quarta-feira, 19 de novembro de 2008

UM ACONTECIMENTO


Acho que a crítica cinematográfica criou rejeição gratuita ao diretor M. Night Shyamalan. Concordo que "O Sexto Sentido" é um dos seus melhores trabalhos e que, após ele, houve uma sucessão de fracassos, a exemplo de "Corpo fechado", "Sinais", "A vila" e "A dama na água". Mas uma série de erros não deve engessar a nossa percepção e nos impedir de aceitar um sucesso. Isso é resistência infantil. É birra. O último filme de Shyamalan, para mim, é um triunfo, clássico instantâneo. "Fim dos Tempos" (The Happening) é absolutamente aterrorizante e cumpre seu papel de chocar, angustiar e mexer com nossa subjetividade. A trama é original, e como todo filme do gênero um pouco hiperbólica, claro. Mas todos os exageiros (e superficialidades) podem ser perdoados em nome do todo. Acompanhamos um surto de suicídios sem explicação no leste dos Estados Unidos. Pessoas que se atiram dos prédios, enforcam-se, jogam-se sob máquinas. Por alguma razão, todos perderam o senso de auto-preservação. E qual o motivo aparente disso? Uma resposta da natureza. Uma rápida evolução química para revidar contra à devastação do planeta. Existem, naturalmente, lacunas aqui e ali, mas o filme é competente, não faz rodeios, é visionário. A vontade de abraçar alguém, ao final, é praticamente obrigatória; um desejo desesperado de proteção e amparo, de encontrar a certeza de que aquilo ali é apenas ficção. E não é qualquer filme que consegue fazer isso. Para mim, "The Happening" é um acontecimento e o retorno triunfal de um diretor que se cansou de errar.

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