terça-feira, 23 de outubro de 2012
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
PARA VER E OUVIR: PAVAROTTI CANTA "VESTI LA GIUBBA", DE "PAGLIACI" (LEONCAVALLO)
Me acabo de chorar. Sempre.
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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
SILÊNCIO
Silêncio!...
Florbela Espanca
No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...
Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!
Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...
Florbela Espanca
No fadário que é meu, neste penar,
Noite alta, noite escura, noite morta,
Sou o vento que geme e quer entrar,
Sou o vento que vai bater-te à porta...
Vivo longe de ti, mas que me importa?
Se eu já não vivo em mim! Ando a vaguear
Em roda à tua casa, a procurar
Beber-te a voz, apaixonada, absorta!
Estou junto de ti, e não me vês...
Quantas vezes no livro que tu lês
Meu olhar se pousou e se perdeu!
Trago-te como um filho nos meus braços!
E na tua casa... Escuta!... Uns leves passos...
Silêncio, meu Amor!... Abre! Sou eu!...
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
O GATO DO SIMON
Mais uma série de vídeos adoráveis do gatinho improvável (e absolutamente possível) do Simon.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
terça-feira, 16 de outubro de 2012
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
O QUE VOCÊ FARIA?
Em alguns dias, um meteoro colidirá com a Terra, acabando com a vida no planeta. As empresas já não se preocupam mais com metas nem carreiras nem funcionários. Animais são abandonados à sorte, assassinos postam ofertas de trabalho, a polícia não se ocupa mais dos criminosos, os correios deixaram de entregar cartas, os canais de TV não exibem mais sua programação, os aeroportos foram oficialmente fechados e as pessoas erram pelas ruas, em busca de atividades finais.
Sem saber o que fazer, alguns fogem, outros se trancam em casas e abrigos, outros tantos aderem gangues de saqueadores, outros decidem beber, comer e festejar até o fim. Nunca o planeta esteve tão abandonado e sem rumo. Esta é a temática do [lindo e profundamente tocante] "Procura-se um amigo para o fim do mundo" ("Seeking a friend for the end of the world"), dirigido por Lorene Scafaria.
Neste contexto, Dodge (Steve Carell - maravilhoso, como sempre) é um homem infeliz, que acabou de ser abandonado pela esposa e que passa os seus dias meditativo e melancólico, sem saber o que fazer com os seus últimos instantes na terra. Ele conhece Penny (Keira Knightley em seu melhor papel até hoje), uma adorável inglesa, que passou sua vida inteira fazendo as piores escolhas.
Penny e Dodge têm uma última coisa a fazerem juntos, antes do fim do mundo. Redenção
Nasce uma amizade e um pacto entre esses dois sobreviventes. Dodge quer encontrar o amor da sua vida, uma mulher por quem ele foi apaixonado à época da escola. Penny deseja desesperadamente achar alguém que possa levá-la até o outro lado do Atlântico, para que ela possa ver os seus pais pela última vez. Os dois decidem se ajudar e ganham a estrada, formada por surpresas, perigos, encontros insólitos e, inevitavelmente, redenção.
Este é um filme delicado, feminino (não à toa é dirigido por uma mulher), e que utiliza uma poderosa(síssima) metáfora para discutir, afinal, "o que estamos fazendo das nossas vidas?". O que ainda pode ser feito? O que ainda pode ser corrigido, vivido, perdoado, antes do "final".
Dodge e Penny descobrem isso, juntos, e são generosos o suficiente para deixarmos acompanhá-los até o fim. Eis aqui um filme lindo, que não pode ser ignorado. Um filme que fica, que marca, que silencia. Um filme para nos ajudar a buscar "algo", antes que tudo se acabe. Seja um amigo, um amor, uma ideia, um desfecho, um recomeço. Um filme sobre a ideia que nunca é tarde demais para nada, e que está nas nossas mãos a decisão sobre o que é realmente importante em nossas vidas.
O fim do mundo nunca teve tanto sabor de começo.
domingo, 14 de outubro de 2012
DE VOLTA A RACCOON CITY
Digam o que quiserem. Polêmicas, críticas e decepções à parte - para mim - Racoon City nunca foi tão divertida (e intensa). Palmas - de pé - ao "6".
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quinta-feira, 11 de outubro de 2012
terça-feira, 9 de outubro de 2012
SONHO DE VINHO E ÁCIDO
A fotógrafa americana, Alison Scarpulla, possui uma técnica diferente para revelar as suas fotografias. Ela utiliza vinho e ácido, de forma completamente aleatória, e os resultados são mágicos e surpreendentes. Coisa de sonho. E de pesadelo.
