Renee Magritte - "Saudade de casa"
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
sábado, 22 de outubro de 2011
O PLANETA TRISTEZA
"A terra é um planeta maligno", nos diz Justine em determinado momento de "Melancholia", o novo filme de Lars von Trier. "A vida na terra, pelo menos, é". Difícil falar, explicar esse filme. Eu mesmo não sei ao certo o quanto gostei, o quanto odiei. Não é, nem de perto, difícil de engolir como "O Anticristo" mas isso não o impede de ser igualmente confuso e quase inacessível. Há um certo autismo na obra de von Trier e é preciso ter isso em mente antes de embarcar em um filme seu. Na tela, uma trama sem começo nem fim, tampouco muita explicação. Em 2 atos, o filme primeiro nos mostra Justine (interpretada pela sempre magistral Kirsten Dunst), que vai se casar numa linda propriedade no campo. Um casamento de sonhos, com um homem que parece amá-la perdidamente. Mas algo errado com Justine. Há um monstro a devorando por dentro que, pouco a pouco, percebemos se tratar de uma depressão profunda, uma tristeza abissal, uma amargura desesperadora que faz com que, para ela, a felicidade seja algo inatingível. Filha de pais desajustados, ela parece ser uma pessoa montada por cacos, uma sobrevivente. Ao seu lado, Claire (Charlotte Gainsbourg), a irmã mais velha e que percebemos ser seu único ponto de apoio diante do abismo que parece engolí-la vagarosamente.
Mas não há perfeição neste relacionamento, longe disso. Há uma série de sussurros que parecem conversar segredos daquela família e que von Trier não faz questão nenhuma que compreendamos. Justine e Claire são, basicamente, duas sobreviventes. Ao redor desta confusa teia familiar está a notícia de que um planeta chamado Melancholia está em rota de colisão com a terra e não se sabe se ele simplesmente passará por perto ou colidirá em cheio. E, assim, há uma expectativa angustiante, sufocante, em torno da ideia de que todos morrerão catastroficamente a qualquer momento. Uma contagem regressiva que põe tudo em cheque. A vida, subitamente, vai chegar ao fim. E aí lembramos da reflexão de Justine sobre a vida na terra e percebemos que, sem sombra de dúvidas, essa é a menor preocupação de von Trier. Um filme difícil, muito dificil, certamente. Mas que fica na lembrança. Ouvi dizer por aí que "Melancholia" seria a alma gêmea de "Árvore da Vida". Engano absurdo. Os dois filmes são inimigos mortais.
Cheio de simbolismos e mistérios, "Melancholia" tem algo de sonho e algo de pesadelo
Mas não há perfeição neste relacionamento, longe disso. Há uma série de sussurros que parecem conversar segredos daquela família e que von Trier não faz questão nenhuma que compreendamos. Justine e Claire são, basicamente, duas sobreviventes. Ao redor desta confusa teia familiar está a notícia de que um planeta chamado Melancholia está em rota de colisão com a terra e não se sabe se ele simplesmente passará por perto ou colidirá em cheio. E, assim, há uma expectativa angustiante, sufocante, em torno da ideia de que todos morrerão catastroficamente a qualquer momento. Uma contagem regressiva que põe tudo em cheque. A vida, subitamente, vai chegar ao fim. E aí lembramos da reflexão de Justine sobre a vida na terra e percebemos que, sem sombra de dúvidas, essa é a menor preocupação de von Trier. Um filme difícil, muito dificil, certamente. Mas que fica na lembrança. Ouvi dizer por aí que "Melancholia" seria a alma gêmea de "Árvore da Vida". Engano absurdo. Os dois filmes são inimigos mortais.
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
O CONTO DE FADAS DE WOODY ALLEN
"Meia Noite em Paris" (Midnight in Paris) é um lindo, pequenino, conto de fadas de Woody Allen. Uma deliciosa pausa nas suas tradicionais discussões e devaneios neuróticos sobre a existência moderna. Um sopro, um refresco, um bálsamo, um tesouro. Este é um filme mágico e surreal. Literalmente.
Woody Allen flerta com Paris em seu novo filme
O protagonista, Gil (bem interpretado por Owen Wilson), um americano da Califórina, visita Paris com sua noiva, uma típica americana superficial vivida por Rachel Mcadams. O sonho de sua vida era ter vivido na Paris dos anos 20, quando ele poderia ter conhecido tantos artistas incríveis que viviam por lá na época. Sua mulher, porém, não dá a menor bola para esse devaneio e ele se vê debravando sozinho a cidade luz. Eis que, num belo dia (ou melhor, numa bela madrugada), ele se perde em uma de suas andanças. Senta numa escadaria e, quando ouve um relógio bater a meia-noite (como nos contos de fadas) surge um Peugeot antigo, com umas pessoas dentro que o convidam para passear. E ele aceita...
Gil e Adriana dançam e se apaixonam nesta incrível (e impossível) viagem no tempo
De repente, o carro para numa festa que, de fato, está acontecendo nos anos 20 e os anfitriões são Scott e Zelda Fitzgerald. A partir deste momento, acontece uma série de encontros impossíveis com Pablo Picasso, Salvador Dali, Matisse, Ernest Hemingway, Cole Porter e tantos outros. Então ele conhece uma mocinha charmosa, Adriana, que acabou de terminar um romance com Modigliani e os dois se envolvem rapidamente. E qual é o sonho dela? Ter vivido em Paris durante a Belle Époque. E, de repente, os dois se veem nesta época e conhecem os artistas que viviam na cidade, como Toulouse Lautrec.
Salvador Dali (vivido por Adrien Brody) é um dos encontros improváveis de Gil
Basicamente, a discussão do filme é "que antes era melhor", a nossa nostalgia, a inexplicável saudade de um tempo passado, que sequer viviemos, e que sempre é melhor que o nosso presente banal. E um evidente exercício auto-biográfico de Woody Allen que realiza, na tela do seu filme, algo que parece evidentemente um dos seus maiores sonhos. Este é um filme lindo, emocionante e inesquecível.
Um lindo filme, uma linda reflexão sobre a vida. Inesquecível.
sexta-feira, 14 de outubro de 2011
COMO SE MEDE UM ANO?
Rent é um dos mais importantes shows da história da Broadway (estréia em 1996). Obra de Jonathan Larson, conta a história de um grupo de amigos que vivem em New York nos anos 80 e trata dos temas em discussão naquela época, como a recessão, as drogas, a homossexualidade, a liberação sexual e a AIDS. Em 2005, o musical ganhou adaptação para o cinema sob a direção de Chris Columbus. É óbvio que o filme não é, nem de longe, tão bom quanto o musical. Mas vale - como "O Fantasma da Ópera" - para quem quer experimentar a magia e a comoção de uma história sobre uma geração especial e negligenciada como foi a dos anos 80. "525.600 minutos". Como se mede um ano? A resposta não poderia ser mais simples: com amor.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
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