quinta-feira, 30 de abril de 2009

OS SIKHS

Os homens Sikh são um povo honrado e orgulhoso. Podem ser facilmente identificados pelos turbantes coloridos, perfeitamente enrolados e pelo físico, já que eles são bem maiores do que os indianos comuns. Os Sikhs, pode-se dizer, são uma irmandade, fundada há centenas de anos. Para que pudessem se reconhecer nos tempos de guerras, definiram 5 aspectos que são seguidos com muito cuidado: não cortar o cabelo (enrolado e escondido pelo turbante); o uso de um pente de madeira ou marfim; calças folgadas; um bracelete de metal e uma espada. Eles acreditam em um Deus e não veneram ídolos, apenas seus gurus. Apesar de serem radicais, praticam a tolerância e o amor ao próximo. Diz um famoso provérbio Sikh:

"Que os nossos amigos amem-nos verdadeiramente.
E que os nossos inimigos tenham seus corações amaciados por Deus.
Mas se Deus não conseguir mudar-lhes os corações,
Que torça-lhes os calcanhares,
Para que os reconheçamos pelo andar."

quarta-feira, 29 de abril de 2009

THE ROYAL COURT OF SOUND - PART II

THE DUCHESS AND MISTRESS - Maria Callas
THE BISHOP - Elton John

THE ALCHEMISTS - Pink Floyd
THE WITCH - Amy Winehouse
THE FALLEN PRINCE - Michael Jackson
THE LADY IN WAITING - Sara Bareilles
THE HERALD - Elvis Presley

POR AMOR A UMA JANELA

Quando todas as portas parecem se fechar, onde se pode achar uma janela de esperança?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

PARA VER E OUVIR - SARA BAREILLES ("GRAVITY")


Linda que dói.

EM BUSCA DE NÃO PERDER A 60B

Tenho uma relação de amor com o filme "Elizabethtown". É isso. Sou apaixonado, perdidamente apaixonado por esse filme. Não apenas por ser um dos filmes mais importantes da minha vida, por razões biográficas; ou pela trilha e direção inspirada de Cameron Crowe; tampouco pelas ótimas atuações de Orlando Bloom, Kirsten Dunst e Susan Sarandon ou pelos personagens inesquecíveis e situações deliciosas... O que dizer de "Elizabethtown"? Acho, em verdade, que me faltam as palavras; pelo menos as melhores, as mais inspiradas. Mas isso é culpa minha, apenas minha, que ando patologicamente pouco eloquente. Posso dizer sem medo que esse é um filme importante para mim, simples assim. Inesquecível, que me comove e me toca, profundamente, do primeiro ao último minuto. "Elizabethtown" é um filme sobre caminhos e a possibilidade de perdê-los ou de segui-los. Ficar parado, diante da encruzilhada, jamais é opção. É um convite à vida e a não temer o desconhecido, porque "aqueles que arriscam triunfam". É uma história linda, mágica, que reforça a minha crença na luta contra "eles" e me ajuda a sonhar com a felicidade possível, realmente ao alcance dos dedos, que independe de dinheiro ou de qualquer forma de "realização". E que, apesar de muitas vezes sermos "pessoas substitutas", às vezes tudo o que precisamos é de "um encontro no meio do caminho" para ver o sol nascer. Há ali, nas imperceptíveis duas horas de filme, reflexões sobre a morte, a saudade, o sucesso, o fracasso, as escolhas, o amor, o destino, a família, as decepções, o amadurecimento. São tantas coisas especiais em tão pouco tempo. E nada é negligenciado ou tratado de forma superficial. O que eu sei é que posso ver este filme mil vezes e mil vezes vou chorar com Drew, quando ele se dá conta - tardiamente - da morte do seu pai; mil vezes vou querer abraçar Susan Sarandon após o sapateado e mil vezes vou me apaixonar por Claire. "Elizabethtown" é meu farol pessoal, guardado dentro de uma caixa de vidro, pronta para ser arrebentada em caso de emergência. Para eu não perder, por mais fácil que seja, a 60B.

"EU TE AMO, CARA"

Não há neste mundo vínculo mais poderoso e verdadeiro do que o laço de amizade entre os homens. É algo de camaradagem, de irmandade. Algo cunhado nos anos, nas guerras, na necessidade de encontrar um elo de força para enfrentar as dificuldades. É uma aliança gratuita, sem interesses, despida de qualquer hipocrisia. É a união dos semelhantes, de duplas, de grupos ou de bandos que escolhem ficar juntos por partilharem gostos, idéias, sonhos, visões de mundo. Eis o poder da amizade entre os homens. O filme "Eu te amo, cara" (I love you, man) é um exemplo perfeito disso. Sem muitos rodeios, é um filme absolutamente fenomenal. Para mim, clássico instantâneo e inesquecível. E não apenas pelo roteiro inteligente e por uma das melhores e mais honestas atuações de Paul Rudd em anos. O filme é fiel à idéia de como são importantes (e necessários) os laços afetivos entre dois amigos. A história é muito simples: um corretor de imóveis em ascensão (Rudd) pede sua namorada em casamento. Por ter sido sempre um daqueles caras que se dedicam demais aos relacionamentos e abandonam os amigos, descobre subitamente que não tem ninguém para convidar para ser seu padrinho. Para contornar essa crise, todos arrumam "man-dates" para que ele conheça um amigo - o que rende situações hilárias. Por fim, como destino, eis que ele acha um amigo ao acaso e descobre o parceiro que deveria ter cultivado anos antes. Esse é um daqueles filmes simples sem nenhuma pretensão, feito com o único propósito de entreter, divertir. Mas, para quem estiver interessado, basta cavar um pouco para - sem esforço algum - encontrar uma série de reflexões importantes. Filosofia urbana. "Eu te amo, cara" me rendeu ótimas risadas. E pensamentos valiosos, só meus, intimamente meus, que guardei carinhosamente.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