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CAPRICHO
Não preciso, naturalmente, já que tenho os 5 livros da "Canção de Gelo e Fogo" lançados até hoje. Mas isso não impede a minha alma nerd de desejar muito essa coleção de luxo da saga de "A Guerra dos Tronos". Em pré-venda na Saraiva.
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domingo, 7 de outubro de 2012
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
MEIO-DIA
Os pés dela tapavam o sol, empoleirados no painel do carro, equilibrados de forma precária, como duas brancas torres majestosas prestes a ruir. Aqueles lindos pés, aqueles pés pequeninos, aqueles pés tão beijáveis, que ela teimava em esconder. "Estes meus pés aduncos", ela dizia, dada sempre a falar bonito. Ele sorria.
"Eu gostaria de ir a um lugar, destes que se vai antes de morrer", ela disse. "Um destes lugares para se riscar de uma lista".
O carro seguia num compasso quase hipnótico. A velocidade estacionada entre 80 e 83 quilômetros por hora. O vento ninando algo antigo nos ouvidos, revirando cabelos, a estrada infinita no horizonte, aquela serpente de concreto sem fim.
A música sendo deliciosamente ignorada, enquanto bocas faziam mímicas incompetentes das letras nos alto-falantes. Pensando em nada, pensando em tudo. Olhos semi-cerrados. Querendo adormecer. Mãos entrelaçadas de forma preguiçosa. Seguindo.
"Vamos brincar que este é o fim do mundo", ela provocava. "Vamos viver este dia como o último".
Sorriam. Linhas douradas do sol desenhavam uma tapeçaria de tons acobreados no horizonte. Árvores espalhadas ao longo da estrada, uma cerca de sonhos. O céu num esplendor azulado, quase lilás, sem nuvens, sem chance de chuva, algo de céu tuareg.
Pensamentos desconexos, reflexões sem fundamento. "O que estamos fazendo das nossas vidas?". Talvez o plano, afinal, fosse não ter plano algum.
Estacionaram o carro num mirante de frente para o mar. Pontiagudo, como a proa de um barco, ansioso em ganhar as águas. Aquela extensão absurda, impensável, de beleza e terror. Aquela água sem fim, revolta, aquele barulho tamborilando no ouvido, aquele som de sal e espuma.
Deram-se as mãos. Olhando juntos, em silêncio, o sol emoldurando aquela imensidão, como um rei coroado. Ao redor deles, absolutamente nada. Apenas o vento, apenas o silêncio. Estava ali uma visão para se ter antes de morrer. Uma visão para um dia de fim de mundo. Como ela havia pedido.
Duas horas e trinta e oito minutos haviam se passado. O mais longo intervalo de trabalho da história.
Sorriram. Olharam-se. Aquelas roupas desfeitas, aqueles sapatos sem par. Um conjunto de pernas, braços, abraços e bocas. E suspiros. E vontade de parar o tempo.
"Eu gostaria de ir a um lugar, destes que se vai antes de morrer", ela disse. "Um destes lugares para se riscar de uma lista".
O carro seguia num compasso quase hipnótico. A velocidade estacionada entre 80 e 83 quilômetros por hora. O vento ninando algo antigo nos ouvidos, revirando cabelos, a estrada infinita no horizonte, aquela serpente de concreto sem fim.
A música sendo deliciosamente ignorada, enquanto bocas faziam mímicas incompetentes das letras nos alto-falantes. Pensando em nada, pensando em tudo. Olhos semi-cerrados. Querendo adormecer. Mãos entrelaçadas de forma preguiçosa. Seguindo.
"Vamos brincar que este é o fim do mundo", ela provocava. "Vamos viver este dia como o último".
Sorriam. Linhas douradas do sol desenhavam uma tapeçaria de tons acobreados no horizonte. Árvores espalhadas ao longo da estrada, uma cerca de sonhos. O céu num esplendor azulado, quase lilás, sem nuvens, sem chance de chuva, algo de céu tuareg.
Pensamentos desconexos, reflexões sem fundamento. "O que estamos fazendo das nossas vidas?". Talvez o plano, afinal, fosse não ter plano algum.
Estacionaram o carro num mirante de frente para o mar. Pontiagudo, como a proa de um barco, ansioso em ganhar as águas. Aquela extensão absurda, impensável, de beleza e terror. Aquela água sem fim, revolta, aquele barulho tamborilando no ouvido, aquele som de sal e espuma.
Deram-se as mãos. Olhando juntos, em silêncio, o sol emoldurando aquela imensidão, como um rei coroado. Ao redor deles, absolutamente nada. Apenas o vento, apenas o silêncio. Estava ali uma visão para se ter antes de morrer. Uma visão para um dia de fim de mundo. Como ela havia pedido.
