quarta-feira, 9 de abril de 2008

MUDANÇA E MEDO


Toda a mudança intimida. Fato. Mesmo que ela implique em ganho, melhoria, ela causa medo, apreensão, dúvida, angústia. Por que por mais que sejamos "móveis" a nossa tendência à imobilidade é mais do que natural. É que nos acostumamos com o lugar onde estamos. Por que é do homem criar a raiz, o sistema, a rotina, a tribo. E não como algo cômodo, previsível (isso ninguém gosta), mas por que precisamos da sensação de controle e ordem sobre o caos das nossas vidas. E assim fazemos o malabarismo dos afazeres com a certeza confortável de que o dia de amanhã será uma cópia requentada do dia de hoje, com algumas alterações insignificantes. E assim vamos vivendo, dia após dia, transformando pequenos feitos em conquistas maiores e, com o tempo, descobrimo-nos em constante construção. Olhamos para trás e notamos: "puxa, olha quanto já foi feito". Nunca é fácil enxergar isso no processo. Acredito ser a catarse da conclusão. Mas ninguém nunca nos disse que o trajeto seria fácil. E não é. Por que nele há uma considerável dose de MUDANÇA. Por que para evoluir, crescer, precisamos revolucionar a nós mesmos. E somente mudando é que nos fortalecemos, amadurecemos e assim chegamos a algum lugar. Gosto de pensar nas escadas. A escola, faculdade, trabalho, namoro, noivado, casamento, cidade, país, continente, mesada, salário, nascer, crescer, adolescer, envelhecer, morrer, ser filho, ser pai, mudar de parceiro ou parceira, de apartamento, de trabalho, de carro, mudar, mudar, mudar. É o que mais fazemos. E nunca é algo simples. É um laboratório de sensações, onde apalpamos nossa insegurança, medos infantis, receios e a ingrata vontade de enxergar no escuro. Por que realmente só poderemos saber o que viveremos quando já tivermos vivido. A experiência é um aprendizado do que passou, e uma preparação do que está por vir. Seguir em frente é mudar. E, sim, a mudança também me enche de medo. Mas mudar é preciso.

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