sábado, 10 de maio de 2008

SOB A SOMBRA DE UM COLOSSO


O filme "Reine sobre mim" está longe, muito longe, de ser um bom filme. Mas algo nele é absolutamente original. Pela primeira vez (segundo me lembre) um filme trata dos videogames como arte, pelo menos como forma de dar vida a um personagem. Nos filmes, geralmente, vemos os personagens capturados por livros, poemas, obras de arte, músicas ou mesmo outros filmes. Neste, o personagem vivido por Adam Sandler é fascinado, justamente, por um jogo: SHADOW OF THE COLOSSUS (PS2), um dos mais originais jogos já criados nos últimos tempos. Nele, vivemos o drama de um jovem guerreiro, de alguma terra mágica. Determinado a salvar a vida de uma moça misteriosa, ele aceita enfrentar uma perigosa - e quase impossível - jornada de exterminar 16 gigantes (colossus) espalhados pelo reino. Sob formas, aparêcias, características e desafios diferentes, os monstros são como prédios a serem escalados, com pontos frágeis que, quando atingidos, os fazem sucumbir ao chão como torres desmoronadas. O jogo é original por que é EXATAMENTE e APENAS isso. Não há inimigos menores ou outra coisa a se fazer que não caçar os gigantes em todos os cantos do reino. Um após um, fazendo-os ruir, para conquistar o direito de trazer de volta a vida uma pessoa que se foi. Um jogo silencioso, mágico, de luzes, sombras e névoa, que nos coloca, sem esforço, dentro de uma atmosfera que temos certeza existir em algum lugar. E que nos obriga ao compadecimento, porque partilhamos daquela solidão vivida pelo jovem guerreiro e seu fiel cavalo Agro, enquanto cavalgam planícies e bosques, em busca do próximo confronto. E sob a sombra de um colosso desvendamos um mundo de escuridão como quem caminha por corredores escuros com a orientação da chama acanhada de uma vela. Força e fragilidade, equilibradas na pele machucada de um herói menino que não desiste nunca. Obrigatório.

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