MILAGRE DA VIDA REAL


A comovente apresentação de Susan Boyle, no "Britain´s got talent", é uma vitória para todas as pessoas cansadas das veladas ditaduras da perfeição. É a representação dos anseios de 99% da população mundial, que estranhamente se julga minoria. É a superação do preconceito. É algo de filme, fantasiado de milagre, na crua vida real.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

PARA VER E OUVIR: ELLA FITZGERALD CANTA "SUMMERTIME"


Ella Fitzgerald canta "Summertime" (Gershwin) em Berlim. Lindo demais.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

SOBRE SILÊNCIOS ELOQUENTES

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA (Le Scaphandre et le Papillon), de Julian Schnabel, é um poema, uma obra de arte, de delicadeza, simplicidade e humanidade. Silencioso e sonoro, tocante, do primeiro ao último minuto. Comovente, forte, instigante, real. O filme narra a história verídica de Jean-Dominique Bauby, ex-editor da Elle francesa: um homem bonito, europeu, bon vivant, charmoso, cercado pelo glamour. Em 1995, Bauby sofre um AVC fulminante, que o deixa inteiramente paralizado e acometido de uma rara síndrome chamada "Locked in". Seus pensamentos estão perfeitos, mas não consegue mover um músculo, nem falar, nem mexer a cabeça, de modo que ele tem a impressão de estar aprisionado dentro do corpo. E o filme comunica essa angustiosa sensação de prisão muito bem, com enquadramentos e focos ora destorcidos, deslocados, como se estivéssemos de fato vendo o mundo pelo olho de Bauby. Eis a metáfora com o escafandro. Ao mesmo tempo, a mente imaginativa e os pensamentos o permitem devanear sobre a vida e voar longe, como uma borboleta. E assim o filme segue, narrando a difícil vida em tratamento, num hospital costeiro em Calais. Bauby conhece pessoas generosas, humanas, que se esforçam em desenvolver um sistema para que ele se comunique com o olho esquerdo. E com essa comunicação tão difícil ele escreve o livro "O escafandro e a borboleta", que narra essa etapa da sua vida. É um drama, claro, mas em nenhum momento exagerado, piegas nem propenso à rasgação deslavada da tragédia. É muito mais um filme belo, verdadeiro, honesto, sobre como ainda pode existir bondade e humanidade, num tempo que começamos a suspeitar que essas coisas não existem mais. Como definem muitas críticas especializadas, "obrigatório".

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O CASAMENTO DE RACHEL

Tenho aguardado a estréia do filme "O Casamento de Rachel" (Rachel getting married) que, por alguma razão que desconheço a respeito da ilógica logística da distribuição de filmes no Brasil, ainda não estreou onde moro. Trailers, críticas e depoimentos variados, porém, me convenceram de que este é um filme que merece ser visto. Supostamente, a melhor atuação da estrela ascendente Anne Hathaway. Até onde sei, o filme retrata o casamento de Rachel, irmã de Kim (Anne Hathaway). Família, amigos, todos reunidos em Connecticut, para um evento de amor, celebração e festividade. Mas eis que chega Kim, após um longo período de reabilitação. Todos ficam apreensivos, porque ela costuma ser um acidente de trem ambulante, famosa por provocar grandes crises na família. E ela aparece, com humor ácido e pouca vontade de fazer a média, cutucando feridas antigas e transformando o casamento de sua irmã num palco de tensões à flor da pele...

terça-feira, 7 de abril de 2009

EROS E PSIQUE

Eros e Psique
Fernando Pessoa
*
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
*

"...E assim vedes, meu irmão, que as verdades que vos foram dadas no Grau de Neófito, e aquelas que vos foram dadas no Grau de Adepto Menor, são, ainda que opostas, a mesma verdade."

quinta-feira, 2 de abril de 2009

AINDA EM LEMBRANÇA DOS "SE"s

Uma pessoa "lacônica" é aquela de poucas palavras. A expressão tem origem na Grécia Antiga, onde a região da Lacônia era habitada por destemidos guerreiros espartanos (ou "lacões"). Eles eram homens simples, de modos simples, orientados à guerra e não à retórica ou à filosofia. Conta-se que, certa vez, Felipe II, da Macedônia, - por acaso pai de Alexandre, o Grande - enfrentou os lacões, durante sua guerra para unir os povos helênicos. Enquanto cercava a Lacônia, Felipe enviou ao espartanos uma mensagem de intimidação:
*
“Se não se renderem imediatamente, invadirei suas terras. Se meus exércitos as invadirem, pilharão e queimarão tudo o que vocês mais prezam. Se eu marchar sobre a Lacônia, arrasarei suas cidades.”
*
Alguns dias depois Filipe recebe uma resposta. Ao ler a carta, percebe apenas uma palavra: “Se”.

