundo do meu corpo, porque quando eu te beijo é como se eu estivesse conhecendo o seu beijo pela primeira vez. E quando sinto o cheiro da sua pele e a sensação do seu cabelo em meu rosto é como se tudo isso fosse novo. E ainda adoro a sua risada e ainda sinto borboletas na barriga quando vejo que é você no meu celular.
É essa arte que você parece trazer tatuada em sua alma, de ser nova todos os dias para mim. Eu te entendo sem te entender, apanho sem cometer crime algum, te faço rir sem intenção e me pego, assim do nada, como hoje, tentando imaginar como será você daqui a mais cinco anos. E percebo, subitamente, o quão difícil é fazer essa previsão. Porque, honestamente, não sei como você será daqui a cinco horas. E sigo, assim, fiel, como seu mais ávido leitor, aguardando pelas próximas linhas e capítulos que você até me permite protagonizar. Seu mistério está em ser. E o meu mistério é você.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Assinar:
Postagens (Atom)