segunda-feira, 6 de julho de 2009

DEVANEIO URBANO

Tenho escrito pouco. Digo, inventado, pensado, refletido pouco. Tenho imaginado pouco. Em parte pela falta de tempo (será, mesmo?), em parte por falta de vontade, em parte por falta de pensamentos. Às vezes sinto uma vontade real de "ter pensamentos novos". Eu literalmente penso isso: "quero pensamentos novos". E talvez seja um exercício, mesmo, e não uma combustão espontânea que eu fico aguardando enquanto utilizo a carta manjada do "bloqueio criativo" para justificar o fato de os tais novos pensamentos não estarem chegando. E acabo cansando de esperá-los, de modo que tentarei abraçar mesmo idéias banais como exercício ativo, do que esperar passivamente por pensamentos geniais. Simplesmente não é assim que funciona. Essa indústria de subjetividades não é construída sobre mecanismos óbvios. Acordei hoje, no horário de sempre, e quando já me via automaticamente na jornada matutina - e semi-mecânica - de fazer café, arrumar o apartamento e me preparar para o trabalho, deixe-me envolver por idéias flutuantes. Balões coloridos que me ajudaram a despertar para o dia de hoje. Pensei sobre as escolhas que faço, nem sempre inequívocas; a necessidade de me auto-adular menos (sou muito menos inteligente do que me imagino ser e muito mais interessante do que me permito acreditar); e a importância de não depositar tanta expectativa nos outros. Quanto menos melhor. É tudo meio óbvio, na verdade. E até cliché. Mas quero também os pensamentos óbvios. Hoje, pelo menos.

2 comentários:

Luana Ribeiro disse...

A overdose de informações de nossa sociedade é que nos impõe a necessidade das ideias. Pensar, ser criativo, inteligente, ter uma ideia capaz de parar o caos à nossa volta...
Eu queria simplesmente conseguir não pensar por um instante. Já pensou nisso?

Anônimo disse...

comer miolos frescos...
um sonho de um paciente com author´s block.
Ter ideias novas ter nehuma ideia,
ambas boas ideias...
vc é muito mais interesante do que pensa.