IF, DE RUDYARD KIPLING

IF
Rudyard Kipling



If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you,
If you can trust yourself when all men doubt you
But make allowance for their doubting too,
If you can wait and not be tired by waiting,
Or being lied about, don't deal in lies,
Or being hated, don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise:
If you can dream--and not make dreams your master,
If you can think--and not make thoughts your aim;
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same;
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build 'em up with worn-out tools:
If you can make one heap of all your winnings
And risk it all on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings
And never breath a word about your loss;
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"
If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with kings--nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you;
If all men count with you, but none too much,
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And--which is more--you'll be a Man, my son!

PALAVRAS DE CORAGEM DIANTE DO IMPOSSÍVEL

Durante a "Guerra dos Cem Anos", um embate entre tantos marca definitivamente a história da Inglaterra: a batalha de Agincourt, travada em 25 de outubro de 1415, no dia de São Crispim. Os ingleses, liderados pelo jovem rei Henrique V e absolutamente em desvantagem, contavam com 15 mil soldados famintos e doentes contra 50 mil homens franceses, em casa e completamente descansados. A França dava como certa uma carnificina, com "estradas calçadas com rostos ingleses". Mas o impossível aconteceu. Os arqueiros ingleses arrasaram os franceses de forma assombrosa. Shakespeare eternizou esse momento em sua celebrada peça "Henrique V", com um discurso de beleza incomparável, capaz de fazer até mesmo um pacifista se lançar às armas. Um discurso para fazer nascer energia e coragem, onde já não se julgava possível existir:

"Se estamos destinados a morrer, nosso país não tem necessidade de perder mais homens do que nós temos aqui. E se devemos viver, quanto menor é o nosso número, maior será para cada um de nós a parte da honra. Pela vontade de Deus! Não desejes nenhum um homem a mais, te rogo! (...) se ambicionar a honra é pecado, sou a alma mais pecadora que existe. Não, por fé, não desejeis nenhum homem mais da Inglaterra (...) Oh! Não ansieis por nenhum homem a mais! Proclama antes, através do meu exército, Westmoreland, que aquele que não for com coração à luta poderá se retirar: lhe daremos um passaporte e poremos na sua mochila uns escudos para a viagem. Não queremos morrer na companhia de um homem que teme morrer como companheiro nosso (...) Este dia é o da festa de São Crispim. Aquele que sobreviver esse dia voltará são e salvo ao seu lar e se colocará na ponta dos pés quando se mencionar esta data (...) Aquele que sobrevier esse dia e chegar a velhice, a cada ano, na véspera desta festa, convidará os amigos e lhes dirá: "Amanhã é São Crispim". E então, arregaçando as mangas, ao mostrar-lhes as cicatrizes, dirá: "Recebi estas feridas no dia de São Crispim." Os velhos esquecem, mas aqueles que não esquecem de tudo se lembrarão todavia com satisfação das proezas que levaram a cabo naquele dia. E então nossos nomes serão tão familiares nas suas bocas com os nomes dos seus parentes (...) O bom homem ensinará esta história ao seu filho e desde este dia até o fim do mundo a festa de São Crispim nunca chegará sem que venha associada a nossa recordação, à lembrança do nosso pequeno exército, do nosso bando de irmãos, porque aquele que verter hoje seu sangue comigo, por muito vil que seja, será meu irmão, esta jornada enobrecerá sua condição e os cavaleiros que permanecem agora no leito da Inglaterra irão se considerar como malditos por não estarem aqui, e sentirão sua nobreza diminuída quando escutarem falar daqueles que combateram conosco no dia de São Crispim".

"TAKING LEAVE OF A FRIEND"


Taking Leave of a Friend
Ezra Pound

Blue mountains to the north of the walls,
White river winding about them;
Here we must make separation
And go out through a thousand miles of dead grass.
Mind like a floating wide cloud,
Sunset like the parting of old acquaintances
Who bow over their clasped hands at a distance.
Our horses neigh to each other
as we are departing.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

WHERE THE WILD THINGS ARE

Suspeito que Spike Jonze será responsável pelo "História sem fim" desses novos tempos.

PARA VER E OUVIR: PLAYING FOR CHANGE ("STAND BY ME")

Encontrando a mudança pela música.

MISPRINTEDTYPE4

Sem a menor dúvida, vale uma visita ao site MISPRINTEDTYPE4, do talentoso designer Eduardo Recife. Combinando o velho e o novo num círculo harmônico (e poético) de passado e futuro, o blog é um pedaço de arte viva no oceano de coisas óbvias e previsíveis que tem se tornado a internet.