Duas horas e trinta e oito minutos haviam se passado. O mais longo intervalo de trabalho da história.
Sorriram. Olharam-se. Aquelas roupas desfeitas, aqueles sapatos sem par. Um conjunto de pernas, braços, abraços e bocas. E suspiros. E vontade de parar o tempo.
Mas era hora de voltar.
quarta-feira, 3 de outubro de 2012
terça-feira, 2 de outubro de 2012
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
domingo, 30 de setembro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
"A ESSA HORA DOS MÁGICOS CANSAÇOS"
Se tu viesses ver-me...
Florbela Espanca
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
Florbela Espanca
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...
Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri
E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
PARA VER E OUVIR: ANGUS & JULIA STONE ("WOODEN CHAIR")
Minha nova paixão.
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terça-feira, 25 de setembro de 2012
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
sábado, 22 de setembro de 2012
O REINO EM NÓS
A cada novo filme, uma nova obra-prima. Parece exageiro, mas não é. A cada novo trabalho, Wes Anderson ("Viagem a Darjeeling") dá mais provas de que é um dos mais importantes cineastas da atualidade. Com um estilo próprio, inconfudível, que é perceptível desde o lettering até às cenas ordenadas de forma obsessiva e povoadas por personagens excêntricos e adoráveis, Anderson criou mais um lindo filme, de uma simplicidade absurda e de uma profundidade que chega a doer.
Ainda que a "alma" dos seus filmes esteja ali; a saber, famílias complexas, crianças maduras demais para suas idades, figuras paternas e maternas hesitantes, "Moonrise Kingdom" oferece uma nova paleta de cores ao caleidoscópio de Anderson. Aqui, o tema que pauta a história é a solidão de duas crianças.
"Como uma criança pode sofrer com a solidão, com o 'não-pertencimento'?", poderíamos nos perguntar. Afinal, é uma reflexão tão "adulta", esta que permeia os jogos e a política da maturidade. A verdade é que crianças podem ser seres absurdamente solitários, isolados, diferentes, não-pertencentes, alienígenas, alheios e, portanto, seres que sofrem muito e que desejam fugir acima de qualquer coisa. Para onde? Pouco importa. Fugir.
Num acaso do destino, Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward) se encontram. Uma linda metáfora marca o encontro: uma peça de escola, retratando a arca de Noé, em que pares de animais são reunidos para fugir do dilúvio (como eu disse, eis aqui um filme lindo que dói).
Com pouco mais de 12 anos, os dois vivem uma linda história de amor, romântica, infantil, pautada mais pelo sonho que pela realidade. Sam é órfão, sem amigos e tem nas habilidades como escoteiro o seu trunfo. Suzy é uma menina melancólica, solitária, que não consegue se comunicar com seus pais, que a enxergam como "uma criança problema".
Sam e Suzy, duas almas gêmeas, cunhadas na incompreensão da vida que são obrigados a viver
Vivendo numa pequenina cidade da Nova Inglaterra (EUA), na década de 60, os dois bolam um plano mirabolante. Um plano de fuga. Seriam só eles, somente eles, munidos pelo poder das suas correspondências e pelo desejo de viver uma vida longe das convenções das quais não conseguem fazer parte como "crianças normais", eles que realmente vivem em outro tempo. Um tempo só deles.
E é o que eles fazem. Atravessam a ilha a pé, alimentados por improvisos, literatura, música, devaneios sinceros e beijos inexperientes. Por danças sem pretensão, à beira da praia; sob a música improvisada num rádio de pilha, sem nada e com tudo, os seres mais felizes do planeta. Encontrados, enfim.
Por fim, mais um destes lindos filmes de Wes Anderson. Um de seus filmes "lindos de morrer", em que a beleza e doçura que aquecem o peito durante cada segundo. Um filme que me atravessou por completo e me deixou em estado meditativo.
Esse é meu mais novo melhor filme de todos os tempos. Seu impacto em mim ainda está sob análise. O que sei é que me provocou um redemoinho de memórias, lembranças quase-perdidas, sensações vivas, na pele, como se meus 11 anos tivessem acontecido ontem. Em outras palavras, voltei a ser um "garoto perdido", nas rápidas duas horas de projeção. Sem medo de exagerar, "Moonrise Kingdom" é uma maravilha, algo belo, algo que fica.
Por fim, mais um destes lindos filmes de Wes Anderson. Um de seus filmes "lindos de morrer", em que a beleza e doçura que aquecem o peito durante cada segundo. Um filme que me atravessou por completo e me deixou em estado meditativo.
