"O que você vê em mim?", você me perguntou numa manhã qualquer, destas em que a gente fica na cama, inventando motivo para não levantar; a cortina dançando preguiçosa na janela, poucos barulhos, um carro passando longe, algum vizinho conversando ao telefone. Aquele vento inesperado que causa arrepio.
E nós dois, ali, entrelaçados no meio dos lençóis, abraçados como se tivéssemos mais de um par de braços e pernas, cada um. Aquele nosso jeito, agarrados, pensando bobagem, jogando conversa fora.
O que eu vejo em você, o que vi em você... a pergunta me causa um sorriso; de desejo e nostalgia.
Eu te conheci como quem conhece alguém num filme. Numa festa de cobertura, destas em que a gente foge do som para conversar, palavras e flertes com cheiro de álcool, toques tímidos, a gente se beijando tendo as luzes da cidade insone como moldura.
Uma coisa meio etérea, uma cena que parecia irreal. O seu cabelo negro, comprido, ondulado no vento como tentáculos, asas, medusa. O perfume na roupa florida, o cheiro da pele de uma completa estranha; eu, que não conseguia parar de te olhar. Voltando a ser adolescente. Mãos na sua cintura, frio na barriga. É assim que você me deixa, ainda hoje; desarmado, amando.
Eu te conheci como quem conhece alguém num filme. Numa festa de cobertura, destas em que a gente foge do som para conversar, palavras e flertes com cheiro de álcool, toques tímidos, a gente se beijando tendo as luzes da cidade insone como moldura.
Uma coisa meio etérea, uma cena que parecia irreal. O seu cabelo negro, comprido, ondulado no vento como tentáculos, asas, medusa. O perfume na roupa florida, o cheiro da pele de uma completa estranha; eu, que não conseguia parar de te olhar. Voltando a ser adolescente. Mãos na sua cintura, frio na barriga. É assim que você me deixa, ainda hoje; desarmado, amando.
Eu vejo a mulher mais linda do mundo em você, amada; pura e simplesmente. O seu caminhar de gato, quando sobe na cama. O seu jeito de falar com os olhos, suas manias de criança, a forma feminina como você amarra o seu cabelo, o toque delicado, o humor perigosamente ácido.
Você me explicando o porquê de brigadeiro não engordar...
Você dizendo que seu nome era "Candy", quando a mulher nos interrompeu para fazer uma pesquisa.
O jeito que você olha o céu, da janela, sem me deixar entrar no mundo privado que você constrói.
A forma como você conversa com pessoas idosas.
Quando você canta para mim. Ou quando te vejo cantar sem você saber.
O seu olhar.
Você me explicando o porquê de brigadeiro não engordar...
Você dizendo que seu nome era "Candy", quando a mulher nos interrompeu para fazer uma pesquisa.
O jeito que você olha o céu, da janela, sem me deixar entrar no mundo privado que você constrói.
A forma como você conversa com pessoas idosas.
Quando você canta para mim. Ou quando te vejo cantar sem você saber.
O seu olhar.
Você me puxando feito doida, pela 7a avenida, para irmos comer um sanduíche de rosbife no Roy Rogers. "Breakfast burrito", você sussurrou com a boca cheia, na manhã seguinte, naquele motel de beira de estrada; uma de tantas aventuras que você me proporcionou desde que invadiu a minha vida pacata, feito furacão.
"Hoje nós vivemos um dia a menos", você gosta de falar esse tipo de coisa, "por mais incrível que tenha sido". E eu te olho, sem nunca saber se você está brincando, falando sério, ou um meio de caminho que me deixa sempre sem resposta.
A mesa de vidro que se quebrou em mil pedaços sob seu corpo pequenino. O sangue, as cicatrizes, eu sei, eu sei...
A sua fragilidade devastadora, revelada pelo porre homérico de Hennessy que nós tomamos no dia em que o seu pai morreu. Você ali, se desfazendo nos meus braços e eu sem saber como te colar de volta, como te refazer. Chorando com você, vendo o dia amarelar diante dos nossos olhos vermelhos.
Eu vejo em você um enigma que me delicia decifrar; uma pergunta com resposta evidente (e uma escondida, a certa). As surpresas que você me proporciona; o fato de você me fazer ser um homem melhor. Não só isso, você não fazer muito caso dos meus erros e defeitos catastróficos.
"O que VOCÊ vê em mim?", dá vontade de te perguntar.
É tanta coisa que eu vejo em você...
Sua tentativa (frustrada) de fazer granola em casa, ou seus consertos domésticos. Suas alergias esquisitas e os beijos roubados. A maneira como você fica envergonhada, de forma inesperada e repentina.
As camisas esquisitas que você me compra e eu me obrigo a usar. A maneira como você me abraça todas as vezes em que andamos de mãos dadas. O seu medo, desesperado, diante da vida que começava a crescer dentro de você. Quando você chora com filme. A forma como você apoia a sua cabeça no meu ombro ou como você coça os olhos.
O que eu sinto, quando meu corpo está ligado ao seu, misturado ao seu, dentro do seu. Seu toque, as unhas que machucam, a boca que morde e fala bobagem. Seu suor, respiração, a visão do seu quadril encaixado ao meu, recheado de sinais, de segredos. A pele branca, os seios pequenos, sua voz.
Eu vejo em você uma criatura estranha, adorável, apaixonante. Uma mulher incrível, que eu nunca nem sonhava conhecer. A minha metade imperfeita. Minha companheira de viagens, reais e imaginárias; ébrias e sóbrias. Minha amiga, minha amante. O pedaço que me faltava.
"Hoje nós vivemos um dia a menos", você gosta de falar esse tipo de coisa, "por mais incrível que tenha sido". E eu te olho, sem nunca saber se você está brincando, falando sério, ou um meio de caminho que me deixa sempre sem resposta.
A mesa de vidro que se quebrou em mil pedaços sob seu corpo pequenino. O sangue, as cicatrizes, eu sei, eu sei...
A sua fragilidade devastadora, revelada pelo porre homérico de Hennessy que nós tomamos no dia em que o seu pai morreu. Você ali, se desfazendo nos meus braços e eu sem saber como te colar de volta, como te refazer. Chorando com você, vendo o dia amarelar diante dos nossos olhos vermelhos.
Eu vejo em você um enigma que me delicia decifrar; uma pergunta com resposta evidente (e uma escondida, a certa). As surpresas que você me proporciona; o fato de você me fazer ser um homem melhor. Não só isso, você não fazer muito caso dos meus erros e defeitos catastróficos.
"O que VOCÊ vê em mim?", dá vontade de te perguntar.
É tanta coisa que eu vejo em você...
Sua tentativa (frustrada) de fazer granola em casa, ou seus consertos domésticos. Suas alergias esquisitas e os beijos roubados. A maneira como você fica envergonhada, de forma inesperada e repentina.
As camisas esquisitas que você me compra e eu me obrigo a usar. A maneira como você me abraça todas as vezes em que andamos de mãos dadas. O seu medo, desesperado, diante da vida que começava a crescer dentro de você. Quando você chora com filme. A forma como você apoia a sua cabeça no meu ombro ou como você coça os olhos.
O que eu sinto, quando meu corpo está ligado ao seu, misturado ao seu, dentro do seu. Seu toque, as unhas que machucam, a boca que morde e fala bobagem. Seu suor, respiração, a visão do seu quadril encaixado ao meu, recheado de sinais, de segredos. A pele branca, os seios pequenos, sua voz.
Eu vejo em você uma criatura estranha, adorável, apaixonante. Uma mulher incrível, que eu nunca nem sonhava conhecer. A minha metade imperfeita. Minha companheira de viagens, reais e imaginárias; ébrias e sóbrias. Minha amiga, minha amante. O pedaço que me faltava.
São coisas assim.
Meu futuro.
É o que eu vejo em você.
É o que eu vejo em você.
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