"Tree of Life" (Árvore da Vida), novo filme de Terrence Malick é, como li numa excelente crítica, uma "experiência religiosa". É impossível descrevê-lo, como cinematografia. Este é um filme para ser sentido. É uma obra de sensações, de memórias, de lembranças e de saudades. Um convite discreto a reflexões tão absurdamente simples que se transformam magicamente em pensamos profundos, caóticos quase desconexos. Este é um filme de rara beleza. Melhor, é o filme mais lindo, mais tocante e mais comovente que vi em toda a minha vida.
A "Árvore da Vida" é uma experiência a ser sentida.
Brad Pitt, no papel de um pai austero nos anos 50 só da (mais) uma prova do seu talento como um dos mais importantes atores do nosso tempo. Ao seu lado, Jessica Chastain, que parece um anjo na tela, como a mãe dos três meninos que testemunhamos a infância. Num contraponto presente/passado, temos ainda Sean Penn, num lindo papel (silenciosíssimo) em que ele se pega relembrando essas doces memórias, a tanto tempo perdidas, de quando ele viveu em companhia de seus pais e irmãos. Cenas costuradas com uma maestria difícil de explicar, cenas que poderiam ser quadros, iluminadas como sonho e marcadas quase todo o tempo por música clássica. E, permeando tudo isso, reflexões sussurradas na tela, como um narrador em prece. Dúvidas, angústias, pensamentos perdidos sobre o amor, a raiva, a perda, a dor, a saudade, a existência de um Deus.
Brad Pitt, em mais uma prova inquestionável de talento que fazem dele um dos maiores atores do nosso tempo.
Não há nada, absolutamente nada como este filme. E talvez nunca haja. Parece pretensioso dizer isso, mas este não é um filme para todos. Longe disso, é um filme para quase ninguém. Um clube fechado, para pessoas que não temem pensar sobre a dor de existir. Um diálogo, logo no começo, nos propõe a pensar que a vida pode ser vivida por duas perspectivas: pela "natureza", que segue seu próprio rumo e desejo e pela "graça". Assim me deixou este tesouro de Terrence Malick: em estado de graça.
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