Num dia excepcionalmente quente e seco, eu e meus dois primos decidimos fazer uma aventura. Como um bando de foras-da-lei, amarramos nossas camisetas suadas e encardidas em torno da cabeça (mais como turbantes do que como máscaras de bandidos procurados) e fomos roubar picolés numa banca de jornais que vendia sorvetes perto da nossa quadra. Que sabíamos nós sobre a vida? Tínhamos todos não mais que 12 anos.
Chegando ao nosso destino, descobrimo-nos ambiciosos. De que serviam três sorvetes se podíamos roubar o freezer que ficava acomodado solitariamente ao lado da banca? Um breve parlamento de olhos foi mais do que suficiente. Juntamos nossas forças e arrastamos o pesado eletrodoméstico para o terreno atrás da casa do nosso avô, onde passávamos o verão.
Não havíamos notado, porém, que deixávamos não um simples rastro do crime, mas praticamente uma estrada aberta denunciando o nosso caminho delinquente como uma linha desenhada à mão. Uma trilha perfeita, ligando a banca de jornal à nossa casa. Mas que sabíamos nós? Estávamos cometendo um delito destinado aos destemidos.
Mal havíamos chegado em casa e o dono da banca - que havia nos seguido - já estava parado, como um colosso, observando o nosso crime com olhar inquisidor. Os três, meus primos e eu, viramos rapidamente, os sorvetes coloridos escorrendo pelos nossos dedos machucados pela tarefa de roubar sorvetes.
Uma poça furtacor se formava sob nossos pés, o grande freezer estacionado ao nosso lado, como um transatlântico. Eis que nosso avô surgiu na janela e se inteirou do acontecimento. Era um homem simples, de bom coração e poucas palavras. Naquele dia, ouvimos um sermão que ficaria na história e que até hoje é contado aos nossos filhos.
Diante do irremediável, nosso avô decidiu pagar pelos sorvetes e pelo freezer estragado, dando-nos como punição a obrigação de tomar cada um dos picolés ali contidos.
Chegando ao nosso destino, descobrimo-nos ambiciosos. De que serviam três sorvetes se podíamos roubar o freezer que ficava acomodado solitariamente ao lado da banca? Um breve parlamento de olhos foi mais do que suficiente. Juntamos nossas forças e arrastamos o pesado eletrodoméstico para o terreno atrás da casa do nosso avô, onde passávamos o verão.
Não havíamos notado, porém, que deixávamos não um simples rastro do crime, mas praticamente uma estrada aberta denunciando o nosso caminho delinquente como uma linha desenhada à mão. Uma trilha perfeita, ligando a banca de jornal à nossa casa. Mas que sabíamos nós? Estávamos cometendo um delito destinado aos destemidos.
Mal havíamos chegado em casa e o dono da banca - que havia nos seguido - já estava parado, como um colosso, observando o nosso crime com olhar inquisidor. Os três, meus primos e eu, viramos rapidamente, os sorvetes coloridos escorrendo pelos nossos dedos machucados pela tarefa de roubar sorvetes.
Uma poça furtacor se formava sob nossos pés, o grande freezer estacionado ao nosso lado, como um transatlântico. Eis que nosso avô surgiu na janela e se inteirou do acontecimento. Era um homem simples, de bom coração e poucas palavras. Naquele dia, ouvimos um sermão que ficaria na história e que até hoje é contado aos nossos filhos.
Diante do irremediável, nosso avô decidiu pagar pelos sorvetes e pelo freezer estragado, dando-nos como punição a obrigação de tomar cada um dos picolés ali contidos.
Foi aquele o melhor dia das nossas vidas.
Um comentário:
Esta pequena,saborosa estoria é uma pintura.
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