Esse é meu mais novo melhor filme de todos os tempos. Seu impacto em mim ainda está sob análise. O que sei é que me provocou um redemoinho de memórias, lembranças quase-perdidas, sensações vivas, na pele, como se meus 11 anos tivessem acontecido ontem. Em outras palavras, voltei a ser um "garoto perdido", nas rápidas duas horas de projeção. Sem medo de exagerar, "Moonrise Kingdom" é uma maravilha, algo belo, algo que fica.
Sob a tenda de uma barraquinha amarela, na mais linda enseada do mundo, Sam e Suzy vivem mais que uma aventura inesquecível, mais que um romance de crianças. Eles fundam um reino.
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
PASSAGEIRA
Não é que ele não sentisse saudade dela. Ele sentia. É que ele havia se acostumado com o embaralhamento daquelas peças, daquelas cartas, daquele jogo que por fim ele havia entendido não ter uma solução. Um quebra-cabeças, um coração quebrado. Seguindo em frente.
Mas ela voltava de forma repentina, inesperada. Meio estrela cadente. Como se habitasse seu corpo, vinha em forma de lembrança desconexa, na montaria de um perfume anônimo, um cabelo, um vestido. Uma cena de filme, uma passagem de livro. Ela se manifestava nas entrelinhas, como lhe era contumaz, e então desaparecia feito mágica.
E ele gostava disso. Desta estranha presença. Melhor, desta ausência agridoce, definitiva. Afinal, havia ficado muito claro [ou não havia?] que aquele tempo de inocências havia chegado ao fim. Aquela história narrada às pressas, a quatro mãos, a quatro pés, a duas bocas.
Aquela história de silêncios e segredos, com coisa de sonho, de cheiro, de suor, riso, lágrima, mágoa. Coisa antiga. E com cheiro de tinta fresca. Aquele caleidoscópio de emoções e memórias que se entrelaçavam numa tapeçaria de ideias em que já não era tão claro o que havia sido verdade, o que era invenção, o que só era desejo. O que havia ficado, o que havia se perdido.
Ele gostava de tatear seu corpo em pensamentos que, a cada dia, perdiam o tom. Lembranças cada vez mais desbotadas, perdendo músculo, deixando de revirar borboletas de abdômem. Transformando-se em risos tímidos, destes que se manifestam na janela, provocados por um pôr-do-sol, por chuva, por música suave ao ouvido. As memórias que já não tinham mais tanta força para voltarem a superfície por conta própria.
Aquelas lembranças fracas, submersas, submarinas.
Mas ele ainda sentia o cheiro da sua pele, o gosto do seu corpo, o suor das suas curvas temperando a sua língua. A voz sussurrando bobagens, as promessas que não se cumprem, a coleção de não ditos, não feitos, não vividos.
Em madrugadas mais inspiradas, ele quase sentia o toque gentil das suas mãos em seu rosto, seu cabelo. Um carinho que o fazia despertar e desaparecia na penumbra, apagado sob o véu da realidade. E então apenas o silêncio. E as luzes da cidade salpicadas em janelas insones.
Mas era como se ela estivesse ainda ali e, com algum esforço, podia desenhar aquela silhueta ao seu lado na cama. Tocaria as suas costas nuas, despertaria seu corpo, como no tempo em que tudo parecia durar para sempre.
Talvez fosse tristeza. Talvez fossem os cabelos prateando. O rosto, desenhado por ruas e avenidas ainda não batizadas. Talvez fosse culpa daquele mês febril.
Os dois deram uma volta ao mundo, juntos. Um mundo, uma esquina. Possuíram uma ilha, hoje desabitada, flutuante, à deriva, em algum canto perdido, sem mapa, sem um caminho de volta.
Só sobrou a saudade. Fugaz. Fugidia. Coisa de tempo, de vento. E que passa.
Passageira.
terça-feira, 18 de setembro de 2012
20 ANOS DE TARANTINO
Para os fãs [como eu], chega a notícia deste super estojo de colecionadores celebrando 20 anos de cinema de Quentin Tarantino. O box traz Pulp Fiction, Jackie Brown, Kill Bill I&II, Death Proof e Bastardos Inglórios, bem como edições especiais de Cães de Aluguel e True Romance. Há ainda 5 horas de materiais especiais. Sai em 19 de novembro e já está na minha wish list para o final do ano. Para aguardar por "Django Unchained" em alto estilo.
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sexta-feira, 14 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
terça-feira, 11 de setembro de 2012
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
A BELEZA DAS COISAS
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