"Bright Star" (Brilho de uma paixão) é um filme arrebatador e ao mesmo tempo delicado, comovente, poético e que beira o onírico. É um sonho na tela, ou melhor, é uma tela. Um quadro impressionista, sublime, perfeito. Dirigido por Jane Campion ("O Piano"), a história é um relato biográfico baseado no livro "Bright Star: Love Letters & Poems from John Keats to Fanny Brawne", uma compilação de cartas e poemas de amor escritos pelo poeta inglês John Keats e dedicados ao seu grande amor, Fanny. Os dois, portanto, são os protagonistas e interpretados belamente por Abbie Cornish (Fanny) e Ben Whishaw (Keats), que convencem na condução de um amor sofrido, desesperado e sufocado por uma época em que a paixão não era algo bem visto. Os dois não partilham o mesmo mundo - ele é um poeta romântico, ela uma aficcionada por moda - mas iniciam uma amizade que se converte em amor, tendo a poesia como um idioma.
É um filme. Mas poderia ser pendurado na parede.
O filme é marcado por uma produção brilhante. A fotografia e a diração de arte são de tirar o fôlego, onde cada aspecto em cena parece estudado, para compôr uma peça de arte, como se cada cena fosse um quadro a ser emoldurado. É uma direção feminina, delicadíssima e que transpira beleza. É tudo tão belo que muitos podem talvez nem se encantar tanto com a história (que pode parecer morna demais - mas não esqueçamos do contexto). Mas é impossível não ceder ao arrebatamento visual deste filme, que parece pintado, tecido, por mãos habilidosas e apaixonadas. E é impossível - seria um crime - não comentar a vocalização de "Serenade in B-Flat K 361 - Adagio", de Mozart, que abre os créditos iniciais e é de um tom sublime absolutamente inédito.
Esse é um filme para se ver de olhos fechados.
É a melhor, e a talvez a única forma de explicá-lo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário