Converso comigo todos os dias sobre isso. Acho que ando sentindo falta de novos pensamentos. O cansaço do dia, o trabalho que consome, a rotina tão cheia de rituais automáticos; um conjunto de coisas que vão sufocando a criatividade e pouco a pouco tirando aquela poeira misteriosa que nos ajuda formular pensamentos novos. Não sei. Talvez seja um mês mais cansativo, também, acontece. Dias melhores virão, não é? Os pensamentos não são uma indústria, procuro me consolar; não dá para fabricar, plantar para colher. É uma combustão espontânea. Um balão que estoura, a lâmpada que acende, como nos desenhos animados. Mas acredito que eles às vezes ficam mais arredios, mais distantes; meio magoados, sem querer mostrar a cara; e se escondem, em cantinhos mal iluminados da nossa cabeça, como se não existissem. Ou talvez fiquem doentes, de cama, como nós, e decidam não vir trabalhar. Ou também fiquem eles sem inspiração. De repente os pensamentos têm vida própria, são de lua, agem conforme o tempo e a maré. E é preciso respeitá-los. Mas é que sinto falta deles, quando os percebo longe. E fico a procura, à espera que cheguem, ansiosamente. E corro os campos abertos do meu imaginário, como se gritando ao meu cérebro, por entre os vales e colinas, que vão surgindo sob os meus pés: "dá-me pensamentos novos".
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
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